Capítulo II - O escritório

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Patrick entrou no escritório. Parecia que um furacão havia passado ali. Tudo estava jogado ou quebrado. É como se a dona do escritório tivesse tido uma briga com alguém.

Patrick respirou fundo. Fez uma nota mental: nunca irritar Isabelle. Tipo NUNCA.

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1 hora antes...

Patrick estava ferrado. Do que ele sentiria menos falta: rim ou olhos? Qual será que valia mais no mercado negro? Ele estava ferrado.

O rapaz de 25 anos havia chegado ao prédio oficial da marca da Isabelle, Maré Vermelha. (Sério?! Qual o problema daquela mulher com vermelho?!) Contudo, no instante em que saiu do seu carro fiat popular e usado, ele pisou em uma poça de lama, encharcando até o último centímetro de sua meia social vermelha. (Qual o problema daquela mulher com vermelho?!)

Bem, Patrick estava ferrado. Isabelle havia sido clara: ele teria que pagar pelo calçado, nem que vendesse um rim ou dois olhos. Patrick suspirou fundo. Estava com sérios problemas.

Um dos assistentes de Isabelle se aproximou dele. Era um rapaz dois centímetros mais baixo que Patrick, tinha cabelos loiros, era absurdamente esquelético e usava óculos azuis claros.

- Meu nome é Colin - ele se apresentou - serei responsável por você daqui para frente. Sua entrada será uma das primerias, mas você apenas pode ir embora depois do desfile final, com todos os modelos. Ah! E você pode ir na festa do desfile, depois do evento especial, se quiser - explicou o rapaz.

Patrick assentiu. Colin começou a andar, e Patrick o seguiu, mas os seus sapatos vermelhos borgonha começaram a fazer um barulho estranho. Colin o encarou confuso. Patrick olhou para os sapatos, e Colin fez o mesmo. Uma lâmpada se acendou sobre a cabeça do rapaz mais baixo. Ele havia compreendido o que acontecera. Então, um rastro de pavor passou pelos seus olhos. Ele havia entendido quais seriam as consequências.

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50 minutos depois...

Colin havia feito o possível e o impossível para não precisar chamar Isabelle: lavou os sapatos no banheiro, os secou com secador, procurou pares extras, pintou sapatos do mesmo modelo, mas de cores diferentes, entre outras manobras mal-sucedidas. Não importava o que fizesse, nada dava certo, e a última coisa que queria era enfrentar a fera.

Por fim, decidiu pela sua última opção: deixaria com que Patrick enfrentasse a consequência de seu descuido sozinho. O levou até a porta de um escritório, bateu na madeira e saiu.

Patrick, confuso, permaneceu onde Colin havia orientado. Porém, ninguém havia respondido à batida na porta. Ele esperou. Esperou. Esperou. Cansou de esperar. Esperou. Desistiu de esperar e entrou na sala.

O que viu foi a destruição total do que parecia ter sido em outra vida um escritório muito bem mobiliado. As almofadas coloridas, que teoricamente deveriam estar em cima do sofá branco e das poltronas de mesma tonalidade, estavam espalhadas pelo chão. Haviam cacos de vidro, cuja origem parecia vir de um vaso de orquídeas. As coisas que deveriam estar em cima da mesa estavam jogadas no chão. A cadeira de escritório estava deitada no chão. Livros, que normalmente estariam na estante, estavam amassados sobre o sofá e o chão.

Ele procurou por algum corpo no meio daquela bagunça e, inicialmente não achou. Porém, quando estava saindo do escritório, viu um corpo coberto por fios amarelos. Estava encolhido como uma pedra do jogo jockey po. Parecia não estar respirando, mas ele logo percebeu que, na verdade, Isabelle estava segurando a respiração para não fazer barulhos. Ela queria que ele fosse embora sem vê-la ou, pelo menos, fingir que não a havia visto.

True loveWhere stories live. Discover now