— Hey até mais te vejo amanhã — ela sorriu.

— Will obrigado pela carona — Falou e me deu um selinho. Observei ela indo para a porta da casa, e logo segui meu caminho. Começou chover, a chuva estava bem forte, e todo momento o céu ficava claro devido os raios.

Deixei o carro na garagem e subi as escadas indo para meu quarto, abri e vi Louis com os fones de ouvido, com o coberto ao redor do corpo, ele tava sentado, parecia estava tenso. Como eu previa ele estava com medo, fico pensando que tipo de vida ele levava para ter medo de chuva, fiquei pensando em ir acalmar ele, e acho que é o melhor.

Entrei e deixei o casaco na poltrona, sentei na minha cama e tirei os tênis, sentei na cama dele e puxei ele pra perto de mim.

— Obrigado — Disse sussurrando.

— De boa, mas vem cá, você não é grandinho demais para ter medo de chuva? Realmente ter medo de chuva, era meio tosco.

— Não sei, no dia que eles morreram eu estava dormindo e acabei acordando com barulho de trovões, Sebastian me deu a notícia e a acabei associando aquilo com chuvas fortes, antes de vocês irem a Dublin choveu e eu tive o mesmo problema que estou tendo agora— Rolei os olhos e abracei ele quando outro trovão iluminou as cortinas da janela.

Acabou dando um relâmpago e ele se assustou de novo, dei uma risada e puxei ele e abracei, botei os braços ao redor dele e apertei ele contra mim.

— Tem que parar com esse medo sabia? Você é grande já, sei que sua perda foi dolorosa e que esse pânico se instaurou em você, nem sempre vai ter alguém para te acalmar da tempestade. — Por mais que ele não quisesse aceitar, essa era a verdade. Existem coisas na vida mais assustadoras que a chuva.

— Desculpa se eu ajo desse jeito, mas existem coisas que vão além do que a gente compreende, gostaria de ser mais forte em certas situações, mas acho que essa é a única forma que consigo lidar com tudo — Disse com a voz triste, e quase me dei um tiro.

— Relaxa, você só precisa superar isso, o tempo cura tudo. Enquanto isso eu ainda tô por aqui para te acalmar — Ele riu e era o que eu queria, situações de medo por mais tosco que seja, não é legal brincar.

— Will, sabe quando eu era menor você gostava de mim? — Me surpreendi com a pergunta dele, e lembrei das vezes que nós íamos brincar e eu acabava tratando ele mal.

— Gostava sim — Na verdade eu detestava e ainda sentia um pouco disso, mas não ia falar isso.

— Mas as vezes você me machucava. — Era verdade, mas eu não fazia por mal, mamãe me obrigava a brincar com ele, e eu odiava isso, sempre odiei fazer as coisas de forma forçada, ainda mais ter que aturar as brincadeiras do Louis que eram extremamente chatas.

— É, mas é coisa de criança acaba acontecendo. — Então o silêncio se instaurou.

Ficamos calados e a chuva continuava, imagino que minha mãe vá buscar as meninas, ou já tenha pego. É engraçado isso, porque a maioria das vezes minhas irmãs ficam no hospital na ala das crianças com câncer, elas gostam de estar lá de brincar com aquelas crianças que lutam pela vida a cada minuto, eu acho isso lindo da parte delas, e chego a pensar que eu tenho que melhorar bastante pra ser uma pessoa a esse nível.

Senti os braços de Louis apertando um pouco mais minha cintura e logo percebi que ele havia dormido, fiquei observando o rosto dele, a forma lenta que ele respirava, as bochechas vermelhinhas como se ele estivesse envergonhado com algo, até o cabelo dele que estava bagunçado. Eu não sei porque tô tendo esses pensamentos, isso tudo está me deixando confuso, é estranho demais, talvez eu pudesse falar com o Caio sobre isso, não sei se ele me ajudaria, mas droga, deixa pra lá.

Resolvi deixar ele na cama e fui preparar algo para comermos, resolvi fazer apenas uma lasanha de micro-ondas já que a preguiça de fazer outra coisa foi maior. Lembrei que minha mãe chegaria com as meninas e resolvi fazer mais.

Após terminar fui no quarto e acordei ele para comer, nos sentamos a mesa e começamos, ele estava todo sonolento e era engraçado, após ele comer abaixou a cabeça na mesa e acabou dormindo ali mesmo, dorme pra porra esse menino.

Minha mãe trouxe as meninas e chegaram fazendo barulho, pedi pra fazerem silêncio e elas entenderam, minha mãe veio até mim e me abraçou, dizendo que teria de ficar de plantão e que era pra mim pôr as meninas para dormir e levar elas na escola, apenas concordei.

— Eu vou só comer algo, porque você não chama o Louis para ir pra cama? — Ela sugeriu enquanto arrumava o cabelo no espelho.

— Eu carrego ele — Disse e me aproximei de um Louis totalmente apagado de sono, queria saber de onde ele tira tanto sono.

— Sério?? — Falou um pouco surpresa.

— Sim mãe, antes de ir da logo o jantar das meninas tá? — Ela assentiu.

Fui na direção do Louis e carreguei ele no meu colo, e levei ele para o quarto, deixei ele na cama, e voltei para cozinha onde minhas irmãs já estavam comendo. Esperei elas comerem e fui para o quarto delas para por elas para dormir.

— Will conta uma historinha maninho? — Jade pediu, não era bom com história, mas tentaria.

— Conta Will aquela dos unicórnios — Assenti mesmo não fazendo ideia de que história Sofia falava.

— Aí meninas eu tô cansado pode ficar pra outra hora? — tentei fugir já saindo do quarto.

— Por favor maninho — Não resisti a carinha de gato pidão.

— Tudo bem eu conto. — Me rendi e logo voltei, fui até a banca de livros delas e peguei um com uns cavalos rosas na frente.

— Era uma vez, um unicórnio azul, ele estava andando pela floresta doce quando caiu em um buraco fundo demais, ele chorou e ficou lá, mas ao amanhecer um Pégaso preto passou sobrevoando o local e o ajudou sair de lá, levou ele pra casa, cuidou dos ferimentos, deu torta de maçã e ele aos poucos foi se sustentando, após alguns dias ele já estava melhor, e ele é o Pégaso foram amigos para sempre, o unicórnio azul ganhou asas da princesa safira, suas asas eram como galáxias, e assim ele pode voar com seu amigo para o infinito. — Que livro estranho.

Fechei o livro e percebi que ambas dormiam, me dirigi para meu quarto, tirei minha blusa e me deitei, fiquei vários minutos olhando para o teto, virei para o lado e vi o Louis dormindo. Lembrei da Yasmin e pensei que não seria certo transar com ela e depois lhe dispensar como se ela não valesse nada. Decidi que não iria fazer isso. Fiquei focado no teto, com a cabeça vazia apenas observando tudo, quando uma voz rouca de sono corta o silêncio do quarto.

— Will? — Louis me chama com os olhos quase fechados.

— Oi?

— Dorme comigo? — Me surpreendi com aquele pedido.

— Por que? — Perguntei fitando ele.

— Não sei, quero você perto só isso. — Assenti, relutante e fiquei confuso com o que ele disse, resolvi atender seu pedido, puxei o edredom e deitei ao lado dele que logo me abraçou, correspondi ao abraço dele.

— Você é quentinho parece um urso sabia? — Disse entrelaçando os braços no meu corpo. RI com o comentário e a voz embargada de sono.

— Dorme Louis, amanhã temos aula. — Após alguns minutos Louis já dormia novamente, e meu coração estava acelerado e eu percebi isso a pouco, tentei relaxar para pegar no sono mas estava meio complicado.

Eu era um cuzão hipócrita, infernizei o Caio e agora estava aqui com Louis na mesma situação que eles estavam, suspirei fundo e tentei relaxar o máximo possível.

Um Amor Proibido (Obra Reescrita)Where stories live. Discover now