O relacionamento do casal estava morno há algum tempo, e assim como duas pessoas de longo convívio, pensaram que talvez uma criança poderia preencher a falta de afeto. Louis não se importou quando soube da relação extraconjugal de Julie, quiçá foi nesse ponto que percebeu que não a amava tanto assim: ele não se importava mais.

Apesar de tudo, eles ainda eram amigos quando a gravidez se iniciou. Após a morte de sua namorada (não se casaram, não era cabível naquelas circunstâncias), Louis teve a confirmação de que o bebê era seu ao precisar realizar um exame de DNA para obter a guarda.

A nomeou Violet em homenagem às flores favoritas de Julie: violetas. Clichê, sim.

Tomlinson sentiu muitas coisas naquele dia, mas a sensação que preencheu seu peito ao encarar os olhinhos azuis da filha pela primeira vez certamente nunca seria esquecido.

Eles tiveram aquela conversa quando Violet atingiu os três anos de idade. Ela teve acompanhamento psicológico e foi liberada no ano passado ao completar cinco anos e, felizmente, o laudo não apresentou nenhum trauma devido a perda precoce da mãe. A criança perguntava sobre Julie algumas vezes, mas a frequência diminuía cada vez mais com o passar do tempo.

Tomlinson conseguia pontuar os bons momentos que tivera com Julie e era feliz pelo fruto que o relacionamento deles gerou. Violet era seu bem mais precioso e ele sempre lutaria com unhas e dentes para protegê-la.

─ Ei ei, espera. ─ ele travou as portas do carro ao que a filha se livrou do cinto rapidamente quando estacionou frente ao prédio.

Violet precisou conter a vontade de sair correndo pois sua mão estava entrelaçada na de Louis. Ele parecia analisar (de novo) cada pedacinho do ambiente para se certificar se era realmente seguro. Sem julgamentos, ele estava pagando (e muito) e confiando a segurança de sua garotinha em desconhecidos. O mínimo que deveria fazer além de conhecer o professor que lecionaria, era averiguar o espaço que Violet frequentaria todos os sábados.

─ Papai, olha! ─ ela apontou para uma divisória de vidro.

Algumas crianças esperavam pacientemente sentadas no material macio do chão. Outras delas pareciam assustadas, provavelmente novatas em tudo aquilo.

Uma funcionária do local foi ágil em atendê-los, orientando-os sobre qual sala Violet faria parte, uma das últimas entre os largos corredores.

─ Há alguma chance delas se perderem? Aqui é bem grande...

Louis era daqueles pais: observadores e questionadores. Ele estava presente no primeiro tour pela escola sem Violet, apenas estava sendo chato ao perguntar tudo de novo.

─ De forma alguma. ─ Stacey garantiu. ─ Cada sala possui um sistema de trava que impede que saiam correndo no meio da aula, por exemplo. Além de ter um banheiro em cada uma, assim como bebedouro para que não andem sozinhos por aí. Há também professoras assistentes, são elas que ajudam as crianças a se trocarem e as acompanham, se necessário.

─ E ali é onde eles tomam os lanches? ─ parecia um quintal, com árvores, bancos e tetos de vidro para que o céu fosse visível.

─ Correto. Os horários são alternados e somente duas turmas da mesma faixa etária comem por vez, sempre com a supervisão de dois ou mais adultos.

Quando Stacey estava prestes a mandar aquele homem ir para o inferno com as perguntas de pai de primeira viagem (a mulher amava crianças, mas Louis esgotava a paciência de qualquer um quando se tratava de Violet), o sino indicando o começo das aulas tocou.

─ Por que está se despedindo de mim? ─ perguntou confuso ao receber um abraço forte da filha. ─ Eu vou ficar te olhando bem daqui, acha que vou perder isso?

Classy PirouetteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora