RJ: Filhos da Lua

Lua

— Acorda! Já passamos do horário de levantar, Seokjin! — disse Yoongi, balançando-o na cama ao lado.

Seokjin tinha o péssimo costume de ir dormir às 01:30 da manhã e acordar às 13:30, achando que ainda estava cedo demais para levantar, pensando inclusive que não tinha dormido nada. Doze horas não eram o suficiente para o jogador assíduo de videogames.

Yoongi não reclamava sobre suas manias, porque também ele gastava tempo jogando, ou simplesmente produzindo músicas, mas ele sempre soube que seu organismo precisava majoritariamente de sono para que seu corpo conseguisse erguer-se por tempo o suficiente para ser um ser humano produtivo.

E ele tinha ido dormir muito antes de Seokjin na noite anterior.

Rolando na cama e encolhendo-se em volta do próprio corpo, Seokjin resmungou quando foi empurrado com o pé.

— Hm... — respondeu escondendo o rosto, mas desistindo de suas resistências algum tempo depois, puxando a máscara do rosto e arregalando os olhos, focando-os no teto.

— Eu não sei para onde você quer ir com tamanha pressa. Eu acho que pensamos melhor em uma forma de me tirar dessa, estando aqui dentro, do que se formos andar por aí.

— Mas, a intenção não é sair por aí como se nós fôssemos pessoas comuns e não reconhecíveis, isso é uma realidade que não nos pertence há muito tempo. Estamos indo em direção a justamente o que vai salvar sua carreira — respondeu Yoongi, caminhando em direção ao banheiro para ser o primeiro a arrumar-se dessa vez.

— Milagre esse que você ainda não entrou em detalhes.

— Entrei sim, você é quem não presta atenção no que eu falo, o que é péssimo de sua parte, porque é o mais velho e age como se não fosse — respondeu Yoongi, antes de abrir o chuveiro.

Seokjin sentou-se com tudo na cama e cruzou os braços, agindo exatamente como tinha sido indicado que ele fazia, e claramente não admitiria.

— Não entendi o que isso tem a ver com idade. Vamos tentar não falar sobre isso, e sobre a explicação, o máximo que você me forneceu foram umas dicas sobre o produtor malhado que eu não quero ver nunca mais na vida.

Yoongi gargalhou do banheiro, enquanto esfregava shampoo nos cabelos.

— Você nunca o viu pessoalmente para dizer que nunca mais quer vê-lo na vida, e outra, você sabe o nome dele. Não entendo a relutância em pronunciá-lo.

— Quando você diz ou nomeia algo, dá importância a esse algo, designa ele, e eu não quero parecer estar dando importância para ele, de fato.

— Você é tão maduro quanto uma manga verde brasileira.

Seokjin abriu a porta do banheiro com o pé e Yoongi puxou a toalha rapidamente, molhando-a acidentalmente.

— Ei! Um pouco de privacidade!

— Escolheu a pessoa errada, estamos juntos há uns 20 anos, não tem nada aí que eu já não tenha visto.

— E se eu tivesse colocado um piercing na cabeça do meu pau? — Seokjin começou a rir de contorcer-se ao voltar para a cama.

— Por que você precisa ser tão sujo às vezes? — Yoongi enxugou o rosto com a toalha e deu de ombros, mesmo que Jin não pudesse ver.

— Porque xingar e usar palavras sujas dão ênfase às frases, e eu adoro ser levado a sério.

Yoongi saiu com a toalha enrolada até o peito, uma outra toalha enrolava os cabelos e ele parou com a mão na cintura em frente a mala, quase exatamente do mesmo jeito que Jin parava quando estava distraído. Estava pegando a mania.