can i be honest?

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Camila Cabello

Sentada no fundo da sala, lanço olhares discretos na direção de S/n, tentando elaborar um plano para falar com ela sem chamar a atenção das minhas amigas. Não estou pronta para compartilhar meus sentimentos com mais ninguém além dela, e a última coisa que quero é alimentar fofocas ou criar mais drama. Preciso de um pretexto, algo plausível que justifique uma conversa privada sem levantar suspeitas.

Enquanto a professora continua a aula, uma ideia começa a se formar na minha mente. Talvez eu possa usar um trabalho de escola como desculpa. Podemos estar em diferentes círculos sociais, mas sempre nos saímos bem academicamente. Decido que vou pedir a ela ajuda com uma matéria que sei que é sua forte, espanhol, mas que eu estou tendo dificuldades. É a desculpa perfeita, algo que não soaria estranho para quem nos conhece, já que ela é minha mentora.

Agora, o desafio é como abordá-la sem que nossas amigas suspeitem de algo mais. Decido esperar até o intervalo, quando sei que ela geralmente fica com seu grupinho, posso chama-la para a biblioteca, um lugar onde nossos grupos de amigos raramente se cruzam. Isso me dá a privacidade de que preciso para falar com ela sem olhares curiosos.

Quando o sinal do intervalo soa, sinto meu coração acelerar. Dou uma desculpa esfarrapada para minhas amigas, dizendo que preciso verificar algo na biblioteca, algo sobre o trabalho, e saio antes que elas possam oferecer-se para vir comigo. Eu caminho até S/n que estava sentada em um canto, enquanto seus colegas conversam ao seu redor

-- S/n... -- chamo, atraindo sua atenção rapidamente -- Você está ocupada? Eu estava pensando... eu estou tendo um pouco de dificuldade com o trabalho de espanhol, e eu sei que você é realmente boa nisso, e é minha mentora e dupla. Você se importaria de me ajudar um pouco?-- Ela olha para mim, claramente surpresa pela minha abordagem, mas depois de um momento, sua expressão suaviza.

-- Claro, Camila. Eu posso tentar ajudar -- Sinto um alívio imenso por ela ter aceitado

-- acho que na biblioteca é melhor para isso, ne?-- ela concorda se levantando, entao avisa seus colegas que vai ate a biblioteca.

Caminho pelos corredores, tentando acalmar os nervos e ensaiando o que vou dizer. Enquanto nos acomodamos para discutir a matéria, percebo que essa talvez seja a oportunidade que eu estava procurando. Não apenas para esclarecer as coisas entre nós, mas também para finalmente admitir meus sentimentos, longe dos olhares e ouvidos curiosos dos nossos amigos.

Sentamos em uma mesa afastada no canto da biblioteca, um lugar quieto que oferece a privacidade de que precisamos. Meu coração bate acelerado, uma mistura de nervosismo e antecipação preenchendo meu peito. S/n organiza seus materiais na nossa frente, olhando para mim com uma expressão de atenção, pronta para ajudar. Por um momento, sou tomada pela visão dela assim, tão próxima e acessível, o que só reforça a importância do que estou prestes a fazer.

-- Obrigada por isso, S/n -- começo, tentando soar mais confiante do que me sinto. -- Eu realmente aprecio sua ajuda.-- Ela acena com a cabeça, um gesto que demonstra que está tudo bem, embora seus olhos revelem uma curiosidade sobre o que me levou até ela, dadas as circunstâncias entre nós.

-- qual é sua dificuldade?-- pergunta abrindo o caderno nas anotações sobre o trabalho

Enquanto ela começa a explicar o tópico, encontro-me lutando para manter o foco. Não estou aqui apenas pela ajuda acadêmica; essa é apenas a ponte para o que realmente preciso dizer. Depois de alguns minutos, ganhando coragem, interrompo-a suavemente.

-- S/n, posso ser honesta com você? Eu não vim aqui apenas por ajuda com a matéria.-- Ela para, pousa a caneta e me olha diretamente, sua expressão agora cautelosa, talvez até esperançosa.

-- Tem algo mais acontecendo, Camila?-- Sua voz é suave, convidativa, e isso me dá um pouco mais de coragem para continuar. Ela sabe o que esta acontecendo, mas quer me dar espaço para contar minha visão sobre

-- Sim, tem. E eu sinto que preciso esclarecer isso antes de qualquer coisa.-- Respiro fundo, buscando as palavras certas. -- Sobre o que aconteceu entre nós... eu tenho pensado muito. E eu estava errada em como reagi. Eu projetei minha frustração em você, mas a verdade é que... eu também quis o que aconteceu. E eu estive pensando em você, muito, desde então.

Vejo uma mistura de surpresa e algo mais que não consigo identificar em seu rosto. Meu coração bate tão forte que posso quase ouvi-lo, cada batida ecoando em meu peito enquanto aguardo sua resposta.

-- E o que pensou exatamente?-- S/n pergunta me olhando fixamente. Meu coração dispara com a pergunta dela, a intensidade de seu olhar fixo em mim fazendo com que eu sinta como se estivesse sendo desvendada camada por camada. Engulo em seco, buscando a coragem para ser completamente honesta, para expor meus sentimentos de uma forma que nunca fiz antes.

-- Eu pensei sobre nós... -- começo, minha voz um pouco mais firme do que esperava, dada a turbulência dentro de mim. -- Sobre como eu reagi mal, sobre como eu me senti depois... E percebi que há mais entre nós do que eu queria admitir.-- Faço uma pausa, tentando organizar meus pensamentos e sentimentos em palavras que façam sentido. -- O que eu quero dizer é que eu não consigo parar de pensar em você, no que aconteceu, e em como eu realmente não queria que aquilo terminasse, mesmo que na hora eu tenha ficado confusa e irritada.

Olho para baixo por um momento, reunindo coragem para enfrentar o que vem a seguir.

-- O que eu estou tentando dizer é que... eu acho que há algo entre nós. Algo que vale a pena explorar. E eu me sinto mal por ter colocado toda a culpa em você, por ter feito parecer que você era a única que queria aquilo, quando a verdade é que eu também queria. E ainda quero.

Levanto meu olhar novamente para encontrar o dela, tentando decifrar seus pensamentos através de sua expressão.

-- Eu não sei o que isso significa para nós, ou o que acontece a seguir, mas eu precisava que você soubesse como eu me sinto. S/n, eu estou... Eu estou confusa, mas eu sei que não quero manter distância. Não mais. --  Minhas palavras pendem no ar entre nós, carregadas de vulnerabilidade. Eu me sinto exposta, mas ao mesmo tempo, há um alívio em finalmente colocar meus sentimentos para fora. Agora, tudo o que posso fazer é esperar pela resposta dela, esperar para ver se ela sente o mesmo ou se estou sozinha nessa confusão de sentimentos.

Dream With You (Camila Cabello/You Gp!)Where stories live. Discover now