[16] Nous trois

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LIBER II: DOS DEVERES E DIREITOS DO LÍDER
PACTO VI:  Se o derrotado for o líder, este deve cumprir a pena. Pena: Arrancar o próprio coração para alimentar os seus súditos que foram seus fiéis.

 Pena: Arrancar o próprio coração para alimentar os seus súditos que foram seus fiéis

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devaneios por _emmagrant

#DomineTeuMestre 🥀

A morte já havia encontrado-me algumas vezes. Como uma velha amiga. Sempre notava como dava-me os sinais necessários para sentir a sua presença. Ela sempre sondou a minha existência, como se apenas o fato de estar pairando por este mundo fosse o seu chamariz para os meus carmas. E, novamente, lá estava ela, sussurrando suas palavras incompreensíveis ao meu dialeto ao pé do meu ouvido. Sussurrando seu canto de atração para ceifar mais uma alma de quem eu tanto amava.

O seu cheiro parecia ainda mais forte a cada dia que passava. É claro que os humanos que estavam presentes não sentiam, porém, quando se está em uma condição de morto-vivo ceifador de vidas, o odor é tão familiar que acaba tornando-se característico as suas narinas. E aquele cheiro coçava a minha garganta seca de longos sete dias sem alimentar-me. Era atrativo, perturbador e vazio. Seria este o cheiro real da morte?

Ao longe observava os olhos apáticos da pequena criança. Após a sua primeira crise até este fatídico dia, ela já era um bando de sacos de ossos, definhando a cada segundo que passava. Nesse dia em especial, aconteceram cinco fatores que determinaram o destino da minha família.

O primeiro foi ter de ouvir as palavras pesadas do pobre médico, que tentava de todas as formas trazer minha filha de volta, sobre não ter nem uma vaga ideia do que pode ter arrancado a vida de uma criança saudável como ela em sete dias. Era algo fora do comum, que nenhuma ciência humana poderia resolver naquele momento. Ele estava certo, nenhuma ciência humana conseguiria fazer Shu ser saudável novamente, fazer com que o cheiro de morte saísse de sua derme e que seus olhos voltassem a brilhar como antes.

Apenas uma opção poderia salvar a minha filha da morte certa e da sua estranha doença.

E foi essa opção que gerou o segundo fato para definir o porvir da minha prole. No cair daquela tarde, senti todos os meus pelos eriçarem, como quando se sente um forte presságio. O arrepio veio da espinha até o topo de minha cabeça, meus dedos perderam a força para manterem-se entrelaçados aos de Shu, que repousava em sua cama. Jiminnie, que nunca pareceu importar-se com a menina, sempre esteve ao nosso lado, passando da mesma necessidade de sede que eu. Já Taehyung, não conseguia ver o seu pequeno raio de luz em meio a tantas trevas apagar-se da forma mais triste que ele poderia imaginar, então ausentou-se, aproximando-se no máximo até a porta do quarto dela. E assim como eu, eles também sentiram aquele estranho rebuliço na boca do estômago, o formigar dos dedos e a sensação de estarmos sendo observados.

Dentre as sombras do quarto de Shu, o moreno, que agora tinha seus olhos amarelos, afastou minimamente as sedas da cortina rosada enquanto trincava o seu maxilar conforme analisava os arredores. Mesmo com todos os anos, haviam paredes impossíveis de serem quebradas no consciente dele. Muralhas que ele ergueu para que eu jamais entrasse. Seu suspiro longo fez-me ficar alerta, como um cão de guarda.

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