FUGITIVOS

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Fazia seis dias que meu pai havia desaparecido e três dias que eu só saia do quarto para comer e tomar água

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Fazia seis dias que meu pai havia desaparecido e três dias que eu só saia do quarto para comer e tomar água. Não que eu tivesse recaído e tido outra crise depressiva, eu só planejava resgatá-lo onde quer que ele estivesse. Talvez isso tivesse se tornado uma obsessão, e talvez isso estivesse sendo uma desculpa para ocupar minha mente para que eu não me sentisse culpada.

- América! - Austin chamou dando duas batidas na porta.

- Entra! - América respondeu.

- Está na hora do jantar, papai mandou te chamar - Austin falou se encostando na parede da porta.

- Certo... Depois eu vou na cozinha e pego o que sobrar - América respondeu sem nem olhar para Austin, apenas traçando uma reta no papel com uma régua.

- Mas o Professor disse que tem um anúncio importante.

- Numa escala de zero a dez, qual a importância? - Ela perguntou finalmente largando o lápis e o olhando.

- Não faço ideia - Austin disse dando de ombros. - Ele só pediu para descermos.

- Espero que não seja alguma desculpa do papai para eu comer com todo mundo - América disse cruzando os braços.

- Me pareceu algo sério. Talvez ele tenha novidades sobre o papai.

- Okay, me convenceu - América disse se levantando da cadeira. - Desço em cinco minutos.

Nossa casa era bem grande, bom, só assim para caber tanta gente. Morávamos eu, meus pais Helsinki e Palermo e os meus irmãos Austin e Medellín. Professor e Lisboa com seus filhos Ibiza, Paula, Berlin e Salvador. Denver e Estocolmo com Cincinnati, Seul e Guatemala que voltou para casa faz dois meses. Marsella e Alicia com a filha Victoria. Manila e Pamplona com a filha Georgia. Bogotá e Dália com a Lille. Rio que se casou com Isabel. E às vezes Charlotte filha do Rafael e da Tatiana vinha nos visitar e ver o namorado Seul.

Apesar da casa ser enorme e ter quase trinta quartos, sempre foi meio difícil ficar sozinha, por isso eu prefiria ficar no meu quarto ou na biblioteca.

Quando eu entrei pela sala de jantar, todos já estavam na mesa e me olharam como se fosse eu quem tivesse sumida e havia retornado. Geralmente a mesa ficava com vinte e oito lugares ocupados, mas Charlotte não estava e faltava meu pai na mesa. Todos ainda me olhavam estranho, talvez eu devesse ter passado corretivo para disfarçar as olheiras e arrumado mais o cabelo.

América abaixou a cabeça e todos pareceram ter percebido que a estavam fuzilando com o olhar e começaram a se servir.

- Meri, não vai comer? - Helsinki que estava ao lado de América pergunta a ela.

- Estou sem fome - ela disse se encostando na cadeira.

- Nada disso, você vai comer! - Helsinki fez o prato dela e entregou a ela.

LOS DESCENDIENTES- LA CASA DE PAPELWhere stories live. Discover now