Culpa

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Dias após o ataque haviam passado e nada de Sakura acordar. A equipe médica já não sabia mais o que fazer para fazer a kunoichi despertar do sono que ela se encontrava. O golpe que sofreu de Zetsu fora quase fatal, já que continha substâncias das células de hashirama, que até então, ninguém sabia.

A liberdade de Uchiha Sasuke estava próxima, mas desde que soube do estado de Sakura, ele havia mais uma vez se fechado para tudo. Comia calado, não respondia quando era questionado. Não fazia absolutamente mais nada do que aparentava fazer, desde que prometera a si mesmo que seria uma pessoa diferente para que pudesse ficar ao lado daquela que lhe sempre deu o que lhe foi tirado.

Muitos já haviam notado a mudança brusca de Sasuke, mas não se atreviam a comentar.

As vistorias de Tsunade eram silenciosas. Examinava o nukenin e o observava.

Sem reações.

Olhar opaco.

Apenas um corpo vivo, assim como ele era quando criança.

- Ela está em coma, mas não está morta. Se ela chegou a esse extremo, foi porque quis proteger você. Você sempre soube dos sentimentos dela e do que ela poderia ser capaz de fazer. - disse a Godaime.

Nada vinha como resposta.

Longe dali, o time Taka soube do ataque a Konoha, que teve parte da vila destruída. Preocupada com o Uchiha, Karin praguejava a vinda da Haruno para o esconderijo e por tudo que aconteceu. Era culpa dela que Sasuke estava em perigo e que levou o inimigo ao alcance dele.

- Ela deveria ter morrido. Aquela algodão doce causou tudo isso. Levou Sasuke-kun para o inimigo. Ele foi seduzido por ela! - esbravejava a Uzumaki.

- Você está se ouvindo? Sasuke foi levar ela de volta para a vila deles. - disse Juugo.

- Ele não tinha nada de trazer aquela vadia para cá. Esse foi o erro dele. Se ele não tivesse tido a idei-- - sem paciência, Sugetsu desferiu um tapa em Karin, que a fez calar e arrancar um olhar de espanto do outro companheiro.

- Sasuke nunca te quis! Se toca! Falar que é culpa da Haruno é demais. Ela veio pra cá pra servir ao Sasuke-san. Ele já tinha deixado claro isso, Karin. Acorde de seu conto de fadas que você faz dele consigo.

O platinado se afastou dos dois membros, indo para fora do cômodo que estavam. Ele estava no limite de sua paciência com aquele assunto, mas esperava que o Uchiha e a Haruno estivessem bem.

A máquina apitava conforme a respiração de Sakura era observada calmamente por Shizune. Os olhos cansados da assistente da Godaime também transpareciam a tristeza que era ver a jovem rosada naquele estado. Uma menção de mexida dos lábios da kunoichi não passou despercebida, sendo logo prontamente passado para o conhecimento e Tsunade.

Mais três dias e Sasuke estaria livre. Tsunade mais uma vez tentou um contato com o rapaz mas ele continuou sem dar um pio. Ele se sentia culpado pelo estado de Sakura e seu silêncio era o que bastava para se punir.

Os selos já haviam sido removidos de seu corpo. Era agora questão de tempo para sair e retomar sua vida. Cada minuto era uma eternidade. Mesmo tendo todo o poder liberto, Sasuke ainda tinha consciência de seus atos.

A madrugada fria e silenciosa podia ser um perfeito cenário para uma fuga. Ele aproveitou um descuido da guarda e foi direto ao hospital. O chakra fraco de Sakura era ainda perceptível. As máquinas apitando eram a pior coisa que ele queria ouvir.

Era doloroso.

Era torturante.

Era o fim de uma nova esperança que ele tinha criado.

A passos rápidos ele seguiu para fora da aldeia. Não se importaria se depois a Godaime mandasse o caçar novamente. Ele só queria retomar o caminho que tinha trilhado.

Escuridão.

Solidão.

A mais pura treva que poderia imergir.

De onde ele estava até o esconderijo era um caminho longo, mas mais uma vez se utilizou da invocação de Aoda e em instantes ele chegou nas proximidades do esconderijo.

Entrando no esconderijo, ele foi direto para o quarto que era dele. A oscilação de chakra de Sasuke fora perceptível para Karin, que largou tudo que estava fazendo e foi para o rumo do quarto dele.

As mãos de Karin tremiam. Ela não acreditava que ele havia voltado.

Suigetsu e Juugo também sentiram o chakra do Uchiha, mas não se manifestaram.

Se ele havia voltado, algo havia acontecido. Eles poderiam ou não saber o que o trouxe de volta.

O dia em Konoha estava agitado. A notícia da fuga de Sasuke foi dada mas Tsunade não estava com paciência para investigação profunda. Ela mandara ninjas para procurar pelo perímetro por desencargo de consciência. Seu foco era saber como sua pupila estava.

A recuperação de Sakura ainda era instável. Os sinais de melhora eram fracos, mas algumas noites atrás as enfermeiras disseram ter ouvido a voz da kunoichi chamar pelo nome do Uchiha mais novo.

Tsunade então havia tomado a decisão de monitorar de perto a rosada. Ela queria muito que sua menina voltasse a ter a luz em seus olhos.

- Acorde, Sakura. Não se entregue a esse estado.

Uma menção a tentativa de reação foi sentida pela Godaime. Emanando chakra nas mãos, ela analisou a pupila. O chakra instável era um sinal pra ela ter esperança. Ela iria acordar, Tsunade tinha isso consigo.

No esconderijo, Sasuke andava sem se importar com a presença grudenta de Karin. A alegria dela o dava asco. A todo momento ela falava sobre o erro que foi ter trazido Sakura, fazendo com que ele ficasse enfurecido. Um soco foi dado na parede, tendo como espanto a reação da Uzumaki.

- O que houve, Sasuke-kun?!

- Você me irrita falando essas asneiras.

- Ma...mas Sasuke, é verdade. Se não tivesse trazido aquela chiclete pra cá, não teriam tido aqueles ataques e você não teria ido deixar ela na vila.

Ele seguiu para a área de treinamento.

Ele só queria silêncio.

Ele só queria esquecer que Sakura estava em coma e por culpa dele.

A melancolia e a ira que ele emanava circundava seu corpo em forma de raios do chidori.

Nunca mais ele iria se render novamente à luz que era a esperança que Sakura lhe dava.

Ele definitivamente se entregou ao obscuro de seu ser.

ObscuroWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu