Dez - Embriaguez Acidental

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A doutora riu da colocação da enfermeira, então respondeu:

- Juro que queria passar despercebida todos os dias da minha vida, mas Corey Sanders parece não querer deixar isso acontecer. A culpa é toda dele.

- Claro, ele tem mesmo culpa de levar uns socos em sua carinha linda por causa da nova doutora bonitona. – Kate piscou.

- Ele é um imã para confusões.

Kate riu e balançou a cabeça.

- Talvez você seja um ímã para confusões. O que aconteceu, afinal de contas? Ouvi muitas histórias. Inclusive que ele teria te beijado à força, teria te enforcado, teria te pedido em casamento. Essa última você deve à senhora Logan, que estava no jardim no momento.

Melissa riu nervosa.

- Nenhuma dessas coisas. Agi feito uma babaca infantil e criei uma confusão desnecessária, foi isso que aconteceu.

- Babaca infantil? – os olhos da enfermeira estavam cerrados.

- Corey Sanders acordou hoje decidido a não ser mais meu paciente, então pediu ao doutor Thompson para que trocasse. Eu fiquei irritada. E apesar de ser psiquiatra, sofro de uma séria impulsividade, a qual não consigo controlar em determinados momentos, então fui falar com ele. E, de repente, quando me dei conta, Sanders estava bem na minha frente, muito próximo. Muito mesmo. Mas ele não faria nada, estava apenas falando, então Brian apareceu e bateu nele porque diz que achou que Sanders estava me atacando. Enfim, eu errei, não deveria ter ido falar com Sanders, para começo de conversa, não cabe a mim cobrar um paciente por suas escolhas. Cabe a mim aceita-las e tocar em frente.

- Sabe o que eu acho? Que você mexeu com a mente de nosso mais ilustre paciente. E não foi pouco. Foi fulminante, como os socos que levou por sua causa.

- Brian poderia ter evitado.

O sorriso nos lábios de Kate tornou-se malicioso.

- Sempre, mas não acho que queria evitar nada. – ela suspirou e se aconchegou no banco – Não conte para ele que estou falando isso, mas a verdade é que Brian não é exatamente o cara mais cabeça fria que conheço, pelo contrário. Odeio isso nele, odeio com todas as forças. Já perdi as contas de quantas vezes o vi brigando com alguém. Ele tinha melhorado depois que veio para cá, mas a rixa com Sanders é mais antiga do que posso me lembrar, e acho que dessa vez ficou difícil controlar o ímpeto. Você deve saber por quê...

Melissa sentiu o sangue em seu rosto esquentar, mas manteve a pose firme.

- Eu sei, mas não é um motivo que justifique a atitude dele.

- Nada justifica violência, especialmente quando o envolvido é um médico e a vítima da violência em questão é um paciente. Infelizmente, você despertou o que há de pior em Brian, Melissa. – Kate lamentou – Mas ele não é maldoso por natureza, sabe? Não quero defende-lo, porque já o repreendi por horas, e tenho certeza de que a advertência que levará do doutor Thompson será suficiente para que ele coloque a cabeça no lugar, mas não deixe que isso estrague a amizade. – ela fitava Melissa com intensidade.

Melissa assentiu, porém cerrou os olhos, desconfiada:

- Ele pediu para você falar comigo?

- Não. – ela negou de pronto – Mas sei que ele gostaria que sim, porque está envergonhado do que fez e não gostaria de cortar relações com você. Acho que Brian gosta de você, Melissa.

Melissa encarou as mãos que entrelaçavam nervosas, então o jardim já escuro pela noite que caiu completamente enquanto conversavam. Depois para o céu. Por fim, olhou para Kate. Quando chegou à conclusão de que não tinha uma resposta satisfatória para aquela observação, deu de ombros e torceu os lábios.

Psicose (Livro I)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt