Na passarela dos sentimentos

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– Não quero, e bom dia para a senhora também. – sinto meu coração acelerar, afinal não digo um "não" tão sincero assim para ela a anos.

Mas ao mesmo tempo que faço isso me sinto fraco, um idiota completo, pois sei que esse é meu máximo. Um "não" quase gaguejado por telefone, longe dos seus olhos julgadores e sua voz impondo dominância em cada passo meu. Cada aspecto da minha vida sempre foi ditado por ela, decidido com base nos seus desejos que nunca foram os mesmos que os meus.

Chega a ser ridículo como eu, um adulto de vinte e um anos, não consigo falar por mim mesmo, nem ditar sobre minha vida e meus sonhos. Mal consigo levantar a voz quando ela me rebaixa, pois fui criado para obedecer, como um mísero boneco.

Um maldito fantoche de Kim SunHi.

– Taehyung, eu estou ficando farta da sua malcriação. Aja como um homem e venha direto para cá, você tem responsabilidades.

– Aja como uma mãe e me deixe fazer o que eu quiser, já sou um adulto, não preciso de suas ordens... – retruco, num ato de coragem e medo.

Medo da minha própria mãe, medo do futuro, e mais uma vez o medo de ser uma decepção, depois de todos esses anos calado.

– Imprudente, isso é inadmissível, não deixarei que vá pela cabeça dos seus amiguinhos e se vire contra mim. – seu típico tom de autoridade se faz presente, como se já soubesse que ganharia essa discussão. Sento na rede, desviando os olhos do passarinho para Namjoon, que está desperto, andando até a cozinha com o cenho franzido. – Eu te criei da melhor forma, longe de tudo que é ruim. Te dei tudo que muitos não têm, a melhor vida possível.. então seja um bom filho e me obedeça, faça o que estou mandando.

– Mãe, eu não quero participar dos ensaios, ainda nem me formei.. – busco uma desculpa, qualquer uma, tentando me livrar da situação.

– Taehyung, entenda que tudo isso é para o começo da sua carreira, quando finalizar a faculdade, já terá seu nome em todos os lugares. – consigo imaginá-la com um sorriso nos lábios, carregando deboche e sua gana por poder. – O pai de Sana vai realizar esse ensaio, ele está ansioso e animado para reencontrá-lo, até nos chamou para um café da tarde.

– Até imagino o porquê dessa aproximação... – resmungo.

– Um dia iremos te convencer a namorar com ela, já está passando da hora de entrar em um compromisso. Isso ajudaria na sua carreira e‐

– Eu estou indo, e esquece isso, Sana é minha amiga e eu jamais ficaria com ela – finalizo irritado antes de desligar a ligação.

Me jogo na rede, deitando por completo. Tapo meus olhos com ambas as mãos e respiro fundo. Tudo isso é um pesadelo de muito mal gosto.

Eu não topei por ser o Senhor Do-yun, muito menos pela fama ou algo do tipo, e sim para ter a oportunidade de dizer olhando nos olhos dele de uma vez por todas que eu não irei namorar sua filha, nem por obrigação ou contrato. Minha mãe pode ditar no meu futuro, isso uma hora eu resolvo, mas da minha vida amorosa cuido eu.

Tolo. Claro que se eu não tivesse aberto os olhos pra essa ganância de SunHi, provavelmente estaria indo na sua onda e namorando minha amiga.

Coitados, mal sabem que no dia do jantar, Sana levou sua paquera no meu lugar. Eu a ajudo e ela retribui, me livrando de diversas situações desconfortáveis com seu pai. Mas dessa vez, pelo visto, não terei minha amiga para me ajudar a fugir da encrenca que fui colocado.

Resmungo alguns palavrões, bem feios mesmo, antes de me levantar e ir para a cozinha, evitando encarar Namjoon, porque sei que seus olhos já estão em mim. Ainda é cedo, e eu prefiro não receber um sermão sobre a vida agora.

Essences | taekookWhere stories live. Discover now