17- NOTTE DI NOZZE (Noite de núpcias)

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Os movimentos que nossos corpos faziam eram vagarosos, só que já era o suficiente para fazer uma mecha rebelde do meu cabelo cair sobre minha face. Mal pisquei e Piero veio com a mão na direção do meu rosto. E com uma sutileza impressionante levou os fios para trás da minha orelha. Provavelmente aproveitando a ação, ele iniciou carícias delicadas no meu rosto. Os olhos azuis dele que já eram bonitos agora brilhavam intensamente. Dizem que um olhar vale mais que mil palavras e na verdade tal ditado me deixa insegura, haja visto que aquele olhar de Piero era diferente, indecifrável, ninguém nunca tinha me observado como ele.

Eu e Piero continuaríamos inertes naquele momento por um período indeterminado se o barulho dos pratos de vidro estatelando-se no chão não tivesse atrapalhado.

Sai do transe bruscamente e vi Saveiro caído próximo a louça quebrada. Bêbado do jeito que estava deve ter esbarrado na mesa. Maledetto! Logo alguns seguranças se aproximaram para retirá-lo do local o cretino ainda recusou ajuda e empurrou um dos seguranças. Quando percebi a intenção dele em sacar a arma, agarrei na coisa mais próxima de mim, ou melhor na pessoa, Piero, segurei firme sua mão. Ele não demorou a se dar conta também e me jogou para trás dele e como o ragazzo dava dois de mim, fiquei quase toda encoberta por seu corpo.

No entanto, pude ver quando Benito veio correndo, deteve Saveiro e lhe convenceu a sair dali, pelo menos uma vez na vida ele tinha que fazer algo bom. Observei os seguranças levarem Saveiro para fora e fiquei aliviada, um peso enorme saiu dos meus ombros. Benito saiu em seguida, mas antes enunciou um olhar intimidador por todo o recinto, analisando as expressões dos presentes.

Os D' Ângelos são naturalmente violentos e realmente não sei em qual geração começou isso. Riario nunca foi flor que se cheire e os filhos são ainda piores: Saveiro é um alcoólatra, boçal e violento e Benito não fica atrás só que ele tem um diferencial, uma mente diabólica. Meu tio não faz nada sem antes pensar bem, ele é como um escorpião traiçoeiro. Os canalhas dos meus primos, Massimo e Marco, seguem o mesmo padrão de bestialidade.

Passado o susto, finalmente pude acalmar a respiração. Piero virou- se para mim e perguntou:

- Você está bem, Lucrézia? Aquele era seu pai, não era?

- Sim. Estou. É... é só preciso ir verificar a minha irmã.

Com o ataque de Saveiro, precisava mais do que nunca me certificar da segurança de Graziela. Me desvencilhei dos braços de Piero e fui à procura de bambina. O jardim era grande e estava cheio de gente, então demorei a encontrá-la. Assim que a achei, me aproximei e vi que Lucera a acompanhava. Abaixei para ficar na mesma altura da minha irmã, que estava sentada embaixo de uma árvore iluminada por pequenas luzinhas, comendo alguns doces.

- Ei, piccola(pequena)! Já estava com saudades de você.

- Às vezes você é tão dramática irmã. - Ela riu, tão despreocupada. A inocência de uma criança realmente deve ser preservada, o máximo que der.

- Que bonito hein, dona Graziela? Já está querendo ser uma mocinha. Não precisa mais de mim.

- Eu sempre vou precisar de você, Lucrézia. Foi você que sempre cuidou de mim, só precisa entender que não sou mais um bebezinho.

- Nada disso! Você sempre vai ser o meu bebezinho.

Fiz cócegas por alguns segundos nela e abracei Graziela com todo amor que conseguia. Lucera nos olhava cabreira. Aproveitaria a oportunidade para falar com minha prima e não gostaria que Graziela ouvisse.

- Grazi, minha mocinha preferida. Por que você não vai procurar Titi? Pode dizer a ela que quero vê- lá?

- Va bene! Eu volto já, já.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now