Pass me that lovely little gun

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A expressão severa dele deu lugar a uma muito mais suave, embora ainda ansiosa na medida em que ele questionava num sussurro, como se temesse que alguém pudesse ouvir.

A proximidade era a de duas pessoas que tem um segredo, e um tanto de intimidade, e naquele instante eu me senti absurdamente confuso com aquilo, seja lá o que era, que estava acontecendo.

– Em que medida do plano estamos? – Dumbledore rebateu ainda com um sorriso calmo, e talvez Draco não tenha percebido a singela piscada que o diretor me deu com o canto do olho, talvez conseguindo visualizar minha surpresa.

– Vieram mais comensais do que eu esperava. E... Bellatrix está aqui também. Completamente fora de controle. Tem aurores lutando lá embaixo, mas acho que vão precisar de reforços. Você tem reforços? – Draco tagarelou, acenando de forma agitada, e Dumbledore sorriu novamente, com um ar suave e talvez divertido.

– É claro que tenho reforços — Respondeu tranquilamente — Onde Snape está?

– Snape? – Draco franziu o cenho com confusão – O que pode querer com Snape? Não ouviu que tem milhares de comensais dentro da escola?

Malfoy parecia não perceber como soava um pouco arrogante ao dizer aquilo, daquela maneira, mas de qualquer forma, Dumbledore não fez menção de o repreender.

Ao menos não por isso.

– Professor Snape – Eu quis rir quando Dumbledore corrigiu Draco exatamente como fizera tantas vezes comigo – É um homem que eu confio, preciso dele neste momento de...

– Eu já te disse incontáveis vezes que... — Draco interrompeu, revirando os olhos.

– Não confia em Snape, eu sei. Já o ouvi dizer incontáveis vezes – Dumbledore parecia muito divertido ao dizer isso, e eu soube imediatamente o porquê.

Sua frase me fez sentir um estranho dejavu, de tantas outras vezes que eu insisti que Snape não era de confiança.

E todas elas, Dumbledore tinha aquele mesmo tom de voz, aquela mesma expressão, ao ignorar minhas tentativas enfáticas de fazê-lo perceber que eu estava certo e ele errado.

Ao menos eu tinha um pouco de respeito, e não fazia aquela expressão abusada que Malfoy tinha no rosto, como se fosse o dono da verdade.

– Você tem certeza que ele é um agente duplo? Porque ele fez um voto com a minha mãe, e sabemos...

– Draco, onde está Snape? — Dumbledore o interrompeu, e eu fui levado a acreditar que Draco tinha tendência a tagarelar quando estava nervoso ou ansioso.

– Ele vinha logo atrás de mim. Deve estar se aproximando. Estavam todos lutando, ele deve estar ajudando a ordem a derrubar comensais. Ou talvez seja um dos que a ordem está tentando derrubar.

— Draco — Dumbledore disse, sério, e novamente o loiro revirou os olhos.

— Onde estão seus reforços? – Draco insistiu com ansiedade – E o que eu faço agora?

– Meus reforços, naturalmente, estão a caminho. Não se preocupe com eles.

– Certo – Draco assentiu, parecendo um pouco mais tranquilo, mas eu vi sua expressão se modificar um pouco enquanto ele torcia o lábio inferior, suspirando como se estivesse em uma batalha interna – Onde diabos Potter está? – Ele pareceu se dar por vencido ao perguntar, e eu franzi o cenho, olhando para ele de forma confusa.

Ele ainda se movia então eu tive um vislumbre de seu rosto, vendo alguns ferimentos na lateral das bochechas, e os olhos azuis um tanto atormentados. A marca negra no céu, com aquele brilho esverdeado, fazia ele parecer um tanto pálido demais.

Efeito Borboleta || DRARRYOnde as histórias ganham vida. Descobre agora