Prólogo

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Desde que comecei a me preparar para a mudança, não tenho dormido direito a noite.

Quem é que gosta de mudar pra um lugar que não conhece absolutamente nada e ninguém? A minha cabeça estava recheada de suposições sobre o que poderia acontecer no novo país e na nova universidade, a maioria delas não eram boas. Estava preocupada em ficar sozinha, não me dar bem com as pessoas de lá ou até mesmo com a forma que elas me tratariam.

Não sou muito de conversar com quem não conheço, o que torna tudo pior. Além das pessoas que não ligam o suficiente pra virem puxar assunto.

E, vencida pelo cansaço, de tanto pensar, acabei dormindo pensando no dia que nem havia chegado.

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O sinal ecoou nos corredores da universidade lotados de alunos, o que me irritou levemente, juntamente com o barulho indefinível de vozes.

Algumas pessoas que passavam, olhavam pra mim, não se importando em disfarçar. A questão era o que os chamava a atenção: as olheiras que nem a maquiagem conseguiu esconder, as roupas pretas justas ou o fato de eu ser intercambista.

Tentei ignorar, não olhando para os rostos de ninguém, nem expressando desconforto enquanto caminhava até a secretaria afim de ser orientada.

Como estávamos em uma universidade, o professor acabou me guiando até a sua aula. Ele só disse aos estudantes que havia uma aluna nova na sala e o representante daquela turma devia fazer a gentileza de me apresentar o campus.

As pessoas da sala eram todas diferentes, não pude deixar de reparar durante as explicações do professor. Havia todos os tipos de pessoas, das meninas de roupas rosa até um homem de cabelos brancos longos.

Apesar disso, decidi não falar com ninguém e voltei a apenas prestar atenção na aula.

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- Cara, eu não posso mesmo fazer isso! - O representante resmungou baixo durante a aula, ao que Zen respondeu:

- O quê?

- Apresentar o campus pra intercambista! Eu marquei de sair com uma veterana que eu tô a fim desde que entrei aqui e, se eu não ir, nunca vou ter essa chance de novo!

- Mas, como um representante, você não devia priorizar suas responsabilidades? - O platinado fez questão de zombar do colega, dando uma risadinha.

- Zen, essa é a chance da minha vida! Você precisa me ajudar! - Ele agarrou o seu braço, demonstrando todo seu desespero com uma expressão estranha.

Zen se desvencilou do toque do outro rapaz, respondendo em seguida:

- Estava pensando em te deixar sofrendo mais um pouco, mas de solteiro, já basta eu.

- Meu Deus, Zen, obrigado...

- Que burburinho todo é esse? Voltaram pro primário, por acaso? - O professor falou alto, deixando os olhos do quadro para encarar os alunos.

E o silêncio reinou outra vez na sala, mas não na cabeça de Zen...

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Durante o almoço, já que não havia nada que pudesse fazer, peguei um livro qualquer da bolsa e meus fones, pra que não precisasse ficar encarando os alunos com olhares curiosos pra cima de mim.

Coloquei a música quase no máximo e comecei a ler o nem-tão-interessante livro.

Enquanto me estressava pela falta de diálogo entre os personagens, algo ou alguém tampou a luz do sol que emanava nas páginas, me fazendo lançar um olhar com a testa franzida, tanto pela luz, quanto pela indignação.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o brilho forte que emanava dos cabelos brancos me interromperam. Não simples o suficiente para serem ignorados, os traços simétricos e satisfatórios visualmente compunham o belo homem a minha frente.

- Oi - Ele disse quebrando o silêncio - Eu sou o Zen, prazer.

- Oi, Zen.

Ele continuou me encarando, como se esperasse que eu dissesse algo a mais, mas eu não disse mais nada.

- Então... Eu não sou o representante daquela aula, mas eu vim no lugar dele pra te apresentar o campus.

- Ah... É você - Eu disse, me lembrando do menino de ombros largos e cabelos brancos da primeira aula.

- Você quem?

- Bem, você não passa muito despercebido no meio da multidão. Eu vi você na sala.

- Ah, era de se esperar! As pessoas ao meu redor chegam a ficar ofuscadas, é o carma de ser assim tão lindo - O homem disse sorrindo, parecendo realmente sincero.

Por algum motivo, eu achei isso engraçado e deixei escapar uma risada.

- O quê? Eu disse algo engraçado? - Seu sorriso se fechou, dando lugar para uma expressão de dúvida.

- Não, mas eu achei engraçado - Dei mais uma risada.

- Você não concorda comigo?

- Concordo, você é bonito e bem... chamativo, mas eu achei engraçado que, diferente de todo mundo, você nem tenta ser humilde sobre isso... Eu gostei disso.

Zen ficou em silêncio por algum tempo, a expressão confusa ainda em seu rosto. O que ela quis dizer com isso? Isso foi uma provocação? Um deboche? Um elogio?, se perguntou em pensamentos.

Até que disse:

- Você também não passa muito despercebida - Me olhou de cima a baixo, o que me influenciou a fazer o mesmo.

Ele tá debochando de mim ou me elogiando?, dei um riso de lado pela ambiguidade da frase, talvez ele também tenha achado que eu fiz isso...

- É, de fato.

Afinal, eu claramente parecia estrangeira, além das minhas roupas escuras e eu era... bonita? Se me permitem dizer. Ele deu um sorriso de lado, parecendo até que se divertir com a situação:

- Então, se você puder me acompanhar pra eu poder te mostrar a escola.

- Claro - Disse sorrindo, encarando-o diretamente para mostrar que não estava nem um pouco intimidada por ele.

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Notas

Essa história nasceu de uma ideia que tive jogando a rota da Jaehee e, honestamente, foi a melhor ideia de plot que tive.
Ela é pra ser bem simples, bem slice of life, eu só queria chegar a terminar alguma história na minha vida. There U Are foi a primeirakkkkkk
Dêem uma chance pra ela pois ela pode não ser a mais elaborada de todas, mas ainda sim é o meu xodózinho!
Estou aberta a críticas construtivas então sintam-se a vontade pra dizerem algo sobre 💖

There U AreDonde viven las historias. Descúbrelo ahora