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consertar o que foi quebrado
desdizer essas palavras
encontrar esperança na falta de esperança
me tire desse desastre
- train wreck by james arthur

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Mesmo que o furacão estivesse com pouca força ao passar pela ilha, eu sempre ficava nervosa. Fui até meu quarto e tomei um longo banho pra relaxar. Coloquei um moletom grande e shorts por baixo e desci as escadas. Peguei algumas besteiras na cozinha e fui até meu quarto, me preparando pra comer compulsivamente pelas horas seguintes.

Ao abrir a porta do quarto tomei um susto ao ver alguém do lado de dentro. Como uma pessoa muito corajosa, dei um grito e assustei o estranho, que não era tão estranho assim.

— Puta que pariu que susto.

— Você tá assustado? JJ que merda você tá fazendo dentro do meu quarto? — eu estava nervosa e ainda assustada.

— Consertando seu ar condicionado — ele apontou pro aparelho e só então percebi a maleta de instrumentos perto dele.

— Meu pai sabe que você tá aqui? — fechei a porta e joguei meus biscoitos e doces em cima da cama.

— Claro que sabe — ele respondeu com desdém. — Ou você acha que os kooks chamam outros kooks para o trabalho pesado? — revirei os olhos em resposta.

— Só termina isso pra você sair daqui logo — foi tudo o que eu disse. O loiro riu sarcasticamente e balançou a cabeça em negativa. "Mimada e arrogante" me lembrei de John B dizendo.

Liguei a televisão e comecei a passar os canais. JJ fazia seu trabalho em silêncio e parecia muito concentrado. Parei no canal de notícias justamente no momento em que os jornalistas falavam sobre o furacão.

Uma ruiva com capa de chuva disse que os cálculos sobre o furacão estavam errados. Ele viria mais forte do que todos imaginavam e não era para nenhum cidadão sair de casa até segunda ordem.

Desliguei a tv rapidamente e me senti extremamente tonta. Peguei o celular e vi mensagens do meu irmão e dos meus pais dizendo que passariam a noite fora. De repente me senti gelada e prestes a desmaiar.

— Eu terminei. Não era nada demais era só um... — JJ se interrompeu ao olhar pra mim. — Você tá bem? — ele avançou em minha direção e sentou do meu lado na cama.

— Tô — respondi mas minha voz saiu como um sussurro.

— Vou pegar um copo d'água — o menino saiu e voltou em menos de 5 minutos. — Toma.

Bebi a água em pequenos goles e respirei fundo durante alguns minutos até me sentir melhor.

— Valeu — me levantei e JJ fez o mesmo.

— Vou indo nessa — ele disse e foi em direção à sua maleta.

— Não! — eu disse num tom de voz mais alto do que eu esperava e recebi uma expressão de dúvida vindo do loiro. — Eles falaram que não é pra nenhum de nós sair de casa — argumentei.

— Seus empregados saíram — ele respondeu. — Não tinha ninguém lá em baixo quando eu fui buscar água.

O encarei por alguns segundos não suportando a ideia de ficar sem ninguém naquela casa durante a tempestade. Meu orgulho e minha ansiedade lutavam dentro de mim. Eu não queria pedir para que Maybank ficasse, mas não queria ficar sozinha.

(𝐈𝐌)𝐏𝐄𝐑𝐅𝐄𝐂𝐓 ¡! jj maybank  - hiatusOnde as histórias ganham vida. Descobre agora