Gelatina e Prótons

Hipótese

— Última daqui — Provocou depois de uns minutos e eu acabei por soltar uma risadinha inevitável. Nunca vi Jiwon impaciente, mas aparentemente ele estava ficando.

— Você vai pra casa, não vou te levar pra república.

Durante o diálogo, eu tentava a todo custo decifrar que tipo de relacionamento seria o dos dois. A fila andava devagar. Em meio a gritaria de " fulano vai no meu carro" e " vamos a pé que dá", ouvi meus dois amigos falarem algo sobre como iríamos nos deslocar até a república. Diálogo que de fato não estava prestando atenção.

— Vamos no carro do Richard.

— Aquele cara mal ta conseguindo ficar em pé de tão bêbado, que morrer? — No momento que me toquei da situação, ripostei.

— Querem carona? — Bobby propôs rapidamente para nosso trio e antes que eu dissesse algo Brandon respondeu.

— Maravilha, Naomi pode ir com você, tem lugar pra nós dois no carro do Luke.

— Que? Você não disse que não tinha espaço no carro do Luke? — Questionei.

— É que o Dante tem um bumbum enorme, ai dois assentos do banco de trás é só pra ele — A desculpa mais esfarrapada da face da terra surgiu como um passe de mágicas na boca do rapaz e eu nem tive reação, mas ouvi Jiwon rir e Dante fazer uma cara de quem falava pra parar de ser chata e deixar rolar.

— Vamo com a gente, amiga! — A menina até então calada usou o seu outro lado para se apoiar em mim, falando como se fossemos conhecidas de infância.

— Tem certeza? Você  não vai pra outro lugar?— Questionei o mais alto.

— Ele vai me abandonar em casa primeiro — Fez biquinho e eu ri.

— Vou deixar ela em casa primeiro se não minha Tia me mata, e depois a gente vai pra lá, é caminho, pode ser? — Disse mais tranquilo como de costume e eu assenti de leve.

Então ela é prima dele... pelo menos não é namorada. Não que isso seria um problema pra mim, mas talvez eu me sentiria mal de pensar na possiblidade de ter sentado mesmo que acidentalmente no colo de um cara que namora.

Entreguei o cartão para os meninos e assim que a comanda foi paga, vi minha carona fazer o mesmo. Cheguei a pegar algumas coisas que estavam sendo seguradas por ele para ajudar enquanto pagava sua comanda e a dela. Dividindo o peso da menina entre nós dois para irmos até o carro fiquei pensando na situação que me encontrava. Sempre acontece alguma coisa que de uma forma ou outra acaba nos envolvendo, e tudo acontece tão rápido que eu nem tenho tempo de absorver.

Sempre que nos despedimos, é como se eu não fosse vê-lo nunca mais. Mas sempre estamos juntos novamente.

Ontem a gente comeu uma pizza e eu pensei que só veria ele de relance no campus durante a semana ou algo do tipo. Hoje, já cai em cima dele e tô aqui, ajudando carregar a prima extremamente bêbada.

A mais baixa entrou aos tropeços no carro e eu quase fui com ela mais uma vez embolando no vestido ordinário. Jiwon deu a volta e logo sentou-se no banco do motorista, colocamos o cinto e nos primeiros minutos de trajeto achei que ela poderia ter desmaiado no banco de trás, estava deitada e silenciosa, mas preferi a deixar assim.

— Primeiro porre? — Perguntei baixinho.

— Ela estava insistindo pra sair fazia um tempo, minha tia deixou contanto que eu levasse, mas aparentemente a tolerância baixa pra álcool é de família — Confessou enquanto levantava o olhar rapidamente para a observar através do retrovisor central.

— Você conhece uma tal de Naomi? — Depois de muito silêncio a garota levantou e se enfiou entre os bancos da frente perguntando, na hora arregalei os olhos — Esse aqui é simplismente caidi..— Antes da garota terminar o carro foi freado bruscamente e graças a baixa velocidade nenhum acidente aconteceu.