Vestido ordinário

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alô alô sim sou eu com a maior cara de pau atualizando depois de dois anos, literalmente, se ainda tem alguém lendo isso, me desculpa, to de volta, é isso.

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— E aí? Beijou?! — Lisa estava claramente histérica do outro lado da linha.

— Claro — Comecei colocando um pouco de pasta na escova de dentes — Que não.

— Então o que? Ele ficou te encarando e...

— Nada, tinha catupiry na minha bochecha.

Pude imaginar o revirar de olhos mesmo que não estivesse cara a cara com a garota na linha. Caminho pelo quarto escovando os dentes em busca de uma camiseta, perdida no meio da pilha de roupas que se formou em cima da cadeira, próxima a escrivaninha.

— Não era isso, não é possível — Resmungou de forma audível depois de muitas exclamações silenciosas — Naomi do céu.

— Por um momento... — Pausei para cuspir um pouco da espuma na boca — Eu pensei que ele ia me beijar, e estava pronta pra me afogar no lago — Gesticulo como se pudesse ser vista.

— Respiração boca a boca, garota esperta.

— Que? — Encaro o celular no vivo a voz após enxaguar a boca.

— Aproveita a vida Naomi! Leva no pagode — Aconselhou — Talvez final de semana que vem eu vá aí, mas agora a minha carona chegou e eu estou pronta pra pegar ela e o motorista, amo você, tchau, beijo — Despediu-se rápido e desligou assim que fora respondida.

Solto uma risadinha com a cabeça em negação, o problema de levar no pagode e deixar acontecer é que nunca acontece nada, e quando acontece, eu corro.

Passando pela cozinha minúscula improvisada, pego uma maçã para mordiscar no caminho da lavanderia menor ainda, ligo a máquina de lavar para terminar de bater minhas almofadas que ficam jogadas em cima da cama e escuto a campainha tocar com murmúrios das vozes de Dante e Brandon.

Nisso que dá morar em prédios antigos e mais baratos, não há porteiro ou ao menos interfone, segurança a gente se vê por aí.

– Credo vocês não me dão um tempo nem nos finais de semana– Após sair correndo procurando algo pra cobrir minha calcinha de vovó, atendo a porta com a melhor postura de anfitriã.

– Tomar cuidado pra não bater aqui–  Vi Dante entrar com um comentário sarcástico enquanto abaixava ligeiramente seu corpo ao passar pela porta. Não compreendi.

– Eu to dizendo, um homem sem chifres é um homem sem defesa – Dom me deu um beijinho rápido e seguiu a linha de raciocínio que eu de fato, não estava participando.

– Vocês invadem minha casa sábado de manhã e fazem o favor de ainda me excluírem do assunto?

– Você não tá vendo esses chifres gigantescos na minha cabeça?– Dante comentou ainda mantendo a pose de brincalhão, mas ao entender meu coração apertou.

– Minha mãe sempre diz que chifre a gente já teve, tá tendo, ou vai ter – Continuei me sentando ao seu lado no tapete sem saber ao certo se continuar a vibe não nos importamos seja a melhor opção.

– Eu gostava tanto dela sabe?– A voz embargada disse o suficiente.

– Sinto muito, Dan – O abracei de lado – Muito mesmo.

Não era preciso mais nada pra entender. Um dos meus piticos estava de coração partido, e aquilo me quebrou.

–  A gente vai te entupir de mimo até você estar tão mimado que vão falar " nossa como você é mimado" e não haverá resposta porque você é mimado demais pra prestar atenção em outra coisa – Dom rastejou do puff azul bebê no meio do cômodo até o outro lado do moreno com cabelos cacheadinhos que fungava baixinho agora com a cabeça no meu colo.

Gelatina e PrótonsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora