Marik Ishtar

Seus cabelos loiros cor de areia ricocheteiam ao sabor do vento. Com camisa preta e jaqueta jeans, calça bege e botas, Marik percorre a pista de motocross a toda velocidade.

Eu queria estar ao seu lado.

Mas tudo que posso fazer é me contentar em assistir suas corridas.

De fato era muito perigoso alguém correr tanto sem capacete mas ele deixou claro que queria assim e ponto final. Fiquei apreensiva mas tive que deixar. Ele não demonstrou nenhum sinal de raiva quando eu disse que era contra as regras e que seria melhor deixar de lado essa ideia absurda.

Mas com seu olhar terno e voz baixa... fiquei completamente desarmada. Simplesmente foi impossível dizer não. Até agora tento entender como deixei ele quebrar as regras.

Ele para com sua moto bem ao meu lado.

- Vem, tenho certeza que vai gostar.

- Não sei não... - digo em um fio de voz. Ter ele tão perto de mim ainda me deixa sem saber o que dizer.

Ele desce da moto e sai da pista. Em poucos minutos está de volta com dois capacetes.

- Toma, eu vou usar também.

- Ah... nesse caso... tudo bem!

Realmente perdi a noção do que estou fazendo. Eu poderia ser vista com ele e ser demitida. Mas... pela primeira vez na vida... eu não me importo com este emprego. Dane-se o mundo, eu quero viver os últimos minutos da estadia de Marik Ishtar ao seu lado.

- Mais algumas voltas... - ele retira o capacete - agora sem!

- Ah...

Tirei o meu. Descemos da moto. Ele guardou o equipamento e subimos na sua moto outra vez.

Na terceira volta, o convenci a parar. Descemos. Tirei alguns fios de cabelo do meu rosto e sorri. Foi tão bom ter o vento bagunçando nossas cabeleiras... foi tão bom abraçar Marik.

- É sempre bom usar capacete quando se está de moto, Marik.

- Eu sei...

- Bom, ainda bem que ninguém nos viu...

- É...

- Se quiser voltar para o hotel agora...

Seus lábios me silenciaram. Em instantes, me entreguei a sensação leve, macia, deliciosa de seu beijo.

Estou bem junto de seu peito.

Suas mãos passam pelos meus longos cabelos castanhos enquanto me inebrio de seu perfume amadeirado. Como estava com os meus braços ao redor de seu alvo cabelo, me entreguei a tentação de acariciar cada mecha, todas macias.

Seus braços me apertam na cintura e logo um deles guia a mão para o centro de minhas costas para me pressionar contra si. Senti seu coração acelerar cada vez mais.

Pensei em dizer que não fugiria.

Pensei em dizer que nunca o deixaria.

Pensei até em ir com ele para onde ele quisesse.

Mas no fim, só pude me entreguar a mais de seus beijos.

- Gente...

- Aaah! - me afasto do Marik no mesmo instante. Reconheci a voz. É de uma das camareiras.

- Eu sabia que esses dois estavam se pegando.

Outra camareira disse.

- Fica tranquila, nós não vamos contar para ninguém!