"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." - Mateus 11:28
Taehyung queria estar em qualquer lugar que não fosse naquele discurso.
Os olhos passaram por cada rosto das pessoas sentadas à mesa, inquietos, cheios de tédio. Poucos eram os seus familiares, a maioria no salão era investidores ou outros de cargos maiores da Kim Enterprises. Todos estavam atentos ao discurso impressionantemente chato do diretor responsável pelas filiais em Seul, Jeon Chun-Hee.
Seu padastro.
Não que ele não gostasse de Chun-Hee. O que sentia por ele era amor, como se fossem pai e filho com o mesmo sangue correndo nas veias. Diferente de quem ajudou a lhe trazer ao mundo, Chun-Hee não foi embora e era um bom homem, atencioso e presente. O problema de Taehyung eram todos aqueles discursos chatos sobre tecnologia e seu desinteresse claro em qualquer dessas coisas. Uma das mãos segurava uma taça enquanto ele tentava permanecer atento, algo que não deu certo durante tanto tempo.
Qual é, ninguém queria saber sobre essas coisas. As pessoas apareciam nessas cerimônias para fazer doações, beber um bom champanhe... quem sabe dançar um pouco, fingir simpatia a noite toda só para manter as aparências e depois voltar para casa.
Então, ao invés de cair no sono ou beber as taças que os garçons não paravam de trazer — talvez porque perceberam que Taehyung precisava de algumas para continuar de pé —, preferiu respeitar um pouco mais seu pai. Tinha algo mais divertido para entretê-lo naquele show de horrores.
Irritar o seu irmão mais novo.
Ele cutucou o braço de Jungkook, que piscou repetidas vezes, os olhos grandes cheios de sono.
— O que foi, hyung?
— Bem que você podia ir lá em cima, tirar o microfone da mão dele e cantar alguma coisa. — disse baixo o suficiente só para ele ouvir. — Você poderia aproveitar sua voz bonita para entreter todo mundo e impedir que alguém acabe desmaiando de sono.
Jungkook olhou para as pessoas sentadas à mesa e virou a cabeça, fitando o restante do salão. Taehyung tinha razão, a maioria sequer prestava atenção.
— Ah, hyung... — se ajeitou na cadeira estofada e voltou a encarar o irmão do meio. — Não está tão ruim assim.
Taehyung soltou uma risada nasalada.
— Jungkook, convenhamos de que ele é um ótimo pai, mas um péssimo orador.
Um dos investidores da mesa ao lado se juntou aos que não se atentavam ao discurso e passou a ter olhos somente para uma das filhas do prefeito. Taehyung rolou os olhos. Típico.
— Agora o velho Do-yun quer virar o papaizinho de alguém.
Com os olhos ainda mais esbugalhados, Jungkook deu um tapinha de repreensão no irmão.
— Taehyung!
— Cadê o seu namorado? — mudando de assunto, viu as bochechas do mais novo corarem, e só não sorriu porque sabia que iria atrair a atenção de sua mãe.
— Vocês dois deveriam calar a boca. — disse Seokjin, em um sussurro, sentado ao lado esquerdo de Jungkook. — Não sejam inconvenientes.
— Que inconveniência? — Taehyung fingiu inocência. — Só perguntei sobre o namorado dele, hyung.
Seokjin bufou. Mesmo sendo o mais velho deles e acostumado a eventos como aquele por tantos anos, ainda parecia ser o mais aborrecido.
— Yoongi está ocupado produzindo um álbum novo.
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PENUMBRA • kth + pjm
FanfictionKim Taehyung sempre foi um homem sozinho. Ele sabia o que era amor de pai para filho, de irmão para irmão e aquele sentimento bom que temos a respeito de um melhor amigo. Mas ele nunca se apaixonou. Durante seus 24 anos de vida, ele nunca se apaixon...
