Sem armaduras contra o amor (JIKOOK ABO)

Capítulo 5

— Todos vocês são péssimos e despreparados — ia dizendo o general Jeon Jungkook sem mover um músculo senão os da vista, onde os olhos pareciam infiltrar-se no organismo de cada soldado e localizar todos os tipos de defeitos e fraquezas. — E muitos aqui não sabem sequer o que é a guerra, por que ela acontece e como enfrentá-la. Conhecem o nosso inimigo? — as orbes do alfa lúpus mostravam-se mais inclementes do que sua postura intimidadora. A pergunta era franca e aberta, ele esperava qualquer resposta possível, mas ninguém parecia corajoso o suficiente para responder.

A não ser o pequeno e ilegítimo alfa mal endireitado na primeira fileira da arrumação.

— Sim... — o murmúrio saíra num fio de voz, empurrado quase que automaticamente para fora dos pensamentos. Ele não pôde segurar o impulso e seu infortúnio foi o deste ter chegado tão bem aos ouvidos lupinos e apurados.

— Conhece o nosso inimigo, soldado? — Jimin desesperou-se com a súbita aproximação do general, ele estava andando até si cheio de frieza na presença e ambas as mãos cruzadas atrás das costas. O gracioso ômega ofegou, sem conseguir conter a vergonha interna do momento e o aperto no peito ao pensar em responder na frente de todos aqueles homens e acabar passando por um embaraço maior. Ele não queria essa situação, mas simplesmente não pôde evitar a lembrança de todas as vezes em que os pais dos filhotes que cuidava chegavam até seus lares infestados de lesões, fraturas, feridas e ainda mesmo piolhos. As memórias eram duras, porque na totalidade das circunstâncias, os pequeninos agarravam-se a seus progenitores e choravam como nunca antes. As companheiras ou companheiros que também esperavam aflitos pelo reencontro nada mais podiam fazer afora os cuidados e orações, afinal tudo poderia se repetir novamente.

Jimin enfrentou os olhos severos do general lúpus com certa angústia por conta das recentes recordações. Iria parecer tão sensível diante daqueles alfas caso soltasse alguma coisa da boca no momento... Mas Jungkook o olhava com tanta potência e intensidade que o ômega chegou a deduzir que o próprio sabia. Sabia de todos os seus pensamentos, da sua perturbação momentânea, ele sabia de tudo. E o jovem Park não se enganou a respeito, pois ao alcançar trinta centímetros de distância do acanhado alfa, o general Jeon interrompeu a caminhada sem perder o contato visual entre os dois.

— Muito bem. Alguém mais? — O lúpus virou e entrou logo em seguida no meio das fileiras de soldados. Sem resposta, ele disse: — Irão conhecer. Em breve. Mas irei adiantá-los com algumas informações. Escutem, pois elas valem suas vidas e qualquer falha... — ele parou, parecendo pensar nas palavras —... Bom, espero que não se arrependam de terem nascido alfas. Protejam sua família e seu país, essa é a nossa função primordial. Vocês estão aqui para isso e eu não quero saber de moleza e covardia. O medo pode ser muito bom, mas esqueçam dele, porque aqui é um campo de batalha. Ali — ele apontou para qualquer direção à esquerda — é um campo de batalha. Qualquer lugar é um campo de batalha. E o medo, homens, é o escudo dos inimigos. Ele vai te esmagar e vai quebrar sua espada. Vocês vão cair e quando tentarem se levantar, ele estará lá para derrubá-los novamente. Ele quem, soldados? — perguntou de supetão.

— O inimigo, senhor! — bradaram todos os alfas. Jimin encolheu-se, aquilo estava...

— Errado, tolos inúteis! — vociferou o lúpus, parando com o andar vagaroso. — O inimigo não vai derrubá-los. Ele vai matar vocês. E então vocês cairão, sozinhos. Eu estava falando sobre o medo. Prestem atenção! Os Gargantas Negras são impiedosos, eles não se importam com seus filhos, esposos, esposas, família, eles não se importam com nenhum de vocês. Entendam que para eles vocês valem menos do que o chão em que eles pisam. O chão que eles querem. O chão que nós iremos defender, entenderam?

— Sim, senhor!

— Não temos tempo para um treinamento sistemático. Vocês devem tornar-se ótimos soldados em questão de dias. Irão suar, irão chorar e irão implorar para voltarem para casa. Mas irão se tornar fortes e prontos para a luta. Descanso? Olhem para mim. Eu não descanso. E vocês também não vão descansar. Irão dormir pendurados e esticados, com pedras nas costas, irão treinar de armadura porque não quero facilidades. Comam somente ao som da trombeta. Banhos frios e cios... — o general já estava outra vez face a face com o agrupamento muito bem organizado de soldados. Tomou esse tempo para olhar um por um, notando grande malícia nos espíritos de diversos homens. — Serão resolvidos devidamente, e espero que não haja adúlteros por aqui. Na barraca de fármacos há ervas e remédios de controle. Não me deem problemas.