— Tê!
Eu podia fazer melhor do que isso, mas não quis soar desesperada. Nem magoar seus sentimentos. Telanius e eu somos bons amigos e por mais que uma parte minha possa acreditar que exista a possibilidade de meninos e meninas serem apenas amigos, eu sei que ele não me via assim. Esse foi uma das primeiras coisas a darem errado nessa história.
— Alana, tudo tranquilo?
Confirmei com a cabeça. Tudo ótimo meu cavaleiro de armadura reluzente. Ele não precisava de nenhuma espada ou escudo pra me proteger da cobra. Tudo que eu queria era que ele me notasse, me visse ali doida pela sua atenção. Já era de uma grande ajuda.
— Tudo certo pra hoje?
— O que tem hoje? – ele me olhou confuso.
— Eu marquei de fazer sua sobrancelha. Esqueceu? – Eu podia sentir Taffara olhando nós dois com o maior interesse, fazendo a conexão que seu cérebro de rainha da discórdia ás vezes não a deixava fazer. – Meu deus, não me fala que você esqueceu.
Ele olhou de Sara com H – que estava completamente confusa – para mim, depois arregalou os olhos. Na certa achava que eu estava tentando me livrar dela. Nem ele nem Sara com H tinham dado pela presença da encrenqueira-mór.
— Ah é verdade! Tá, tá sim confirmado. Posso te buscar na sua casa?
— Não, deixa que eu vou. Quero andar um pouco hoje – Telanius só morava algumas ruas da minha casa em Miríades, um bairro que não era rico, mas era convencional por se concentrar perto das avenidas e lojas de atacado em São Paulo. Por isso pais de crianças como Taffara, seus pais Thomas, se mudaram todos pra cá que nem animais imigrando durante a era do gelo.
— Ótimo – Telanius sorriu pra mim.
— Vocês dois não sei não hein – Sara com H olhou desconfiada. Então olhou por sobre o ombro uma vez. – Amiga você não vai acreditar quem tá aqui.
Nossa, nem me diga. Vi a expressão de Taffara e ela parecia convencida da história. Quando suas amigas, meninas mais peçonhentas do que ela se reuniram ao seu redor ela parecia distraída como numa partida de xadrez. Bem, Taffara que fizesse o que pudesse com aquilo. Telanius realmente precisava de um aparo nas sobrancelhas.
Foi por isso que horas mais tarde realmente decidi aparecer. No caminho, escutei algumas músicas, olhei na cara de alguns burgueses estranhos, pensei na vida. Até parei pra pensar em você, Thomas, o objeto de desejo de cada menina e menino da nossa sala. Você seria a caça perfeita até o último semestre daquele ano se realmente não tivesse ficado com um interesse legitimo em mim.
Bem, azar o seu.
O pai de Telanius tinha deixado ele, a mãe e os irmãos há mais de vinte e dois anos atrás, quando o irmão mais velho deles, o Barsa ainda era só um garotinho. Hoje ele é um homem e joga no Mengão Futebol Clube e sustenta a família com mesadas unilaterais – coisa normal sabe? Menino pobre fica rico e se esquece da família. Acontece com muita gente e infelizmente aconteceu com a mãe de Telanius. Ela tem três filhos pra cuidar, dois adolescentes e uma universitária. Trabalho difícil não é? Acho que você não conseguiria entender estando na sua casa perfeita paga pela carreira de bibliotecário do seu pai.
Então entrei na humilde residência deles naquele dia, dei boa tarde para a mãe de Telanius, Lindalva, e fomos até o quarto dele. Fiquei surpresa que ele não parecia tão chocado por eu ter aparecido e ainda mais chocado por ver uma pinça em cima de um travesseiro. Dei um sorriso para ele.
— Acho que é culpa minha. Quem mandou eu inventar?
— Sem drama. Eu nem tenho muita – ele deu dois tapinhas no meio das sobrancelhas e sorriu. – E enquanto você faz pode me contar que história é essa de mentir pra sua melhor amiga.
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Invisible Strings
RomanceTaylor Swift é uma musicista de primeira. E agora, inspirado em suas musicas, um triângulo amoroso na cidade de Miríades. Alana se apaixona pelo novo aluno da escola enquanto tenta superar uma antiga paixão. Ao mesmo tempo, ela e seu melhor amigo...
