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Ashley's point of view

Houston, Texas • Night  🌑

Eu estava nervosa, dirigia o mais rápido que conseguia mas o trânsito não colaborava nenhum pouco. Coloquei o endereço que Julius havia me passado no GPS, era um bairro localizado na zona mais "perigosa" de Houston, ou pelo menos eram o que diziam por ai. Demorei cerca de 30 minutos até conseguir achar uma construção grande, era um prédio cheio de kitnets, haviam vários homens pelo local, minha visão estava turva devida a quantidade de fumaça que tinha ali. O cheiro de maconha era forte, havia roupas penduradas nos parapeitos que cercavam os três andares.

Subi um lance de escadas, o kitnet 23 estava localizado no segundo andar. Assim que vi o número ao lado de uma porta com grade meu coração acelerou, Travis estava ali, talvez em um estado crítico pela quantidade de drogas que havia ingerido.

Respirei fundo e abri a grade e logo abri a porta, sem bater, sabia que se batesse eles não me deixariam entrar. Caminhei rápido ate onde era a sala, lá estava Trav, no chão ao lado de mais três caras.

- Quem é você? Como entrou aqui? O que você quer? - Disse um dos caras, Travis nem sequer abriu os olhos.

- Eu vim buscar o Travis.- Disse e logo ele abriu os olhos, parece que tinha reconhecido a minha voz.

- Ele não precisa de babá, tá bom? - Resmungou outro cara.

- Eu não sou babá dele, será que vocês podem deixar a gente a sós? - Falei.

- Vai embora. - Disse Travis se levantando do chão.

- Sem você eu não vou. - Falei.

- Vai sim. - Ele segurou forte no meu braço e me tirou a força de dentro da kitnet.

- Porra. - Falei.

- Nunca mais me procure, ouviu bem? - Ele falou ainda apertando meu braço.

- Você acha que eu te obedeço ainda? Acorda Travis! - Falei puxando meu braço. - Trav volta pra casa, você não pode ficar assim pra sempre. - Disse olhando nos olhos dele.

- E você se importa se eu morrer? Óbvio que não. - Ele disse um tanto quanto irritado.

- Me importo, porque eu me importo com você Travis. Deixa de ser birrento, vamos pra casa. - Falei segurando o braço dele.

- Já disse que não vou, não entendo o por quê de você estar aqui sendo que foi apenas mais uma das várias vadias básicas que eu comi. - Falou agressivo.

- Porra você não gosta nem de si mesmo. - Falei com ódio. - Você vai comigo pra casa agora. - Disse e o puxei.

Ele mal parava em pé devido a quantidade de álcool que havia bebido. Assim que coloquei ele no carro, dei partida para a casa dele. Travis ficou calado a viagem toda, seus olhos ficaram fechados o que me fez ficar em dúvida se ele estava desmaiado ou apenas tentando cochilar.

Assim que chegamos, eu desci e fiquei esperando ele, assim que abri a porta do lado dele, ele caiu aos meus pés.

- TRAVIS!!!!- Dei um berro.

Segurei nos braços dele e ajudei ele a levantar, logo que ele se apoiou em mim entramos para dentro de casa. Caminhamos até o banheiro mais próximo, assim que chegamos, coloquei ele embaixo do chuveiro, liguei na água fria e devagar fui tirando as peças de roupas até deixar ele apenas de cueca.

- É isso que você queria, não? - Travis falou com dificuldade.

- O que? - Perguntei o olhando. - Quer saber? Cala a boca. - Falei.

Ele riu com um pouco de dificuldade, sentei no lado dele e respirei fundo observando a situação como um todo. Eu ainda estava com muita raiva dele, mesmo depois de tudo o que ele tinha feito para me salvar.

- Eu pensei em você todos os dias, desde que você saiu lá de casa. - Ele disse e me olhou. - Você não sai da minha cabeça, não me deixa em paz. - Ele riu e eu ri também.

- Eu não acredito em você, você não é do tipo que se apaixona. - Falei e o olhei.

- Achei que não era, até conhecer você. - Ele falou e deu uma pausa. - Essa merda é clichê pra caralho. - Rimos juntos novamente.

- Travis a gente nunca daria certo, você já parou para pensar nisso? - Falei.

- Não entendo o por que disso, acho que a gente deveria ao menos tentar, não? - Ele sugeriu.

- Acho que deveríamos evitar corações partidos, nunca conseguiríamos manter uma relação saudável, por vários motivos. - Disse e esfreguei minhas mãos.

- Tem medo de mim? Que eu faça alguma coisa ruim pra gente? - Ele perguntou e me olhou.

- Não é isso, é que tipo tudo o que vem acontecendo desde que você entrou na minha vida, é difícil de explicar. - Falei.

- Então eu só trouxe coisas ruins para a sua vida? - Trav falou rápido.

- No geral sim... - Respondi.

- Então nossos momentos juntos não foram especiais pra você?- Ele perguntou um tanto quanto magoado.

- Foram mas eles não anulam os momentos ruins, eu quase fui morta umas duas vezes por causa de você. - Falei rápido e o olhei. - Eu não consigo ficar tranquila ou em paz quando eu to com você porque eu tenho medo. - Expliquei.

- Porra. - Ele falou balançando a cabeça. - Você sabe que não precisa ser assim, eu redobro a segurança pra você, sei lá. - Ele sugeriu.

- Renuncia seu cargo na gangue, volta a ser um membro normal, sem caras tentando te matar toda hora, sem muita atenção. - Falei. - É o único jeito da gente tentar alguma coisa. - Respirei.

- Olha, eu não posso, eles são tipo a minha família, eu não posso simplesmente abandonar meu cargo, quem ficaria no meu lugar? - Ele me perguntou.

- Tenho certeza que você sabe quem colocar no comando, você só não quer abandonar o seu cargo porque você gosta de dar ordens. - O olhei. - Enfim, levanta, tenho que voltar pra minha casa. - Falei me levantando ensopada e desligando o chuveiro.

- Passa a noite aqui comigo, por favor. - Ele pediu e eu concordei.

Tirei minha roupa ali mesmo e fui até o closet dele procurar alguma coisa pra vestir. Coloquei uma camiseta e um moletom, peguei uma cueca, calça e camiseta pra ele. Assim que ele vestiu fomos deitar, eu decidi ficar um pouco longe dele mas ele acabou me puxando para perto o que me fez suspirar, ficar perto dele assim era bom porque ele é cheiroso mesmo fedido. Segurei na mão dele e acariciei a mesma.

- Sabe que pode ser assim todas as noites, se tentarmos eu vou te tratar como uma rainha. - Ele falou baixinho e eu sorri, Trav estava podre de sono.

Logo eu adormeci, ali, colada nele, pensando em como seria viver uma vida com ele, pensei sobre nossos filhos, sobre possíveis brigas, como seria nosso casamento e a nossa futura casa. Mas foram só pensamentos bobos, nem sequer vou lembrar deles quando eu acordar.

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⏰ Last updated: Feb 10, 2021 ⏰

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