CAPÍTULO 07

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Dirijo até nossa casa e, quando estaciono o carro na garagem, peço que Jo não desça do carro, pois somente irei pegar minhas coisas para que possamos ir para São Francisco.

Ela ficou surpresa quando disse que agora os meninos estão morando lá, e que também iríamos. Não somente morar lá, mas morar com eles. Eu somente não disse a ela que a estou levando comigo para a turnê, mas ela descobrirá em breve.

— Eu irei descer. Ficarei sufocada aqui.

— Não! — Grito.

Ela me olha assustada. E eu arregalo os olhos.

— Desculpe-me. — Peço apressadamente. — Oh, Deus. — Coloco a mão em sua barriga. — Será que eu os assustei?

— Não, mas não faça mais isso.

— Desculpe. — Peço outra vez.

Ela descarta minhas palavras.

— Eu irei sufocar aqui, Hero. Não tenho uma lembrança muito boa da última vez que estive aqui. — Olha para a casa em nostalgia. — Mas isso é nada, perto dos milhares de coisas boas que vivemos.

— Eu sei querida. Mas não se canse, fique aqui.

A verdade, é que não quero que ela veja o estado da casa. Ela rola os olhos concordando por fim. Eu apresso-me fora do carro e, quando entro na casa, corro para o quarto, somente para recuperar algumas coisas. Jogo tudo dentro de um saco e vou escada a baixo o mais rápido que posso.

Mas paro no meio do caminho quando encontro os olhos arregalados de Jo.

— Meu Deus. — Ela sussurra. — O que aconteceu aqui?

Sai do arco da porta, caminhando até o meio do que era nossa antiga sala.

Observa as paredes negras, as cinzas do antigo sofá, a televisão quebrada e os enfeites de natal, que ao contrário dos enfeites do jardim, nunca foram removidos.

Ela vira-se para mim com os olhos cheios de lágrimas. Eu desvio o olhar envergonhado.

— Foi você? — Pergunta hesitante.

Eu não encontro minha voz, então somente aceno com a cabeça. Ela coloca as mãos na boca quando dá um soluço alto. As lágrimas agora rolam livremente por seu rosto.

— O que eu fiz com você? — Ela pergunta com a voz embargada.

Eu arregalo os olhos com suas palavras.

— Não, Jo. Você não fez nada! — Digo, seguro, mas ela não me escuta.

E chorando, caminha até a cozinha. Escuto sua exclamação chorosa de surpresa quando a sigo.

Ela agora olha espantada os cacos de vidro no chão, os armários quebrados e os eletrodomésticos espatifados.

— Jo. — Chamo-a preocupado. Ela parece que está em estado de choque. Virando-se, ela passa por mim, subindo as escadas o mais rápido que sua condição permite.

— Foda-se. — Murmuro sobre minha respiração.

Quando chego ao quarto em seu encalço, vejo que agora ela chora dolorosamente, como se sentisse uma dor na alma.

Parada no meio do quarto, ela olha o caos, o espelho despedaçado, a porta de madeira rachada e caída para o lado, o abajur jogado no outro canto junto com o criado-mudo.

— Jo. — Caminho até ela, lutando com o nó em minha garganta. — Desculpe por isso. Irei recuperar e arrumar tudo. — Prometo.

Virando-se para mim, ela joga-se em meus braços. É a primeira vez que me abraça espontaneamente depois de um mês, mas não posso respirar de alívio por conta disso. Não quando ela chora inconsolavelmente por culpa minha.

— Perdoe-me. — Sussurro em seu ouvido.

— O que eu fiz com você? — Pergunta outra vez.

— Você não fez nada. — Seguro seu rosto, obrigando-a a olhar-me. — Eu fiz isso comigo mesmo. Eu me destruí, eu me sabotei. Você somente tentou me amar, mas eu sou fodido demais para isso.

— Não. — Ela balança a cabeça.

— Shhh. Está tudo bem. — Limpo suas lágrimas com o polegar.

— Você... você tentou se matar? — Sussurra e eu quase não consigo ouvi-la.

— Não. — Sussurro de volta. — Mas eu quase cheguei a isso, Jo. Nesse último mês eu lutei para não cair sobre isso, os caras estavam em meu pé 24/7. Foi difícil Jo.

— Desculpe-me. — Ela pede outra vez.

— Pare. — Digo exasperado. — Você não tem culpa!

— Eu o deixei e...

— Você somente o fez, porque eu a empurrei para isso. Eu não a culpo e nunca irei. Eu sempre irei culpar-me por isso, por seu sofrimento nesse mês. E nunca irei me perdoar por não ter aceitado os bebês antes.

Ela olha em meus olhos com a expressão chorosa, antes de encostar a testa em meu peito e chorar outra vez.

Eu a pego em meu colo, a aninho com cuidado e, sentando na cama, eu passo a próxima hora consolando-a.

Jo dorme em meus braços e eu a carrego até o carro. Aconchegando uma manta ao seu redor, colocando seu travesseiro, o único que não destruí, em seu lado, para que ele apoie a cabeça. Ela dormiu após um tempo em meus braços e, mesmo que eu adore ficar com ela na cama, velando seu sono, eu tinha um compromisso em breve e não podia adiá-lo. Já o estava fazendo quando dedicava meu tempo para procurá-la.

E com tantos problemas, o último que precisava, era de Ayla enchendo minha bunda por adiar outra vez a reunião da turnê. Quando entro no lado do motorista, ela suspira e move-se em seu sono, fazendo com que a manta caia de seus ombros. Franzindo a testa, eu coloco a manta no lugar, antes de ligar o carro.

Está fazendo 25 graus lá fora e eu não quero que ela pegue um resfriado. Ligando o carro, eu dirijo rumo ao nosso futuro.

Uma sensação de djavú passa por mim, e a cena de quando a tirei da casa de Matt e Max, para levá-la a morar comigo, volta em minha mente.

Mas, agora, não somos somente duas pessoas dirigindo para o futuro, somos cinco. E, por mais incrível que isso pareça, a ideia não me assusta. Sorrindo com o pensamento, eu sigo para São Francisco.

MINE, Now and Forever [ Livro 2 Adaptação Herophine]Where stories live. Discover now