— Como assim?

— Você...

Antes que ela pudesse continuar, uma luz verde e forte caiu com toda velocidade no meio da sala. A pessoa que logo se pôs de pé a nossa frente era uma das pessoas mais insuportáveis que já conheci, mas era o que mais queria encontrar naquele momento.

— CAR!!! – abracei-o sem perceber o que estava fazendo e logo o larguei quando percebi seu sorriso debochado de vitória.

— Calma, amor, já estou aqui. – ele falou sorrindo mesmo depois que o empurrei para frente ao perceber o abraço exagerado.

O olhar de Kali direcionado a Car era bastante peculiar, era uma mistura de desdém e confusão, ela o desprezava, mas algo a deixava confusa.

— Você é uma árvore. – ela falou para ele como se ele não soubesse o que ele era. Depois olhou para mim e repetiu a mesma coisa, só que com palavras nada agradáveis. — Seu namorado é uma árvore.

Antes que eu abrisse a boca para negar aquela afirmação nada engraçada, Car adiantou-se em minha frente e olhou Kali Lira de cima abaixo.

— E você é uma feiticeira. – Car acariciou o próprio queixo com os dedos como se estivesse pensando em alguma ideia repentinamente, os olhos brilhando com sagacidade, de repente o olhar dele mudou, algo mostrava que não era a primeira vez que ele via Kali, ou que acabará de se recordar de onde a conhecia. — Interessante. Você está dormindo.

— Sim, e vocês estão em meu sonho. – Kali parecia extremamente irritada com aquilo, deu a volta e sentou-se na mesa como se minha presença e de Car nada importava para ela.

— É incrível que entre tantas portas você abriu logo a de uma caixinha de sonhos, e mais incrível ainda que tenha sido a dela. – Car apontou para Kali como se fizesse o maior sentido de todos os mundos o que ele estava falando ali. Ele começou a dar gargalhadas, pegou as mãos e bagunçou ainda mais os próprios cabelos. Car era o típico garoto com cara de bad boy, parecia uma mistura desenhada de Jack e Rudy, e se assim fosse, era melhor eu ter cuidado em o quanto poderia depositar minha confiança nele.

Os cabelos de Car ondulavam em seus ombros, e seus olhos peculiares agora encaravam Kali, a misteriosa garota que agora eu sabia se tratar de uma feiticeira.

— Para de me encarar, árvore. – Kali falou agora evidentemente irritada, ela não parecia ser o tipo que tinha paciência.

— Olha – ele olhou para Kali. – Você aparentemente é uma feiticeira do gelo, né? Mas tem algo a mais em você que não consigo decifrar. – Car parecia sutilmente intrigado, mas não era algo que o incomodasse naquele momento. – Enfim, você vai nos ajudar a sair daqui fácil, fácil.

— Não tem jeito, estou sonhando a dias, meses, anos talvez. Sai para procurar meu irmão, e quando vi estava presa nesse sonho sem fim. – ela falou e jogou as mãos pra cima como se reclamasse com ela mesma.

Car gargalhou novamente com algo que apenas ele havia notado.

— Mas você é uma feiticeira. – falei sem achar o sentido que esperava encontrar ao deixar aquela frase sair da minha boca, só queria que ela nos ajudasse a sair dali de um jeito ou de outro.

Kali ergueu seus olhos sob mim, agora estavam de um tom alaranjado, pareciam fogo.

— Você também é. – falou simplesmente e deu um sorrisinho. Ela levantou-se da cadeira e chegou bem perto de mim, olhando dentro dos meus olhos. – Mas a trava na sua cabeça é bem peculiar, não consigo entender bem, existe algo ai te impedindo de usar toda sua força. Eu, no meu caso, uso isso voluntariamente para que pessoas como seu amigo árvore não possam ter domínio sobre mim. – Kali olhou para Car com total desprezo.

Coral RosesWhere stories live. Discover now