14 ~ Reconciliar ~

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Caminhando sorrateiramente e sempre olhando cuidadosamente para todos os lados possíveis, me aproximo do meu armário.

Já fazem alguns dias desde o incidente do "beijo desastroso", e eu venho evitando o Kiyama desde então.
Claro que eu me sinto culpado por isso; mas todas as vezes que ele tentou falar comigo, minhas pernas me levavam para longe dele como se houvessem vida própria.
Como se isso não fosse o suficiente, também não consigo atender as ligações e nem ler as mensagens que ele me manda constantemente. E só de pensar nisso, meu corpo entra em modo de alerta.

Vendo que não há nenhum "perigo" iminente por perto, abri meu armário e peguei a carta de hoje.

Pelo menos ainda tenho as cartas do meu admirador secreto para aliviarem um pouco o peso em meu coração.
... Só espero não arruinar isso também.

"Dizer que meu coração não se aperta em meu peito seria uma mentira.
Não consigo mais manter esse segredo por muito mais tempo, tenho que te dizer quem eu sou.
Quero revelar o meu verdadeiro eu... algo que já devia ter feito há muito tempo.
Então segunda-feira tudo isso acabará, mandarei minha última carta e enfim você saberá a verdade. Quando ler as últimas palavras saberá onde meu coração está e onde pode me encontrar."

Tive que reler tais palavras duas vezes, pois meus olhos não estavam acreditando no que eu li.

Ele decidiu mesmo que irá revelar sua identidade!?

Posso sentir meu coração se acelerar cada vez mais em meu peito.
Finalmente irei conhecê-lo, esperei por isso por tanto tempo, já até posso sentir as borboletas se agitarem em meu estômago.

Sentindo meus lábios se curvarem em um sorriso bobo, suspiro e deslizo minhas costas pela superfície de metal até estar sentado no chão.
Esquecendo completamente de levantar minha guarda, quase pulo de susto quando percebi que alguém se aproximou de mim.

— Ainda está fugindo? — Disse Hoji se abaixando ao meu lado.

Suspirei em alívio por ter sido ele e não o Kiyama que se aproximou.
Em resposta a ele, apenas acenei com a cabeça em concordância.

No dia em que eu saí correndo para longe do Rantaro após beija-lo, meus pés de alguma maneira me levaram direto para a casa do Hoji.
Naquele dia contei a ele sobre meus sentimentos pelo Rantaro e o que havia acontecido no Clube de Golfe. E como sempre, Hoji me acolheu e me deu apoio, mesmo não estando muito de acordo com a maneira que estou agindo com o Kiyama.

— Wakiya, até quando você vai ficar fugindo? — Perguntou ele com um suspiro. E eu poderia simplesmente responder: "Até nos formarmos e seguirmos nossos próprios caminhos opostos, em que nunca mais vamos olhar um para o outro.", mas não posso. E até mesmo pensar sobre isso faz meu coração se apertar em meu peito. Hoji me olhou como se soubesse o que estava passando em minha mente. — Você não pode manter isso pra sempre, você sabe que uma hora ou outra terá que encara-lo. — Ele então colocou uma mão no meu ombro. — O Rantaro é o seu amigo, Wakiya. E vocês estavam se dando tão bem. ... Você quer mesmo perdê-lo, depois de tudo que vocês construíram juntos?

...Ele fala como se fosse algo fácil.
Mas ele não viu a cara que o Kiyama fez quando eu me afastei dele naquele dia.

— Ele me odeia, Hoji. — Minha voz saiu quase como um sussurro.

O rapaz ao meu lado cruzou os braços e me olhou firme.

— Se ele te odiasse, ele não estaria te enviando mensagens e nem estaria te procurando todos os dias. Ele simplesmente o ignoraria. — Então ele suavizou o olhar e amaciou um pouco o tom. — Ele não quer te perder, Wakiya.

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