CAPÍTULO 11. As primeiras análises (Finn)

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Caminhei até a casa de Jørn. Eu ainda não tinha usado nenhum transporte público e achei que não era hora de me aventurar, mas, ao mesmo tempo, não fui de Uber, queria um tempo para pensar o que, realmente, eu iria falar para aquele menino maravilhoso.

Por mais que a ideia de terminar - algo que, na verdade, nunca começamos - fazia sentido, o meu coração estava analisando todas as outras alternativas existentes. Tinha que haver um meio para tudo dar certo. Eu podia conversar com os pais de Jørn ou pedir para minha mãe, mas eu não sabia o que eu era autorizado ou não a dizer a eles, e eu tinha impressão que quase nada, já que nem tocar a campainha eu podia.

Se, ao menos, Jørn morasse na casa de Haakon, por um tempo, eu saberia que ele estava sendo bem cuidado, mesmo se eu não estivesse mais ao seu lado. Só que isso não faria o mínimo sentido, ele viveu até agora sem mim e deu um jeito, eu não tinha o direito de tomar conta de tudo só porque eu estava com peso na consciência por ter dado esperança a ele de algo que não aconteceria.

A última alternativa, fora terminar com Jørn e ver aquele gatinho lindo chorando, era mudar para Oslo.

Quando esse pensamento apareceu na minha cabeça eu tive que sentar um pouco. Encostei na mureta de uma casa e olhei as fotos dos meus amigos no celular, fucei nas redes sociais e senti uma saudade tão grande deles.

Eu ficava tentando imaginar a vida sem eles. E não parecia fácil, mas eu estava pedindo exatamente a mesma coisa para Jørn. O plano era que nós iríamos a Londres e ficaríamos lá até junho, quando o ano letivo acaba. Nem por um segundo eu pensei que ele iria querer ver o Haakon, as meninas ou os seus pais – que mesmo não sendo perfeitos, eram os seus pais.

Não tinha percebido o quão egoísta eu tinha sido em relação a Jørn. Notei que, realmente, a coisa certa a ser feita era terminar com ele e deixá-lo livre para arrumar uma pessoa melhor.

Mas eu continuava egoísta e não queria pensar em soltar a sua mão.

E se eu ficasse em Oslo?

Eu nasci na cidade, estava aprendendo a andar pelas ruas, mesmo sem me aventurar no transporte público ainda, já tinha amigos, uma escola, além de uma avó e um avô, os quais eu queria conhecer mais e seria até o meio do ano que vem só, depois os planos mudariam, como eles sempre fazem.

Mas, ao mesmo tempo, ficar aqui significava viver com o meu pai e aguentar as coisas que ele falava, ter que ser amigável com Hulda, e, talvez o pior de todos, não poder passar tempo com os meus amigos e a minha mãe, eu sabia que sentiria muita saudade deles.

Pensei que a única pessoa que saberia a resposta certa era a minha mãe, e por isso resolvi ligar para ela.

– Oi, meu filho, que saudade! – ela sempre atendia o celular muito animada quando eu ligava.

– Oi, mãe, também estou com saudade.

– Ué, que vozinha é essa? O que aconteceu aí? – eu suspirei tentando organizar a frase na minha cabeça. – Se for o seu pai eu vou para Oslo agora xingá-lo pessoalmente, quem ele acha que é para falar coisas feias para o meu filho?

– Não, não é o meu pai – eu disse dando uma risadinha da sua braveza. – Mãe, eu conheci um menino aqui, bem você sabe disso, é aquele que fez meu pai ficar louco. O problema é que eu não quero ir embora agora e o deixar aqui, então, eu o chamei para ir a Londres comigo.

– Certo, não sei se isso é uma boa ideia, mas tudo bem, e o que ele falou quando você o convidou?

– Ele disse que ia, mas os pais dele não deixaram. Eu estou indo para casa dele pra gente conversar, o seu melhor amigo falou que nós deveríamos terminar, é só que eu não queria deixá-lo aqui, para trás, parece que eu estou abandonando-o. Mãe, ele é gay e os pais dele não aceitam, não é justo isso, não é justo ele viver assim.

De mãos dadas em Tøyen (história gay) AMOSTRAWhere stories live. Discover now