Flávia

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— Maria?

(...)

— Maria?

(...)

— Maria faltou?

— Faltou, Fessora.

— Obrigado, Flávia.

— De nada, Fessora.

— Aliás, Flávia, você fez a lição da semana passada?

— Então...

— Então? Eu já disse que eu preciso dela para fechar sua nota.

— Eu vou fazer, Prô... Prometo.

— Espero mesmo que faça. Você tem até quarta para me entregar.

— Fessora... Posso fazer uma pergunta?

— Claro!

— Então... Fessora, eu falei com as meninas sobre a situação lá de casa... e...

— E?

— Não sei se você sabe, porém, lá em casa é minha mãe que trabalha e meu pai cuida da casa. Sei que não é normal, mas...

— Quem disse?

— O quê?

— Que não é normal.

— Ué... sei lá...

— É normal, Flávia. Não tem nenhum problema nisso!

— Mas quando eu falei para elas, não foi isso que pareceu...

— Aconteceu algo?

— Ah, elas ficaram meio estranhas. Nenhuma riu na minha cara, mas parecia que ninguém tinha levado a sério o que eu falei.

— Não liga para isso, Flávia. Esse pensamento delas não é o certo... Homens pode cuidar de casa tranquilamente, mulheres podem trabalhar tranquilamente também, e não há nada de errado nisso.

— Eu queria estar certa disso...

— Minha linda, não fala isso... Do que realmente importa essa fala delas? O importante é você, o que você pensa.

— Eu acho muito legal... Minha mãe também não liga, ninguém lá em casa liga...

— Isso é o que importa, só seria ruim se alguém estivesse incomodado com isso.

— Obrigado, Fessora.

— De nada, meu anjo. Olha, nunca fique assim ok? Sua mãe e você podem ser o que quiserem, assim como, seu pai e seus irmãos podem... Assim como, qualquer pessoa pode.

— Entendi...

— Não deixe ninguém diminuir você ou alguém por conta disso, não há nada para se envergonhar.

(Sinal: Recreio)

— Deixa para a próxima... Mas eu prometo continuar essa conversa, tá bom?

— Sim, Prô.

— Agora vamos comer...

Faltou, Fessora.Where stories live. Discover now