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Eu olhei para a árvore pobre que a minha tia arranjado, com todo o respeito que eu tenho pela minha tia, não posso evitar em dizer a verdade, e suspirei lembrando-me do último Natal em que tive uma tristeza parecida, tinha sido o meu primeiro Natal depois da morte da minha mãe.

Foi. . . Foi muito triste e sinceramente preferia apagar isso da minha memória. . .

Mas nem tudo foi horrível, afinal foi nesse natal que eu ganhei o meu Duke.

"

- Felix, acorda! - O meu pai tentava de todas as formas tirar me da cama que agora nós partilhávamos, mesmo que ele não gostasse. Depois da morte da minha mãe eu fiquei mais sensível e o meu pai também. Só que a minha forma de lidar com isto é diferente da dele, ele prefere afastar-me, era isso que a mãe iria querer. - Tu costumavas gostar do dia de hoje, levanta-te! É Natal.

Acho que foi essa a parte que mais doeu, o Natal sem ela. Estávamos na Austrália, logo, o tio Soo não nos podia ajudar em nada, nem o vô. . .

Este era o primeiro Natal sem a presença dela ou de alguém da família dela.

Só eu e o pai.

Para mim, não fazia sentido superar a dor como o tio Soo dizia que eu devia fazer.

Não fazia sentido, era ridículo!

Porque na altura achava que isso queria dizer que a íasesquecer e eu não queria aquilo!

Era triste pensar naquilo, eu não queria esquecê-la, queria que ela estivesse ali pra mim! O tempo todo! Eu não a queria apagar!

- Eu quero esquecer que esta data existe! - Tapei a cabeça com o cobertor. Passar um Natal sem alguma foto dela entristecia me profundamente.

Doía tanto. . .

- Eu tentei fazer bolachas. - Ele disse num tom seco e meio rude. . . O facto da mãe ter partido é muito difícil para ele, manter as tradições ainda mais.

A minha mãe fazia as bolachas, decorava a árvore e fazia a comida, era sempre assim. O pai ia trabalhar , mas no fim aparecia com brinquedos e presentes. . . Éramos nós os três, em paz neste feriado.

Mas nunca mais vai ser assim. . . E dói pensar nisso.

- Eu já vou, só preciso de ajuda com a cadeira. - Eu queria manter a memória dela viva na minha cabeça, tinha que fazer algo para isso.

Um pouco depois da morte dela, eu parei de andar. Eu não me lembro como é que isso aconteceu, mas o pai disse que os médicos não souberam explicar. Disseram que a explicação mais viável, era que devido á carga de emoções negativas e demasiado fortes os meus nervos nas pernas pararam de conseguir reagir, algo que me impossibilitou de andar.

O tio Soo disse que não era incomum algo desse género acontecer, mas era estranho ser desse jeito. De forma tão intensa numa criança, por isso eu iria precisar de fisioterapia e talvez de um psicólogo para aprender a lidar com a perda da mãe e conseguir reativar o sistema nervoso que provocava o movimento nas pernas.

Mas eu não queria nada disso, como já tinha dito, lidar com isso dessa forma fazia parecer que eu queria apagar a existência da minha mãe e o meu pai decidiu respeitar a minha decisão.

Isso levou a bastantes conflitos na minha família, a avó e as tias acharam um grande absurdo e por isso o pai trouxe me de volta para a Austrália, onde eu não tenho ninguém para além do pai para falar. . . Isso quando ele quer falar comigo. . .

Mas tá tudo bem, eu tenho memórias muito boas da mãe aqui, eu e ela brincávamos muito às escondidas.

Ela lia me histórias e ensinava-me a falar melhor.

Eu não me lembro de tudo, mas sei que ela sempre esteve aqui para mim. . . E dói. . .

Dói ela já não puder estar cá.

Arrastei me para fora da cama e sentei me na cadeira, a minha cama era baixa e facilitava o processo.

Depois de me sentar na cadeira, fui fazer as minhas coisas, escovar os dentes, lavar a cara e isso tudo.

A seguir, fui para a cozinha comer com o meu pai, as bolachas estavam horríveis já agora, caso tivessem curiosidade.

O pai cozinhava mal, muito mal mesmo. A senhora Oh sempre me trouxe o jantar, quando a tia Kim não podia cuidar de mim.

Não que a tia cozinhe bem, não.

Mas dá para o gasto e não mata ninguém, felizmente, então está tudo bem.

Mas ele tinha tentado, o que já é muito bom!

Ele raramente tenta algo para mim, então. . . Isto é incrível!

- Obrigado pai, por isto. - Eu tentei sorrir, mas ele não . . . Mas está tudo bem. - Mas vamos encomendar uma pizza ou algo assim, por favor. - Ele assentiu e foi encomendar alguma coisa, os mercados não fecham nos feriados, nem mesmo no Natal. Apenas fecham um pouco mais cedo.

Eu fiquei sentado na sala a ver televisão, depois da comida chegar. O pai foi para o escritório dele fazer algo que não me envolvesse.

Suspirei, era estranho ter alguém perto de mim, que sofria o mesmo que eu, mas se recusava a expressar que estava aqui. Que estava aqui para mim.

É assim tão difícil perceber que ele poderia compartilhar o que sente comigo e isso não o faria parecer mais fraco?

Neguei com um suspiro e acomodei me no sofá, isso quando algo pulou no meu colo.

Eu assustei me ao ouvir um latido e quando olhei sorri, era um pequeno dálmata, um filhote.

- A tua mãe nunca quis mais crianças. - Ele sorriu forçadamente e eu olhei para o filhote nas minhas pernas, ele parecia tão calmo e sossegado comigo, ele era lindo. Um dálmata como os do filme. Ele era adorável e honestamente, eu sentia que era capaz de sair da cadeira apenas por ele. - Mas ela sentia-se triste porque tu te sentias sozinho. . .

Eu sorri entre lágrimas e abracei o dálmata com força, ele tornou-se a minha esperança e a minha companhia.

- Obrigado pai! - Eu estava feliz naquele momento, pensar que tinha sido a minha mãe a pensar nele tinha me deixado alegre, eu tinha algo para me lembrar sempre dela.

- Ideias para um nome? - Ele perguntou calmamente, foi das poucas vezes que ele usou aquele tom comigo. Por isso esse motivo tornou-se ainda mais significativo para mim .

- Duke! - Eu sorri, rapidamente. Alegre com a ideia, era uma homenagem ao nome que a minha mãe me chamava quando brincávamos aos palácios. Ela me chamava de Duke em vez de Duque, porque dizia que eu era especial, então não poderia ser igual aos outros.

O meu pai fez uma careta, ele não tinha gostado, mas eu não me poderia ter importado menos.

- Porquê esse? - Ele perguntou e eu mantive o sorriso, mesmo depois do tom dele parecer mais ríspido e menos interessado.

- Eu acho especial. . . E este rapazote. . . Ele é especial. - Sorri quando o filhote de Dálmata olhou para mim. Eu sei que desde esse momento eu tenho uma ligação incrível com o meu Duke. "




Mesmo sem ela aqui eu estaria feliz, mesmo sem o meu menino aqui. . . Eu serei forte.

Ele é a minha esperança e não posso mofar só porque não estou com ele. . . Se estou aqui é porque preciso de melhorar.

- Eu vou melhorar muito, mãe e Duke! - Sorri e levantei me da cadeira onde estava, para ajudar a tia.





" - Ele não vai desistir? Interessante."



__FELIX NAVIDAD🌲❤️__

Até à próxima🐺

¡¡ Oh F**k I Have Super Powers!!Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt