• Pintar-te

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"Tudo me define na vontade que tenho em abraçá-la toda vez que a vejo. Nas sensações entre nossos beijos e o arrepio que percorre meu corpo enquanto ela puxa dele leve os meus cabelos"

 - JEONGGUK

Ligo a câmera e a posiciono na altura dos meus olhos. O meu desejo silencioso de que a lente pudesse captar exatamente a imagem que eu via foi ouvida. Afasto os cabelos do rosto, bagunçados pelo vento e admiro satisfeito a foto no visor. Levanto o olhar e vejo Marina correndo em minha direção.

As flores impressas no tecido fino e delicado do seu vestido balançam sob tua pele, acompanhando o movimento do seu corpo. Os cabelos se espalhavam pelos ombros e eram levados pelo vento e uma valsa, formando um manto. Seus olhos se fechavam um pouco enquanto teu rosto se esticava em um sorriso. Ela usava novamente aquele batom cor de vinho, o seu favorito.

O seu perfume chegou primeiro que a si mesma até mim. Ela se aproxima e coloca uma flor pequenina no meu cabelo e cai em gargalhadas como se aquilo fosse uma grande coisa.

- Ma Rin... - Protesto

- Ficou uma graça, meu bem! - Ela ri

Não consigo ignorar. Começo a rir junto pensando que vindo dela, aquela reação era mais que comum. Ela passa as mãos em meus cabelos pegando a flor de volta. Seus olhos, naquele instante, traziam uma constelação de tanto brilho.

- A tarde está linda, não é? - Diz ela olhando para o horizonte.

- Eu tirei uma foto - Mostro o visor da câmera. Ela sorriu e olha para o céu novamente.

- Parece uma pintura... - Observamos juntos o entardecer em silêncio por um tempo.

- Sabe Jeongguk, tardes como essa me lembram de você - Marina olhava o céu distraída como se estivesse imersa em pensamentos.

Olho para ela esperando que continuasse. Mas, ela não parecia ter essa intenção.

- Por quê? - Insisto

- Porque você é uma mistura de cores... Tipo, o céu azul que se mistura com o amarelo do sol e traz esses tons de laranja, vermelho, rosa... - Marina gesticulava com as mãos em direção do céu tentando exemplificar o que falava.

Quando acabou, olhou para mim, sorriu um pouco e pareceu pensar sobre a sua teria das cores.

- Se eu fosse te definir em uma única cor, eu escolheria roxo ou lilás - Eu ri achando a comparação absurda. Mas, Marina parecia falar mais para ela mesma do que para mim.

- Eu gosto de roxo

- Realmente, se parece com você - Marina ainda prestava atenção na noite que alastrava discretamente pelo céu - Porquê o roxo é a mistura de vermelho e azul que são cores que falam muito sobre você.

Maria até podia soar aleatória na maioria das vezes. Mas, com o tempo percebi que isso era o reflexo da sua forma bonita de ver e perceber as coisas e, saber que nosso amor estava entre sua percepção poética, me deixou um pouco emocionado.

Marina criava sua interpretação com base na sua imaginação e sensibilidade. Tinha um toque fofo, genuíno e inocente que se mostrava cada vez mais inspirador e cativante a cada vez que ela se abria para mim. A cada vez que se mostrava e se permitia.

Ela é linda.

Eu gostava de ouvir o que ela tinha a dizer. Amava saber que ela confiava em mim a ponto de me deixar descobri-la.

- O que isso tem haver? - Marina pensou um pouco antes de responder

- Você é intenso como o vermelho. Mas também, é tranquilo como o azul - Ela olhou para mim como se quisesse avaliar a minha reação - Pelo menos, é como eu te vejo - Abriu um sorriso por fim e eu, sorri de volta.

- Então, eu não sou roxo. Sou vermelho e azul...

- Não, não é isso! - Me corrigiu - Você é a mistura delas porque elas mostram o quanto você mudou.

Eu fiquei surpreso e a encarei. Talvez eu não estivesse entendendo e acompanhando bem o seu raciocínio. Para compreende-la em sua teoria eu teria que me esforçar. Ela percebeu a confusão que me preenchia e deu um suspiro.

- Veja bem... - Ela deu uma pausa, como se quisesse que eu reforçasse a atenção - Você já não tem tantas camisas brancas... - Diz ela puxando a barra da minha camisa - Essa tatuagem nova... - Ela olha para a minha mão - E o cabelo, então... - Ela cai no riso e eu a acompanho.

- Eu não mudei. Continuo o mesmo - Ela reflete perante a minha resposta.

- Você tem razão. Mas... você está mais confiante em ser você mesmo.

Nos encaramos e fiquei pensando o que tudo aquilo, eu e as cores, tínhamos haver. Marina ria trazendo um clima tranquilo para a conversa.

- Você sempre foi intenso, Jeongguk. Mas, agora existe um pouco mais de leveza também. Como se agora você estivesse se permitindo a ser você sem haver pressão... - Marina tocou minha mão com carinho - Sem se preocupar em chegar a algum lugar ou sem ter que corresponder a alguém. - Refletiu - O vermelho e o azul é o seu antes que resulta no roxo, o seu agora... - Marina deu uma pausa. Já era noite e as estrelas brilhavam tímidas e distantes no céu - Claro que você se conhece e se entende melhor do que eu. Mas, é só... como eu te vejo - Marina pareceu insegura e sua voz se perdeu no silêncio que se deu entre nós por um tempo.

Eu a observei. Afastei seu cabelo do rosto. Toquei seus lábios com a ponta dos dedos e a beijei.

- É bonito. Eu gosto - Ela me olhava curiosa e tímida - A forma que você me vê.

Sua expressão era fofa. Ela sorriu parecendo aliviada com a minha resposta.

- Independente de qualquer coisa, eu sempre me apaixono de novo por você, Jeongguk.

Observo meu reflexo nos olhos de Marina e recebo dela um beijo carinhoso. Meu peito se aquece e explode dentro de mim. Minha mente se desliga e eu já não presto atenção em mais nada após a sua presença se espalhar e preencher todo o ambiente e se infiltrar, principalmente, em meu corpo.

Podemos não ter controle sobre o tempo, os sentimentos, as incertezas e tantas outras coisas. Mas, ao menos naquele momento eu entendia o que se passava em mim e entre nós ou, talvez, apenas realmente gostasse do que se passava entre a gente e queria muito, continuar cultivando aquilo, prolongando-o pelo máximo de tempo possível.

Tudo me define na vontade que tenho em abraçá-la toda vez que a vejo. Nas sensações entre nossos beijos e o arrepio que percorre meu corpo enquanto ela puxa dele leve os meus cabelos. Sobre a forma que fico inebriado ao retribuir o amor que ela semeia em meu peito com carinhos em seu corpo inteiro. Sobre como compartilhamos a nossa felicidade e fazemos o corpo do outro a nossa própria morada.

Eu entendo eu e Marina como um mais um, como uma combinação. Somos duas cores que formam outra. Somos rima de duas palavras em uma poesia. Somos ritmo e melodia. Somos conexão e sintonia. Somos amor e arte. Somos decalcomania.

Explico-te, Amor: A Arte de Amar • JKWhere stories live. Discover now