• Apreciar-te

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''Trouxe a mão de Marina para o meu peito, sob as batidas do meu coraçãoEra inevitável. Meu corpo sempre reagia a ela em todos os seus sinais''


°Point of View Jeonguuk

Me debruço sobre a janela do quarto e olho o céu abrilhantado pela lua que, especialmente hoje, se mostrava ainda mais bela entre as nuvens traiçoeiras que tentavam acobertá-la sem sucesso. A noite era silenciosa e tudo que eu ouvia naquele instante era o barulho tímido das gotas de água do banho de Marina.

Comecei a me sentir melancólico ao me dar conta de que, em poucas horas, não teria mais esse privilégio de sentir o seu cheiro, suave e doce que, por agora, preenche todo o cômodo. Não teria seus carinhos delicados antes de dormir. Não ouviria de perto a sua risada gostosa. Não teria seus beijos com gosto de café e nem a veria sair do banho de roupão como agora.

Mas, tinha uma coisa que eu não gostava de presenciar e da qual nunca teria falta que era essa expressão triste que ela me mostrava, ainda de pé na porta do banheiro, me cercando com o olhar perdido e vago.

- Está tudo bem? – Pergunto, mesmo sabendo a resposta.

Ela não me disse nada. Apenas balançou a cabeça afirmadamente e aproximou-se do guarda-roupas a procura de, provavelmente, algum daqueles seus pijamas fofos com estampa de bichinhos.

Me deitei na cama, enquanto a observava. Mesmo que ela, claramente, tentasse disfarçar, eu a conhecia o suficiente para entendê-la. Fosse nos seus gestos, nas suas palavras ou no seu olhar. Um suspiro fugiu de seus lábios e logo me dei por certo em minhas desconfianças e aquela sensação estranha que vinha sorrateira antes, encravou no meu peito.

O roupão escorregou por seus ombros revelando seu corpo sob a meia luz do quarto. Quis, imediatamente, tocá-la e beijá-la. No entanto, permaneci onde estava, entre os lençóis da cama com as costas sob a cabeceira. Minha garganta ficou seca e senti meu peito ficar quente e pesado. Eu preferiria que ela viesse até mim e me permitisse acessar os sentimentos que a perturbava com antecedência.

Marina se vestiu sem pressa e se aproximou da janela, da mesma forma que eu tinha feito antes, e fechou os olhos inspirando a brisa da noite.

- Você viu como a lua está linda? – Perguntou-me, sem olhar para mim.

- Você não quer se deitar aqui, perto mim? – A chamei num sussurro, decorando sua imagem sob luar.

Ela não respondeu. Não olhou para mim e muito menos se moveu para atender ao meu pedido. A sensação que eu tinha era que ela estava se mantendo longe para tornar a dor da despedida mais suportável.

Alguns minutos de silêncio se prolongaram entre nós. Normalmente, nos entendíamos bem assim. Mas hoje, naquele instante, aquilo não funcionaria para mim.

- Me desculpe por isso... – Ela me olhou dessa vez e soltou um longo e demorado suspiro.

Aquele suspiro... eu conheço bem.

- Não se desculpe, Jeonguuk...

- Eu odeio ter que ficar longe de você – Me apressei em dizer interrompendo-a

- Jeonguuk, eu te amo, eu só... não aprendi a lidar com essas nossas separações...

Não era apropriado, mas um sorriso escapou dos meus lábios. Marina tinha esse poder em mãos. Ela sabia exatamente como me desarmar através de suas declarações, sempre repentinas e espontâneas. Elas me confortavam, pois eu conseguia sentir sua sinceridade facilmente.

Mariana é a única que conhece os meus segredos. A única que consegue me arrancar sorrisos bobos de coisas aleatórias. Ela é a única a me fazer sentir isso que eu sinto. Era por isso que eu temia.

Marina se aproximou da cama e seu cheiro me invadiu. Ela me mostrou um sorriso pequeno e seus olhos, finalmente, encontraram-se com os meus. A tensão parecia nos deixar tranquilos agora, pois, o carinho que ela fez em meu peito era um convite para compartilharmos a angústia para que não fossemos sobrecarregados. E assim, me senti, só um pouco, mais aliviado.

Marina tocou os meus lábios com as pontas dos dedos e depois passou a dedilhar o meu rosto. Seus olhos atentavam-se aos seus próprios movimentos. Um leve arrepio passeava pelo meu corpo ao seu toque delicado. Por mais que eu quisesse muito, não teria como decorar seus toques, porque eram únicos demais.

- Como lidar com a falta... – Ela disse distraída. Não parecia uma pergunta. Não parecia que ela se referia a mim. Era como se ela falasse para si mesma – Como conciliar as nossas vidas...

Eu comecei a me sentir triste. Ela estava certa. Existe muitas coisas entre nós que nos afastavam. Mas, Marina era a materialização de um dos meus sonhos. Tudo que eu queria era tê-la inserida em minha vida com a segurança de que nunca a veria sofrendo por amor. Pelo meu amor.

Trouxe a mão de Marina para o meu peito, sob as batidas do meu coração. Era inevitável. Meu corpo sempre reagia a ela em todos os seus sinais. Talvez, eu não conseguisse demostrar tudo o que eu sentia assim, com tanta espontaneidade e simplicidade quanto ela. Mas, quem sabe com ela sentindo com suas próprias mãos em meu corpo, ela percebesse.

- Você é especial demais para mim... - Disse

Seus olhos brilharam por causa das lágrimas e mesmo diante da sua emoção eu fiquei feliz. Mais uma vez, inapropriadamente para aquele momento, porque ao que parecia, ela sentia. Ela entendia o que eu queria lhe mostrar.

- Eu não quero te perder. Eu não quero que se afaste de mim - Disse segurando seu rosto entre minhas mãos, quase em súplica - Eu não quero te fazer sofrer. Mas... eu não posso te deixar ir...

- Jeonguuk... Eu não me importo com a distância. Eu quero que você seja feliz e que conquiste os seus sonhos. Desde que você volte para mim depois... está tudo bem - Marina disse tudo num jato. De uma vez só, entre lágrimas escorrendo sob seu rosto. Deixando meu coração apertado.

Minha história com Marina pode ter muitas interferências. Mas, entre tudo isso, eu tenho certeza do que sinto. Ela se tornou minha casa. Eu confio nela e sinto que ela confia em mim e fora isso, mais nada importa. Eu quero cultiva-la perto de mim e protegê-la. Queria poder fazê-la sentir amada em todas as noites para além desta.

Talvez, não há escapatória. Talvez, um de nós sempre terá que se afastar, mas, tudo bem. É algo que eu posso aprender a lidar. Pois, não importa a distância, eu sempre irei amá-la. E de qualquer forma, eu sei, que no final da longa caminhada, será para os braços dela que eu irei voltar.

Explico-te, Amor: A Arte de Amar • JKWhere stories live. Discover now