Capítulo VI - LÁGRIMAS DA PARTIDA - PARTE I

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A caminhada que os dois teriam pela frente não parecia ser nada fácil, tinham um longo caminho diante seus olhos, a estrada que levava até o vilarejo era íngreme, sem qualquer segurança, toda atenção era pouca, o caminho de chão batido era repleto de rochas, enquanto em suas extremidades algumas poucas plantas insistiam em nascer, mas deixando claro que aquele era o único caminho que poderiam levá-los ao seu destino.

Enquanto isso, vários pares de olhos os espreitava, muito antes de chegarem ao pequeno vilarejo, ocultos nas sombras passavam despercebidos, mas quem eram eles? Não tinha saber, pois apenas olhos afiados e frios acompanhavam o progresso de Listel e sua pequena filha, em um dos pares de olhos um sorriso se desenhava, revelando que estava pronto para atacar como uma serpente.

― Se preparem... Está quase na hora. ― Uma das vozes se fez ser escutada pelos demais, era rouca e profunda.

― Quase, mais ainda não é o momento, não ouse ir antes do meu sinal. ― Repreendeu uma voz sedosa e confiante, parecia ser o líder daquele pequeno grupo.

Sem saber o que os aguardava Listel e a garotinha, seguiam em direção a montanha, que era um desafio para quem não estava acostumado, vendo que poderia ser perigoso o homem de cabelos verdes seguiu em um ritmo lento, sem apressar a garotinha, assim não iria se machucar. A pequena Shina apenas sorria enquanto caminhava segurando a mão de seu pai em silêncio, o motivo de não falar era porque estava pensando em seu amigo que deixara para trás e companheiro de travessuras.

A cada passo Listel se perguntava como estaria Klaus, após ouvir o que a velha senhora havia dito, percebeu que muita coisa havia mudado, mas mesmo a distância, uma certeza que o pai da garota tinha, era que podia confiar e contar com seu amigo sem medo, por esta confiança que havia retornado para a Grécia. Pouco a pouco eles avançavam em direção ao seu objetivo quando um deslizamento de rochas os surpreendeu, bloqueando o caminho a sua frente, Listel puxou Shina para seus braços para protegê-la enquanto uma cortina de poeira se erguia por causa das rochas o fazendo tossir.

Assim que a poeira abaixou, soltou a garotinha vendo se estava tudo bem com ela, além de um pouco de poeira em seu cabelo e roupas nada havia acontecido, nem mesmo ele havia sofrido qualquer ferimento, era como se as rochas fossem colocadas ali apenas para impedir o seu progresso, ainda sobre a cortina de poeira uma voz se fez ser ouvida.

― Acho que é aqui que termina sua viagem. ― Um vulto surgiu sobre as rochas fazendo Listel colocar a garotinha atrás de si.

― Quem é você? ― Perguntava o homem de cabelos verdes tentando colocar aquele vulto em foco.

― Sou seu pior pesadelo! ― Gargalhou, enquanto mais dois vultos surgiam das arvores, impedido o caminho de volta.

Listel estava encurralado, não podia avançar e nem retornar pelo caminho de onde viera, estava sendo intimidado por bandidos que lhe queriam roubar, apesar que ele pouco, ou quase nada possuía. Assim que a poeira abaixou conseguiu ver a face dos bandidos a medida que se aproximavam, os instintos do ferreiro lhe dizia que eles eram perigosos, porém a aparência deles conseguiam enganar facilmente.

Um dele deveria ter por volta de um metro e setenta, corpo magro mais completamente definido, seus cabelos eram pretos como a noite escura, três risco profundos marcavam seu olho direito, uma cicatriz proveniente de algum animal, a marca estaca curada sendo apenas uma cicatriz uma marcada de alguma coisa que não deu certo.

O outro era mais baixo, deveria ter uns dez centímetros a menos que o primeiro, tinha cabelos alaranjados e sarnas, pele clara, mais um pouco queimada pelo sol, o terceiro era o maior dos três, parecia um armário, possuía um porte músculo. Seu cabelo possuía um corte moicano baixo, mas era possível ver o dourado de seus cabelos, seu corpo era repleto de cicatrizes de cortes, todos os três usavam uma espécie de proteção, possuíam ombreiras, peitoral, braçadeiras e caneleiras em suas pernas, como se fosse uma armadura.

― O que querem? ― Perguntou Listel com uma voz apreensiva já imaginando a resposta, enquanto tentava proteger Shina com seu próprio corpo, seu estado era de alerta.

O ferreiro também não era fraco, tantos anos nas forjas lhe conferiram um físico e força considerável, se estivesse sozinho não seria o problema, mais com sua filha ali as coisas mais complicadas, Listel sabia que não conseguiria lutar contra três de uma vez, sem contar que eles pareciam acostumados a lutar.

― Nós só queremos tudo que tem! Fora um pouco de diversão. ― Gargalhou o homem com a cicatriz no olho direito.

― Não tenho dinheiro, nem nada de valor. ― Se adiantou a explicar para aqueles saqueadores, atrás dele a pequena Shina se agarrava a perna de seu pai, o ferreiro sentia o pequeno corpo de sua filha tremer em pavor.

Listel tentava manter a calma, avaliar a situação, mas ali sozinhos e encurralados sem ter como fugir, pareciam ratos presos em uma gaiola, sem qualquer possibilidade de escapar, ou pedir ajuda.

― Bem sendo assim, teremos que ver com nossos próprios olhos, sabe como é estas coisas, se for verdade... Bem; terei que brincar com você é sua filha até eu decidir que foi o suficiente.

― Isso nunca! ― Esbravejou de fúria, enquanto a garotinha começava a soluçar..

― Vejam só! Temos um herói aqui, mas lhe dou um conselho não banque o corajoso, você não e forte o suficiente meu velho. ― Quem falara fora o gigante que bloqueava o caminho de volta, ao lado do homem de cabelos ruivos. ― Você não é nada para nós veja!

O brutamonte chamou a atenção do ferreiro, que olhou em sua direção, sem esquecer dois outros dois bandidos, o gigante fechou o punho, enquanto um sorriso se desenha em seus lábios, estava próximo a uma arvore de tronco enorme, com apenas um movimento, sacudiu toda a arvore, fazendo todas as folhas caírem, antes da mesma tombar instantaneamente, enquanto ela se partia em duas como se fosse feito de isopor.

― Isso não é nada! ―o homem com as cicatrizes, saltou das rochas, e com apenas uma mão ergueu um rochedo que deveria pesar bastante, mas ele não parecia sequer suar.

Os olhos do ferreiro se arregalaram de medo e espanto, sentia o suor escorrer pelo seu rosto, seu coração batia acelerado, ele não queria acreditar no que seus olhos estavam vendo, aquilo era impossível, não poderia ser algo que um ser humano conseguiria fazer, quem eram eles? Se perguntava Listel, sentindo a garganta secar, ver aquilo apenas o fez ter certeza que não conseguiria enfrentar aqueles homens, mesmo que tentasse, mas não permitiria que eles tocassem em sua filha, mesmo que tivesse que morrer para isso, iria protegê-la custe o que custasse.

SAINT SEIYA - MARCADA PELA DOR.Where stories live. Discover now