A primeira impressão é a que fica

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E os amigos não me tratam como você me trata

(Friends – Ed Sheeran)

Passa das 21:00hs quando entramos no prédio dos meninos. O som está tão alto que ouvimos o barulho quando saímos do elevador. Sem dúvida, o lugar deve estar mais lotado do que metrô na hora rush.

Ivy ajeita a roupa e mexe nos cabelos antes de tocar a campainha. Um cara com uma vasta cabeleireira ruiva oferece um sorriso de boas-vindas.

— Entrem, a festa só está começando! — ele nos puxa tão forte para dentro, que por um segundo penso ter deslocado meu ombro.

Antes mesmo que possa agradecer a desastrosa recepção, ele nos dá as costas e sai, nos ignorando completamente.

A reunião acabou de começar, mas já posso ver garrafas vazias espalhadas por todo lugar. O apartamento parece um purgatório de tão quente.

O espaço é pequeno para a quantidade de pessoas que está presente. Isso ia totalmente contra a lei da física.

Cinco garotas disputam a atenção de dos caras que estão do outro lado do balcão. E quando eu falo disputando, é exatamente isso que quero dizer. Estão tão maquidas que já vejo a cena de horror quando começarem a soar.

— Ivy, Nanda, vocês vieram! — Reconheço a voz de Rafael.

Ele é um dos garotos que estão sendo disputados. Ele sai de trás do balcão da cozinha, segurando uma lata de cerveja, com um largo sorriso em seu rosto. Se Jessye estivesse aqui já teria surtado com o assédio das garotas, porque ela pode não assumir, mas gostou de ter ficado com ele.

Está usando camisa preta com a frase que é  a cara dele: Sou quase advogado. Meio idiota, mais engraçado. Rafael com certeza tem senso de humor.

— Vamos ficar por poucas horas. Não. Amanhã não quero dormir na aula — fala Ivy.

— Duas horinhas não vai me matar — ele riu — Jessye não veio mesmo? — pareceu desapontado.

— Ela realmente pensou em vir — minto— mas ficou exausta depois de passar a tarde no quarto arrumando sua bagunça.

— Quem sabe da próxima?

— Com certeza ela virá — afirma Ivy.

— Estou realmente vendo uma latinha de cerveja na sua mão? Amanhã você não tem que ir trabalhar? — indago lembrando do que ele me falou na festa de sábado.

— Que memória de elefante, garota!— ele ri e nós o acompanhamos — amanhã é meu dia folga, por assim dizer. Então posso beber algumas latinhas. Vocês querem beber?

— Tem refrigerante? — pergunto.

— Olha, acho que os caras só compraram cerveja. Mas posso dar uma olhada — ele se desculpa.

— Não, tudo bem.

— Eu vou aceitar a cerveja — Ivy oferece um sorriso.

— Vou pegar então.

— Ele é uma gracinha. Jessye deveria investir. Todo mundo tem mania — Ivy fala baixinho quando Rafael se afasta.

Ivy agita a cabeça sentindo o ritmo da música.

Rafael volta trazendo apenas a cerveja.

— Desculpa Nanda, não tem nada sem álcool na geladeira. Posso descer e comprar algumas latinhas de refrigerante...

— Imagina se vou deixar você fazer isso só porque sou a única pessoa que não bebe. Estou bem.

Um garoto chega por trás de Ivy e coloca seu braço sobre seus ombros. Tem a mesma altura de Rafael, só que bem mais musculoso. Branco, mas nem tanto, com cabelos cortados na máquina zero e olhos castanhos. Sobrancelhas grossas, boca em formato de coração e um queixo um pouco quadrado. E não para deixar passar despercebido os brincos de argolas nas orelhas.

Tinha Que Ser Você 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora