Novos amigos

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E dá para ver meu coração bater, dá para ver através do meu peito

(Russian Roulette - Rihanna)

Olhamos para a mesma direção e uma garota nos observa intrigada. Tem quase minha altura, calça jeans, sandálias pretas de salto alto, blusa com corte V mostrando seu busto avantajado e longos cabelos ruivos.

— Belinda, estava falando de você.

— Espero que apenas coisas boas — ela sorri.

— Essa é Fernanda — Nick aponta em minha direção.

— A bolsista, claro. Oi, o Nick não me apresentou direito. Sou Belinda Morgan. Sei quase tudo sobre você.

— O quê? — pergunto confusa.

— Belinda sempre sabe tudo.

— Não se sinta ofendida, mas Braz Cunha precisa estar informado sobre tudo que acontece por aqui. Temos uma página no Instagram, onde estão arquivados todos os alunos.

— Mas eu não estava matriculada até quinze minutos atrás. Como obteve informações tão rápidas?

— Revelo o milagre, mais não o santo — ela ri — realizei um belo relatório ao seu respeito. Descobri que você vem de uma favela daqui do Rio, ainda não pacificada. Só não sabia que você era negra.

— Algum problema com minha cor? — pergunto me preparando para rebater qualquer preconceito com a minha cor.

— Não sou preconceituosa. É que são poucos os negros que conseguem entrar aqui. Logo você perceberá isso. Braz no seu início só aceitava filhos brancos e de famílias ricas, assim como eu. Acredite, não estou me gabando. Entrei aqui com meus méritos, e não porque meus pais compraram a minha matrícula. Não é mesmo, Nick?

— Belinda, o período ainda nem começou. Não vamos começar com esse joguinho agora.

— Ok. Trégua. Então Fernanda...

— Só Nanda, por favor.

— Tudo bem Nanda. Onde vocês estavam indo?

— O reitor me pediu para apresentar as instalações para ela.

— Então pode ir terminar o que você estava fazendo, eu conduzo nossa amiga aqui pelo campus.

— Estou com tempo livre.

— Tenho certeza de que você deve ter algo para fazer.

Belinda começa a me arrastar com ela. Olho de relance para Nick, meio que pedindo socorro. Ele apenas dá de ombros e acena, dando tchau e seguindo seu caminho.

Subimos dois lances de escadas, que acabam comigo. Belinda parece ótima, sem sinal algum de cansaço.

— Parece um pouco sem fôlego — Belinda comenta.

— Um pouco. Como consegue?

— Pratico corridas matinais diariamente. Minha aula começa às oito da manhã, então me levanto cinco e meia, faço uma corrida de uma hora. Vou para a aula, depois sigo para a sala de jornalismo do campus, onde fico o restante do dia.

— Em que momento você descansa?

— À noite quando durmo. Vem, quero que conheça minhas amigas.

Belinda empurra uma grande porta que dá entrada para um auditório.

— Jessye, Ivy, conheçam a novata.

— Belinda! Você poderia parar com isso? Já está escrito na minha testa que sou novata — tento não parecer grossa.

— Acabei esquecendo. Prometo não falar mais nisso. Meninas conheçam a Nanda.

Tinha Que Ser Você 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora