Com que roupa eu vou?

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Você é arrancado das ruínas... De seu desvaneio silencioso.

(Angel — Sarah Mclachlan)


Estava subindo o morro, quando uma moto me acompanhou.

— Voltando agora Nanda?

— Oi Joca. Moto nova?

— Um presente. Quer uma carona para casa?

— Obrigada, mas...

— É um longo caminho até sua casa. Vem, sobe aí.

Hesito. Adoro Joca de verdade, mas não quero ouvir meu nome na boca das pessoas, falando que estou me envolvendo com um membro do tráfico.

— Sobe logo.

— Ok, aceito sua carona.

A moto é uma XL, na cor vermelha, nova, sabe-se lá o que ele teve que fazer para conseguir tal presente. Eu realmente temo pela vida de Joca. Ele é super inteligente, mas ao invés disso, vive colado com homens que não têm futuro algum.

Quando Joca estaciona em frente minha casa, minha mãe está na porta observando nós dois.

— Obrigada pela carona.

— Por nada. Te vejo por aí.

Quando Joca sumiu sai, volto meu olhar para minha mãe.

— Porque está parada aí na porta? Onde está Rodrigo? Ele aprontou mais uma vez?

— Seu irmão está bem. Entre, quero ter uma conversa com você.

Merda.

— O que aconteceu?

Pelo jeito como segue direto para a cozinha, o assunto parece ser sério.

— O que conversamos sobre sua amizade com Joca?

— É por isso que está zangada?

— Você sabe no que ele está envolvido — começa a gesticular.

— Sei exatamente a vida que ele leva. Não precisa se preocupar, porque eu não estou andando com ele. Foi só uma carona.

— Eu não quero você metida em problemas. Eu não tenho condições psicológicas para aguentar outra fase sua.

— Isso ficou no passado, ok?

— Será que ficou mesmo? Tenho medo que a qualquer momento você tenha outro surto.

— Já se passaram dois anos.

Minha mãe passa as mãos nos cabelos desarrumados, respirando fundo. Vejo seu jeito sereno voltando e relaxo.

— Desculpa — diz enquanto me puxa para um abraço.

— Tudo bem mãe.

— Tenho tanto medo de te perder de novo.

— isso não acontecerá. Confie em mim.

— Ok. Deixa-me fazer algo para comer enquanto você me conta como foi lá na faculdade — minha mãe muda de assunto.

— Nossa mãe, lá é maravilhoso! A faculdade é enorme. As instalações, as salas... Tem até seu próprio jornal. Conheci uma garota, Belinda... Ela tem a própria sala, e comentou sobre uma vaga de estagiária.

— Isso é ótimo! Conta mais.

— Conheci suas amigas, elas parecem ser legais. Me convidaram para uma festa de confraternização.

Tinha Que Ser Você 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora