Capítulo 2

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É manhã de sábado, meu pai como sempre vai para o trabalho, mas hoje ele irá sair mais cedo, pelo fato de ser fim de semana

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É manhã de sábado, meu pai como sempre vai para o trabalho, mas hoje ele irá sair mais cedo, pelo fato de ser fim de semana.

Me levanto e vou tomar o café da manhã após fazer minha higiene matinal. Preparei apenas sucrilhos e logo depois peguei um cacho de uva. Depois de comer, vou para a varanda e fico observando a paisagem coberta pelo gelo, enquanto ouço música. Gosto de ficar sem fazer nada às vezes. Me relaxa.

Involuntariamente, olho em direção à casa dos meus novos vizinhos, vejo a mulher do lado de fora da porta, acompanhada pelo garoto, filho dela com toda a certeza; apesar de ela ter a aparência bem jovem... Ela dá um beijo em sua testa, entra no carro e vai à algum lugar. O garoto olha sério para mim e eu forço um sorriso tentando parecer simpática, mas ele continua com sua cara fechada e fecha a porta, voltando para dentro.

Eu hein. Que mau-educado. Já não gostei. É por isso que não tenho amigos, e se todas as pessoas forem assim também? Prefiro ficar sozinha mesmo. A solidão é com certeza uma boa companhia.

Depois de comer uma pizza no almoço, subi para meu quarto. Dormi um pouco, aliás, cochilei por um curto tempo. Uma das maravilhas de morar em um lugar como Anson, é que você pode dormir à tarde tranquilamente sem ser incomodado por barulhos de carros, pessoas etc., sem falar que o clima frio deixa o sono ainda mais agradável. Quando acordei, eram quatro e alguma coisa da tarde, meu pai já havia chegado. Me levantei e olhei pela janela, ele estava lá embaixo, tirando a neve da entrada da nossa casa. Pego meus fones e coloco Dusk  Till Dawn - Zayn para tocar, e volto para a janela.

Olho para a casa do garoto esquisito. Qual o motivo dele ter sido grosso comigo? Ele nem me conhece! Resolvi deixar pra lá, não importa. Não me interessa.

Lá pelas sete da noite, a campainha toca, estou no meu quarto até meu pai me chamar. Ajeito a roupa e o cabelo e desço.

Meu pai (aliás, o nome dele é Neo - que se pronuncia Nio - como em Matrix), está na porta, chego por detrás dele e fico ao seu lado.

— Filha, essa é a senhora Trayne, nossa vizinha. — Ele começou.

— Tudo bem? — Eu pergunto com um meio sorrisinho no rosto. — Ela é bonita e muito estilosa, chega a ser charmosa. — Mandy Donovan.

Ela aperta a minha mão, e eu tenho que dizer: ela é bem forte.

— Sasha Trayne. E estou ótima, querida, obrigada. E você? — Cumprimenta sorrindo.

— Bem, obrigada.

— Esse é meu filho, Zac Trayne. — Olhei para o garoto grosso que me virou as costas. Ele é parecido com a mãe, mas não tanto. Era bonito, muito bonito, mesmo com a aparência um pouco rígida, carrancuda. — Nós nos mudamos para Anson ontem e como vimos que vocês seriam nossos vizinhos, vinhemos nos apresentar.

Isso com certeza foi concordado apenas por ela, pois o tal Zac não parecia nada satisfeito em estar ali, muito pelo contrário.

— É uma honra conhecê-los. — Disse meu pai educadamente.

Ela continuou.

— Onde morávamos, não nos dávamos bem com nossos vizinhos, então decidimos nos mudar. E como não queremos problemas, — olhou para o filho de canto e nesse momento eu tive vontade de rir — trouxemos essa torta de maçã, como um sinal amigável.

— Obrigado. — Meu pai disse. ; Mas não precisava.

— Ora, não seja modesto. — Disse com um belo sorriso simpático, porém, meio discreto, e com um jeito caloroso, enquanto seu filho continuava sério e mal-encarado. — Bom, então nós já vamos. Foi um prazer conhecer vocês.

— Igualmente. — Meu pai disse e pegou a torta da mão dela, e eles foram embora. — Teremos sobremesa.

— Pois é... Não vai fazer amizade com eles, vai?

— E por que não?

— Ela é legal, mas o filho... — Fiz uma careta.

Ele riu.

— Vem, vamos comer.

Meu pai fez um macarrão com queijo do jeito que só ele sabe fazer. Depois comemos um pouco da torta que a sra. Trayne nos deu.Quando acabei, dei um beijo no meu pai e subi para meu quarto.


Uma semana se passou e tudo correu normalmente.Meu pai saía para trabalhar de manhã e eu ia até a janela para vê-lo sair, o que há muito tempo eu não fazia. Consequentemente, eu também via a sra. Tryne sair, devia estar indo trabalhar também. Mas seu filho esquisito, Zac, nunca saía para fora, ficava o dia todo enfurnado dentro de casa.

Mas e daí?

Todas as manhãs, quando meu pai saía, ele e a sra. Trayne se cumprimentavam. Eu gosto dela, é muito simpática.

É domingo e meu pai foi fazer trilha na floresta com alguns amigos, pelo menos ele tinha. Ele me chamou para ir junto, mas eu preferi ficar em casa mesmo...

Um tempo depois de terminar de ler um livro e escutar minhas músicas repetidamente, fico entediada. Vou até o sótão ver se tem algo de interessante. Eu sempre fazia isso quando era mais nova e ficava entediada. Ficava entretida com algumas coisas velhas que tinham lá, as que eu achava legais para brincar.  Debaixo de tantas velharias que eu inventava quando era criança (eu achava que era uma grande inventora), havia um pequeno baú de madeira em meio às teias de aranha. Estava trancado com o cadeado, infelizmente eu não tinha a chave, devo tê-la perdido, mas peguei uma marretinha do meu pai que estava jogada em um canto no chão e quebrei o cadeado.

Quando abri o bauzinho, vi várias fotos da minha mãe, cartinhas que eu escrevi para ela em seus aniversários e vários desenhos de animais, tipo lobos, raposas, tigres (lobos eram os que mais tinham), tinha também de luas e inclusive um desenho meu. Ela desenhava bem demais. Ver todas aquelas coisas me causou uma certa angústia. Minha mãe me fazia muita falta.

Me emocionei lendo todas aquelas cartinhas que eu havia escrito para ela. Impressionante como ela guardou cada uma delas com tanta segurança.

Cada foto dela que eu olhava, era uma lágrima que escorria pelo meu rosto.

Sim, eu sou sentimental, fazer o que, não é?

Várias lembranças vieram à minha cabeça de quando ela ainda era viva. Quando o papai e eu fazíamos surpresa para ela no dia do seu aniversário, em casa mesmo ou a levando para algum lugar que ela gostava de ir; de quando nós três íamos para uma área aberta na floresta, e mesmo com toda a neve caindo, nós acampávamos, ficávamos olhando as estrelas e contando as cadentes, às vezes apareciam um monte, quando tínhamos sorte.

Depois que ela foi embora, nunca mais fizemos nada dessas coisas. Ainda dói.

Tinha mais uma cartinha, mas endereçada à mim. Não ousei abrir, senti que não era a hora.

Meu pai chegou. Devia ter me procurado pela casa toda, mas como não me encontrou, foi me procurar no sótão. Se deparou com a cena de eu chorando no chão, rodeada de papéis. Ele se agachou e me abraçou forte.

— Shh... Não chore, querida.

— Por que ela teve que ir embora, pai? — Perguntei em meio às lágrimas.

— Eu não sei, meu amor. — Beijou o topo da minha cabeça.

Ficamos abraçados por alguns minutos, quando ele me tirou dali, me levando até o meu quarto. Me deitei na cama e ele me rebussou com o meu edredom.

Dormi durante toda a tarde.

Coração De GeloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora