Capitulo 2

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Entrei em casa e preparei-me para mais um fim-de-semana de trabalho. Liguei o meu Ipod às colunas e ao som de Jeff Buckley comecei as minhas tarefas programadas.

Quando para aqui vim, não sabia muito bem o que fazer, sabia que queria estar sossegada, sem o stress de ter de trabalhar 70 horas por semana, de não ter de estar sempre a justificar todas as minhas acções e a coisa surgiu naturalmente.

Um dia uma amiga francesa, disse que vinha a Portugal passar 15 dias, e perguntou-me se eu lhe dava alojamento durante um fim-de-semana. Prontifiquei-me, mais ou menos um mês depois de ela ter cá estado, mandou-me um mail a perguntar se podia dar o meu contacto a um casal amigo, que queria passar uns dias na zona do douro, e quanto eu cobrava por cada noite.

Embora eu nunca tivesse pensado ganhar dinheiro com a casa, a ideia foi ganhando forma na minha cabeça. Alinhavei as minhas regras, os preços. Não me permito alugar mais de dois quartos por fim de semana, só estou mesmo “aberta” a hóspedes ao fim de semana, e dois fins-de-semana por mês. Além disso são informados que existe o Eros, e que ele faz parte da casa, caso o animal lhes faça confusão, sugiro sempre que procurem outro lugar.

Tenho uma vida financeiramente confortável, o meu avô deixou-me uma boa herança, faço umas traduções e a minha outra vida profissional, aquela que eu deixei para trás, também me deu um bom fundo de maneio, isto tudo aliado à minha formação académica e o meu jeito inato para números, dólares e euros, permite que o meu futuro a nível financeiro não seja negro.

Sei que não preciso do trabalho que dá ter pessoas estranhas dentro da minha casa, mas gosto de vez em quando do barulho. Sei que é contraditório, ao meu estatuto imposto de quase eremita, mas sabe-me bem. E quando não estou para ai virada e recebo reservas, digo sempre que estamos lotados.

O fim-de-semana passou a correr, os dois casais que cá estiveram de nacionalidade espanhola, foram uns doces, apaixonaram-se pelas compotas da Susi e fizeram-lhe uma encomenda brutal.

A semana também está a passar a correr, curiosamente o Eros está a ser um querido estes dias e tem-se portado de forma exemplar.

Tenho visto algumas movimentações na casa dos meus novos vizinhos, mas ainda não vi o velhote. Costumo ver de longe, duas pessoas, um suponho que será o tal Miguel, e o outro está sempre sentado.

A Susi disse-me para eu arranjar uns binóculos de forma a ver a cara dos meus vizinhos, para ver se eles têm um ar perigoso. Também sugeriu que eu deveria ir lá e apresentar-me, que isso era chamada: politica de boa vizinhança.

Mas eu não fiz caso de nenhuma das suas tentativas vãs de satisfazer a sua curiosidade. Não me apetece ter de interagir com alguém, só porque mora no mesmo código postal que eu. Quer dizer não apetecia, até ontem.

Ontem o carteiro passou cá e deixou uma encomenda por engano na minha porta, telefonei à Susi, e ela imediatamente se ofereceu para ir comigo. Palpita-me que o vírus da cusquice da D. Olinda passou para ela.

Portanto aqui estou eu, aguardando pacientemente pela minha amiga, desfrutando da minha aparente calma, mas com um bichinho cá dentro a dizer que eu estou tão curiosa, como ela.

Não vejo a Susi desde sábado à tardinha, pelo quando ela chega é com espanto que verifico que o corpo dela, já está a mudar. Os seus seios estão maiores, e as ancas um pouco mais largas. Ela apanha-me a olhar para os seus seios, arregala os olhos e diz:

- Estás a gostar do que estás a ver? Nunca pensei que fosses daquelas que gosta de mamas, mas sente-te à vontade.

Eu fico envergonhada.

Quando te vi, Amor. - Capítulos apenas para degustaçãoWhere stories live. Discover now