Como conquistar seu coração

Sétimo

- Esse é, oficialmente, o dia mais feliz da minha vida – Bea diz enquanto agarra me agarra pelo braço e sai me puxando pelo pátio da escola no intervalo.

- Eu estou vendo, você está falando tão afinado que estou quase surda já. Mas não fique tão animada assim. E não pegue pesado comigo, Beatrice.

- Você gosta dele, você admite isso e agora quer minha ajuda? – Ela solta o meu braço e bate palmas. Sua expressão me dá medo. – Estou com tantas ideias incríveis! Desde ontem à noite comecei a apontar algumas mudanças que você pode fazer. Mas preciso de uma obra prima, preciso d'O PLANO, sabe? Aquele que será a chave de ouro para que você consiga conquistar ele...

- Bea! – Aperto o seu braço com mais força que posso e ela me olha assustada, finalmente parando de falar. – Pode simplesmente não gritar isso pelos quatro ventos?

Ela apenas dá de ombros como se fosse nada demais e eu respiro fundo enquanto pegamos a fila na cantina, dou uma olhada para ver o que tem disponível de comida e vejo uma coxinha bem oleosa. Opa.

- Eu não quero simplesmente mudar tudo em mim, ok? Eu apenas preciso de uma ajudinha para saber como agir.

- Ajudinha é eufemismo, né? Mas eu terei um imenso prazer de ajudar. Inclusive já listei as pequenas e sutis mudanças que você pode começar a fazer a partir de hoje e notar diferença – ela diz enquanto sorri, mostrando todos seus dentes brancos e perfeitamente alinhados, resultado de longos e dolorosos quatro anos de aparelho.

Pedimos os lanches e enquanto caminhávamos para uma mesa ali no pátio, a Bea só faltava sair pulando de tanta animação. Ela mal conseguia manter a boca fechada. Assim que eu comecei a morder minha deliciosa coxinha, ela puxou um pedaço de papel de dentro do bolso da sua calça, jogando sobre a mesa.

- Agradeça depois.

Abri o papel e me deparei com uma lista de coisas que, supostamente, eu deveria fazer para ser mais legal e conseguir atrair o Bernardo e conquista-lo. Revirei meus olhos ao pensar em como essa ideia era estúpida. Por que mesmo eu estava fazendo isso?

- Eu ainda não acredito que você topou isso, cara. Essa é a melhor coisa que poderia me acontecer nesse momento. – Olho impaciente para a Bea enquanto come educadamente um pedaço de sua coxinha, que acaba deixando seus lábios brilhosos de óleo como se tivesse acabado de passar gloss. Eu poderia avisa-la, mas nesse momento sinto que ela merece um pouco de vingança.

- Sim, basicamente eu fui obrigada a mudar, no caso. Então achei que seria bom unir o útil ao agradável – digo dando de ombros, tentando mostrar que isso não é nada demais nem o acontecimento do ano, mas logo sinto minhas bochechas queimarem. E no fundo eu sei que esse passo é mais importante do que eu tento fingir que é.

- Para de tentar fingir que você não quer isso, Mariana. Você está apaixonada por ele e não tem a menor necessidade de simplesmente ficar escondendo isso, fingindo que não é verdade, por que é.

- Não é para tanto! – Sinto minhas bochechas queimarem ainda mais. – E você sabe que há motivo sim para eu não querer esse tipo de relacionamento agora.

A Bea revira os olhos e respira pesado.

- Se eu ouvir mais uma vez sobre o fato que você tem que estudar, se dedicar ao que importa, definir prioridades e blá blá blá, eu juro que me levanto dessa mesa agora e não falo mais com você – ela diz enquanto me olha severamente, quase sinto medo. Quase.

- Mas é a verdade. Isso para mim é o que importa.

- E o que namorar te impede de conquistar tudo isso?