Central Park

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Quase que Sally não nos deixa ir embora. Mas depois de muitas promessas de que voltaríamos vivos e que, de preferência, seu filho voltaria com memória, ela nos deixou. Então resolvi levar Percy a um dos seus lugares preferidos, enquanto estava na casa da mãe:
- Central Park. Você adorava andar por aqui e ficar de bobeira. Tomar sorvete de chocolate e baunilha, olhar o lago, fazer piquenique, me encontrar... - Comentei. - No nosso aniversário de 1 mês estávamos aqui, mesmo você não se lembrando de que era o nosso aniversário.
- Talvez eu tenha tido uma perda de memória recente. Algo do tipo. - Ele tentou se safar.
Eu ri.
- Claro que não. Você esqueceu mesmo. Depois fomos em uma missão por causa de Hermes. Mas... - Ele me interrompeu.
- Mas? - ele sorriu.
- Nosso dia terminou com um jantar em Paris. - Conclui.
- Viu que eu não esqueci? - Ele falou, vitorioso.
- Claro que não, Percy. Você tentou consertar as coisas, pedindo ajuda pro Hermes depois que a missão acabou. - Expliquei.
- Ops... - Ele ficou sem jeito. - Desculpa.
Sorri.
- Isso é passado.
- Olha, sobre isso... Que história foi aquela lá na casa da... na minha casa? - Ele perguntou.
- Que história? - perguntei.
- Aquela história... De sermos só amigos. - Ele explicou.
- Ah... Você não gostou?
- Sinceramente, não.
O olhei.
- Percy, você não se lembra de nada sobre nós! - Exclamei.
- Mas você me contou várias histórias! Eu sei que não podemos sair por aí nos agarrando. Mas é estranho te chamar de amiga. - Ele falou.
- Percy, não podemos nos agarrar porque eu sou uma estranha pra você. - Eu disse.
- Você não é. E nunca será. Seu nome estava na minha cabeça quando eu acordei sem memória, lembra? Eu não te esqueço, Annabeth.
- Tudo bem, Percy. Me desculpa. - Falei, baixo. - Tente entender que não está sendo fácil pra mim.
- Pra mim também não. Eu queria poder me lembrar, queria! - Ele gritou. Dito isso, Percy pôs a mão na cabeça, sentindo uma enorme dor e caiu de joelhos.
- Percy! - Me abaixei. - Percy, o que foi?
Ele ficou sério.
- Nada, eu só... Não foi nada.
- Como "nada"? Você caiu de dor e...
- Eu sei, minha cabeça doeu um pouco. - Ele se levantou. - Já passou.
- Isso foi muito estranho. Melhor tentar ver com algum filho de Apolo. - Falei, preocupada.
- Esquece. E se eu não recuperar a memória, o que você vai fazer? - Ele perguntou.
O olhei, perplexa.
- Como assim?
- E se eu nunca me lembrar de nós dois? Nunca me lembrar de nada?
- Eu não sei... - Sussurrei, triste.
- Você desestiria tão fácil?
Fiquei calada, despreparada para responder.
- Tudo bem, desculpa.
Olhei pra nossa esquerda.
- Vamos ali. - Falei.
Nos aproximamos da barraca de sorvete. Ele me olhou.
- Deixa que eu preparo o seu. - Eu disse.
Ele deu de ombros.
Alguns minutos depois, estávamos sentados num banco do Central Park, conversando e tomando sorvete.
Percy se lambuzava com seu antigo sorvete preferido (e acho que atual também, já que ele se deliciava com o mesmo) - sorvete de chocolate, com M&Ms azuis e calda de chocolate.
- Wow, esse sorvete é muito bom. - Percy disse.
- Você nunca enjoou dele.
Ele me olhou.
- Então, seu sorvete preferido é de baunilha e calda de morango? - Percy perguntou.
Confirmei com um gesto de cabeça.
- Mas não fico no mesmo sabor de sorvete todo o tempo. Sempre mudo.
Ele assentiu.
- Temos que voltar. Treinar pra guerra. - Falei.
- Logo agora que estou mais calmo com tudo isso. Precisamos mesmo?
- Quer ficar aqui pra sempre, Percy? É perigoso dois semideuses dando bobeira aqui, sabia?
- Não me importo. Você já me disse que eu sou muito poderoso.
- Você era, quando lembrava das suas técnicas.
- Talvez eu ainda seja. - Ele disse, vitorioso.
- Isso é o que vamos ver. - Sorri. - ... Quando eu acabar com você.
Bati em seu ombro, de leve.
Ele riu.
- Gosto da sua companhia, Annabeth. Me traz uma energia boa.
Sorri.
- Também gosto da sua. É como se eu tivesse te conhecendo de novo. Mas você, no fundo, continua o mesmo cara de sempre.
Ele sorriu e voltou a tomar seu sorvete em silêncio.





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