Mau presságio?

4.8K 118 5
                                    

Porém, apesar dos meus desejos para que ele chegasse ainda naquela noite, tal não aconteceu. Apenas chegou ao aeroporto na manhã seguinte e assim que se despediu do seu pai e estava a entrar num táxi, surpreendeu-se com quem parecia esperá-lo.

- Liliana? O que estás aqui a fazer?

- Vim esperar-te. – Respondeu com uns cabelos longos que lhe recordavam os que outrora ela tivera mas ele sabia que com certeza aqueles cabelos não eram mesmo dela pois ainda há pouco tempo quando a vira, eles estavam demasiado curtos.

- Esperar-me?

- Temos assuntos pendentes.

- Não. – Negou de imediato. – Nós já conversámos tudo o que tínhamos para conversar.

- Acho que é mesmo esse o preço a pagar. – Disse com um tom falsamente sofrido. – Correste tanto atrás de mim e eu não quis saber que agora é a minha vez.

O taxista acabou de arrumar as malas na bagageira do carro e dirigiu-se para o seu assento de condutor.

- Tenho pressa. Não vou perder o meu tempo aqui contigo. – Disse, abrindo a porta do táxi e quando ia entrar, ela segurou na porta.

- Tu não me esqueceste assim. Isso não faz o teu género.

- Liliana, tu nunca quiseste saber. Para quê tudo isto agora?

- Toda a gente merece uma segunda oportunidade.

- Nem toda a gente.

O rosto da rapariga fechou-se e nesse momento, empurrou a porta, atracando os dedos dele que se ficou a queixar enquanto a viu afastar-se e apanhar outro táxi.

- Está tudo bem consigo? – Perguntou o taxista ao vê-lo entrar, agarrado à sua mão.

- Parece-lhe que sim?

- Já dizia a minha mãezinha, não se irrita uma mulher.

- Guarde os conselhos da sua mãezinha para si. – Respondeu rispidamente, cortando toda e qualquer conversa a partir desse momento.

O seu humor piorara consideravelmente à medida que reparava que os dedos das suas mãos mudavam de cor devido aquele pequeno incidente. Mal chegou a casa e encontrou o Sr. Caetano não lhe falou como devia mas este nem deu demasiada importância pois já conhecia as suas mudanças de humor.

- A viagem… - Detive-me um pouco ao ver o seu ar carregado mas assim que notei que algo tinha acontecido à sua mão, acerquei-me. – Magoaste-te? – Não respondeu, pois toquei-lhe na mão, vendo que devia doer-lhe imenso. – Vou buscar uma pomada para passar aí.

- Não é preciso…

- Mas deve estar a doer-te imenso. – Falei, acariciando a sua mão e ao contrário do que pensava, não reagiu mal. Pensei que mais uma vez fosse descarregar a sua raiva em mim mas em vez disso, sentiu-se um pouco surpreso com aquele cuidado. Sentou-se no sofá e esperou que regressasse com a pomada que apliquei com cautela, procurando não lhe causar dor.

- Se te magoar, avisa-me.

- Está bom assim… - Disse, lembrando-se quantas vezes fora brusco comigo e eu nunca lhe devolvia o mesmo desinteresse ou rispidez. Ainda que nos últimos tempos, soubesse que se tinha tentado comportar um pouco melhor, nada lhe tirava o peso na consciência da quantidade de coisas que tinha feito ou dito nos meses anteriores. – Não achas que ainda não deverias andar por aí? Reparei que ainda coxeias. Era melhor estares só sentada ou deitada.

- O médico disse que devia exercitar para recuperar mais depressa.

- Lamento não ter podido ir contigo…

SentimentosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora