Diana *

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- Menina Flora?

Abri os olhos lentamente.

- D. Rosa?

- Sim, filhinha. – Respondeu com um sorriso. – Está na hora do jantar e como parece-me um pouco cansada, trouxe-lhe a refeição aqui. Não a queria acordar mas o Sr. Brandão não ficaria nada contente se lhe dissesse que a menina saltou refeições.

- Obrigada. – Agradeci, sentando-me na cama. – Ah, o meu telemóvel não tocou, pois não? – Notei que todas as minhas coisas estavam arrumadas.

- Não. Arrumei as suas coisas enquanto dormia e penso que não a incomodei porque dormia profundamente.

Sorri.

- Ele deve estar um pouco ocupado e provavelmente também cansado de tantas viagens mas descanse que deve dizer-lhe alguma coisa pelo menos antes de dormir.

- Espero que sim. Queria pelo menos saber se a viagem correu bem.

A D. Rosa apenas sorriu e fez-me companhia durante a refeição, assegurando-se que me alimentava adequadamente e depois apesar de me ter mostrado um pouco contra, deixei que me ajudasse a mudar de roupa para algo mais confortável para dormir. Em seguida, desejou-me boa noite e deixou-me só no quarto onde fitava o ecrã escuro do telemóvel, esperando receber algo. De modo que aguardei durante bastante tempo e pude ver os ponteiros do relógio avançarem sem que nada acontecesse. O silêncio apoderou-se totalmente da casa indicando que já seria tarde o suficiente até para os empregados estarem já recolhidos assim que suspirei pesadamente e pousei o aparelho sobre a mesinha de cabeceira. Ainda o observei de longe pois se a luz do ecrã acendesse seria capaz de ver mas o tempo mais uma vez foi passando e as minhas pálpebras não resistiram a essa passagem do tempo e acabaram por ceder.

Na manhã seguinte quando acordei, peguei no telemóvel e senti um frio na barriga quando vi que tinha uma mensagem. Apressei-me a premir o botão para ver o conteúdo mas logo vi que a mensagem não era de quem eu esperava. Era da Isabel a perguntar se a passagem de Ano Novo tinha sido boa e se tinha bastantes fotos para lhe mostrar. Também reparei na hora em que havia sido enviada e fazia pouco tempo e por isso, decidi ligar-lhe.

- Acordei-te, Flora? Desculpa!

- Não, não me acordaste. – Respondi com um sorriso leve.

- Já estou em casa.

- Voltaram cedo. Pensei que ainda fossem ficar lá alguns dias.

- O pai chamou-o para uma viagem de negócios e por isso tivemos que voltar antes mas tenho algumas fotografias para te mostrar.

- A sério? Sabes enviar? Ou melhor ainda, posso ir aí visitar-te! Estou cheia de saudades!

- Acho que a tua visita iria fazer-me bem.

- Oh então? Estou a pressentir tristeza nesse tom de voz! O que se passa? Estás triste porque o Real Esposo não está em casa?

- Também mas… - Fiz uma pausa. – Pensei que fosse dizer-me que estava tudo bem…

- Não te disse nada quando chegou da viagem? Nem uma mensagem?

- Não…

- Bem… já sabes que esse gajo é de luas ou seja, às vezes parece um tipo mais decente e preocupado e outras vezes nem por isso.

- Talvez estivesse cansado.

- Pois talvez mas mexer os dedos no telemóvel para mandar uma mensagem não deveria ser algo de outro mundo mas enfim… Vou arranjar-me e vou aí ter, pode ser?

- Claro e o Nuno?

- Queres que ele vá também?

- Também estou a sentir a falta dele e assim conversamos os três senão te importares.

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