Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2

Capítulo 35

JULIA

Deveriam ser apenas exames de rotina anuais que meus pais me obrigavam a fazer desde que eu era criança. Eu passei por carência de ferro durante toda a vida. Nada grave. Algumas vezes eu precisava tomar comprimidos para que não progredisse para anemia. Por isso, eu precisava ser monitorada pelo menos uma vez por ano.

Há algumas semanas, em uma dessas consultas, o médico me perguntara se havia alguma possibilidade de eu estar grávida. Um alto e sonoro não fora minha resposta. Embora tenha comentado por alto sobre meu relacionamento com Jude e que algumas vezes havíamos sido, digamos, descuidados. O Dr. Thomas por sua vez disse que era melhor se certificar antes me receitar a medicação.

O exame que verificava o nível de HCG no sangue, o hormônio da gravidez, foi feito naquele mesmo dia, e o resultado saiu horas depois. Minutos mais tarde a recepcionista me mandou de volta consultório, onde o Dr. Thomas me disse a seguintes palavras: "Não sei como te dizer isso, Julia, mas você está grávida", e então me entregou o papel que dizia exatamente aquilo, mas em palavras um pouco mais complicadas. Todavia, não havia duvidas. Bem ao lado da sigla "HCG" a palavra "positivo" parecia gritar, impressa em letras garrafais.

Grávida!

Eu estava grávida!

Como isso era possível?

Quando questionei isso, o Dr. Thomas passou os minutos seguintes me dando uma gama de explicações sobre como os anticoncepcionais eram um método eficiente, e que tinham porcentagem de falha de 0,1%, mas que em casos raros eles podiam falhar. E agora eu fazia parte dessas estatísticas. Eu simplesmente não podia acreditar. Saí do consultório com as pílulas de ferro, mais alguns medicamentos que o médico receitara, além de uma lista enorme do que fazer e não fazer nos próximos meses. Naquele momento eu não sabia ao certo quantos meses. Dr. Thomas disse que um ultrassom era o próximo passo. Ele nos ajudaria a saber de quantas semanas era minha gestação e também como estava o bebê.

Bebê. Havia um bebezinho crescendo dentro de mim. De novo.

Falei que ligaria para marcar o ultrassom em breve. Antes eu precisava de um tempo para processar tudo aquilo. Eu estava assustada, preocupada e com medo. Ainda assim, um sentimento maior sobressaía-se ao demais. Eu estava feliz. Feliz por que eu teria para sempre uma parte do homem que eu amava, embora o homem em questão não fizesse mais parte da minha vida. Meu coração há tempo havia se conformado que um amor como o nosso era único. E naquele momento eu só conseguia me sentir agraciada por poder ter para sempre um pedaço dele comigo.

Eu marquei o ultrassom para dali alguns dias. Contei para Monica, me sentindo mal por Jude não ter sido o primeiro a saber. Como eu não fazia a menor ideia sobre qual seria sua reação, decidi pedir reforços, que nesse caso foram os valiosos - e muitos raros - conselhos da minha amiga. Monica logo me incentivou a dizer a Jude. Ela me tranquilizou dizendo que pelo pouco que o conhecia, dava para notar que Jude era um cara direito e que me apoiaria. Só que eu não tinha dúvidas quanto a isso, e nem estava preocupada. O que tirava meu sono a noite era a mesma coisa que me fizera terminar com ele: eu não queria ser um fardo. Não queria que ele deixasse de viver seu maior sonho porque eu o obrigara a isso.

Depois, foi a vez de me emancipar. Ignorando os intermináveis protestos de Monica, comecei a procurar um novo apartamento. Eu não poderia obrigá-los a me abrigar sob aquelas condições. Eu não estava mais sozinha, e era importante saber que não estava incomodando ninguém. Não demorou até que eu encontrasse um novo lugar especial. Ruth, uma amiga da SVA me avisou sobre o uma apartamento que ficara vago no prédio onde morava. Juntas, entramos em contato com o corretor; e com uma ajuda das economias que eu havia juntado até aquele momento, consegui locá-lo. As instalações eram ótimas, por ser tratar de um edifício construído recentemente. O aluguel era um pouco pesado, mas com o dinheiro do estágio e graças a bolsa que ganhei, eu poderia pagá-lo. Acontece que meu novo prédio ficava somente alguns quarteirões do antigo, e Monica com certeza passaria sempre por lá.