Capítulo 20

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Julia

Eu abri meus olhos quando o calor dos raios da manhã preencheu o quarto. As cortinas entreabertas permitiam apenas uma leve luz. Minúsculas partículas brilhantes de poeira dançavam em frente à janela, tornando o ambiente agradável e calmo.

Este era um bom jeito de acordar.

Pensei comigo mesma, sentindo-me feliz e relaxada envolvida pelo corpo do homem da minha vida. Devagar os eventos da noite anterior adentraram meus pensamentos, trazendo um sorriso preguiçoso aos meus lábios sonolentos.

A grande mão pousada em minha cintura roçou minha pele de leve, fazendo meu estômago formigar. Envolvi sua mão com a minha, traçando os relevos e depressões sobre ela. O desejo se acendeu em meu corpo apenas com esse toque. Eu queria me virar e beijar Jude até nós dois perdermos os sentidos.

Entretanto, outras necessidades vieram a tona, e meu estômago grunhiu concordando.

- Estou com fome. - sussurrei.

Ele inalou profundamente o meu cabelo. Eu quase podia vê-lo sorrindo enquanto fazia isso.

- Fome, é? - perguntou.

- Sim. Morrendo.

- Então precisamos resolver isso já.

-Uhum... - eu sorri.

- Volto já. - O colchão se mexeu quando ele levantou.

Enquanto Jude ia até a cozinha, decidi me levantar e ir ao banheiro. Era melhor estar com um hálito mais adequado caso ele desejasse me beijar. Espero que ele faça.

Parei no meio quarto, levando um minuto para olhar à minha volta. Era a minha primeira vez na casa de Jude. Ontem não pude prestar atenção em muita coisa, mas hoje percebo que a decoração é de muito bom gosto. Dá para ver claramente um toque feminino em cada canto.

Enquanto eu olhava em volta, ficou impossível me livrar da sensação desconfortável na boca do estômago. Algo sussurrava em meu ouvido que Jude não era o autor.

Tudo era claro. Das paredes ao teto. Era aconchegante o modo como as cortinas brancas estavam em sintonia com as roupas de cama, como se fosse uma extensão de ambas. O abajur sobre a mesa antiga no canto do quarto dava um toque exuberante e elegante, e a brisa fresca fazia a cortina fina dançar sobre ela. O banheiro era igualmente ornamentado. Cheio de toques femininos.

Toques de Laura.

Mordi o lábio inferior, e fechei os olhos. Mentalmente ordenando que esses pensamentos fossem embora. Era óbvio que em algum momento o fantasma da ex-namorada de Jude pairaria sobre nós. Eles estiveram juntos por tanto tempo, que seria impossível que ela simplesmente sumisse de sua vida sem deixar rastro. Eu teria que aprender a lidar com isso. Jude era meu agora.

Lavei o rosto, e procurei pela escova de dente de Jude. Ao abrir o armário, eu encontrei. Duas. Voltei a fechar a porta sem pegar nenhuma delas. As leves inclinações nas cerdas me disseram que ambas já haviam sido usadas. Improvisei uma escova de dente com o dedo, e enxaguei minha boca. A todo tempo me questionando porque raios, Jude ainda mantinha as coisas de Laura em seu armário do banheiro. Será que também haveria roupas dela na cômoda ou no guarda-roupa?

Um leve mau humor começou a me dominar. Eu queria não ligar para essas coisas. Provavelmente Jude se esqueceu de devolvê-las ou simplesmente jogá-las fora.

Caminhei até sua cômoda, com o objetivo de encontrar alguma coisa que pudesse cobrir meu corpo ainda nu. Meu inconsciente me lembrou que essa era apenas uma desculpa para meu propósito real. Correndo o dedo pelo móvel frio e liso, eu pedia silenciosamente que não houvesse nada exceto as coisas de Jude ali. Sinceramente, não consigo imaginar minha reação se houver calcinhas vermelhas de renda dobradas entre camisolas pretas sexys.

Impossível Resistir - Serie Paradise City - Livro 2Where stories live. Discover now