26 - Capítulo

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        Becky Armstrong 


Acordo com um cheiro delicioso de ovos e bacon. Antes mesmo de abrir os olhos, o meu estômago ronca alto, anunciando que estava faminto. Acho que se trata de um sonho, até porque fazia meses que eu preparava o café da manhã de casa, e não tínhamos empregada, porém, o cheiro persistiu, e embalada pela curiosidade, abro os meus olhos, afasto o edredom e enfio os meus pés nas pantufas.

Os meus olhos ardiam um pouco, embalados pelo sono. Olho rapidamente para o criado-mudo e o relógio aponta que são cinco da manhã. O dia ainda estava amanhecendo, e o frio se mantinha presente. Abraço o meu corpo para me esquentar e desço as escadas. No meio do caminho, o receio me invade... E se for algum ladrão? Bem. Ladrão faz café da manhã ou só rouba? Porém, o receio esvaiu-se da minha mente ao ouvir a voz grossa do Elvis Presley vindo do som.

Não acredito nisto.

A alegria invade todo o meu ser quando percebo o que está acontecendo, e não posso deixar de ficar mais que feliz. Desço o resto das escadas, correndo e só paro no batente da cozinha.

É um sonho. Um grande e lindo sonho.

Mãezinha estava cantarolando, e mexendo os ovos na assadeira. O seu semblante estava um pouco corado, algo que não acontecia a um bom tempo, e ela tinha firmeza em seus movimentos. Parecia feliz. Radiante, na realidade. Era uma melhora. Coisa rara, mas estava acontecendo. Os meus olhos lacrimejam, e a emoção toma conta de mim.

- Filha! - mamãe sorriu a me ver. Gingando suavemente o seu corpo ao som de Hound Dog . -Você acordou... Aposto que foi o cheiro da comida, hum? - brincou, soltando uma risadinha.

Eu rir também.

Olhando a mamãe assim fazia-me esquecer do quão triste me sentir ontem por conta de Freen que a nenhum momento me procurou. Nem depois do colégio, nem á noite, simplesmente esqueceu-se da minha existência e isso fazia um buraco grande em meu peito que era difícil de sufocá-lo. Mas ao me deparar com a vitalidade de mãezinha, tudo se transformou em suportável.

- O cheiro me atraiu bastante. - digo entre sorriso e admiração por vê-la tão bem.

- Como uma boa taurina que se preze. - ela piscou, e eu soltei uma gargalhada. - Já que está acordada, por favor, coloque a mesa e vamos desjejuar. 

- A senhora que manda, madame. - bati continência e mamãe riu.

A cena que se sucedeu foi típica de uma família americana. Parecíamos até recém-saídas de algum comercial de margarina ou farinha de trigo. Entre risos e dancinhas esquisitas na batida animada de Blue Suede Shoes que fizemos ás coisas: Eu coloquei a mesa, e mamãe terminou o café da manhã. Antes de sentarmos para desjejuar, ela segurou em minha mão e me puxou para remexer na velocidade da música. Fico com medo de que ela caia, mas ao ver a felicidade brilhando nos seus olhos azuis, esqueço-me do medo e deixo apenas que a diversão nos consuma. Dois pra lá e dois para cá , e as gargalhadas aumentavam, felizmente, o avermelhado nas bochechas de mamãe também.

- Chega! -ela disse rindo e sentou-se na cadeira com a respiração ofegante e a mão no peito. - O seu pai estava vivo a última vez que dancei assim. - comentou de bom humor, então, colocou ovos e bacon no meu prato.

- Papai era um excelente dançarino. - falo ao me sentar. Pego o garfo e belisco os ovos, estão deliciosos! - Que delícia, mamãe. A senhora tem um ótimo tempero, queria saber cozinhar assim.

- E você sabe. Sua comida é louvável, minha filha. - disse se servindo, fico mais feliz ainda ao vê-la enchendo o seu prato, aparentemente, estava com fome. - Você só precisa se valorizar um pouco, porque você é boa em tudo que faz.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now