Antes mesmo do novo vírus se espalhar pela Coreia, Ryu já sabia que estava infectada. Usada como cobaia em um Laboratório Militar, fugiu semanas antes da doença que transformava os humanos em monstros se espalhar pelo país até destruí-lo. Até então...
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- Você está vivo. - sussurrei, ainda desacreditada.
Sunwoo estava na minha frente. Pela primeira vez em meses, em carne e osso. Não era um sonho.
Me afastei dele, analisando seu rosto por alguns segundos. Os olhos cinzas, puxados para a cor preta, me encaravam com um brilho de felicidade.
Os olhos de Sunwoo raramente transmitiam algo triste. Só me lembro de algumas vezes que isso tenha acontecido, durante o luto pela morte de Ishida e de quando ele foi adotado, tendo que lidar com a família que tanto odiávamos. Eu senti falta desse brilho. Não conseguia ficar triste perto dele, principalmente quando Sunwoo sorria, deixando as covinhas ocuparem sua bochecha.
- Eu te trouxe uma coisa. - ele colocou a mão no bolso da calça moletom, tirando de dentro uma barrinha de chocolate. - É o seu preferido. Não consegui encontrar um tamanho maior. Guardei para você, queria te dar quando nos reencontrássemos. Não sabe o quanto eu torci para que estivesse viva.
Peguei o chocolate de sua mão, dando um sorriso. Essa é uma demonstração de carinho muito comum de Sunwoo. Ele gostava de dar presentes.
- Eun Hyuk viu você nas câmeras de segurança. Fiquei sabendo que você estava vivo a menos de um dia. Passei a noite pensando onde você poderia ter ido. Onde esteve durante esse tempo?
- Eu esperei do lado de fora. Escondido, caso os militares decidissem vir atrás de mim. Fiquei perto da entrada, assim conseguiria te ver, caso entrasse no prédio.
- Então... pelo visto, você não me viu.
- Não. Mas você me viu, não é? Com aquela bola de fogo que veio direto para mim.
- Vi, mas não sabia que era você. Foi a Outra quem me mostrou.
Sunwoo abriu a boca, prestes a dizer algo, quando foi interrompido por outra voz.
- Quem é Outra? - perguntou Eun Hyuk, entrando na Sala de Quarentena e sorrindo quando seus olhos encontraram-se com os meus.
- É o monstro na minha cabeça.
Eun fez uma careta, confuso. Se aproximou, parando em minha frente e me abraçando.
- Que bom que acordou. Ficamos preocupados.
Ele se afastou, olhando para Sunwoo.
- Hyun-su foi buscar algo para você comer. Ele não deve demorar. - virou-se para mim. - Vim ver como estava. Ele tinha dito que você estava melhorando.
- Escutem, o que aconteceu comigo?
Eles arregalaram os olhos.
- Não se lembra de nada? - perguntou Sunwoo. Balancei a cabeça, negando.
- Você saiu com um grupo atrás de suprimentos. Precisávamos de equipamentos para a cirurgia de Ji-su. Um monstro atacou vocês, e você acabou se machucando mais que os outros.
