Capítulo 62 - Henrique

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Henrique

Quando eu saí do presídio, sem perceber meus pés me levaram até a igreja. Não a igreja que eu ia, mas a catedral, do outro lado da ponte da cidade. Desde quando eu havia me mudado, eu não tinha ido mais ali, pela falta de tempo e pela distância. Quando cheguei a porta e entrei, me sentei no último banco. Estava tendo reunião e me lembrei quando eu era obreiro ali na catedral. Era tudo tão mais fácil!
Minha vida nunca havia sido perfeita, mas nos anos que eu estava ali, tinha sido bem melhor do que a atual situação que eu estava passando.
Lá, eu era o obreiro mais novo, e não tinha tanta responsabilidade. Eu participava do grupo dos jovens e ajudava no que eu podia, mas não havia aquela cobrança. Ali, Helena e Heitor não tinham dado tanto problema, eu tinha um emprego estável, eu tinha a minha mãe.
Eu estava tão cansado. E se eu desistisse de tudo? Afinal, ser líder se um grupo era algo voluntário, na igreja eu não era obrigado a nada, tudo o que a gente fazia era por amor.
Mas estava tão difícil! Parecia que quanto mais eu me dava para os jovens, mais tudo desmoronava! Eles não se convertiam e a minha vida dava toda errada.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto. Fechei os olhos.
-Senhor, eu não estou aguentando mais. -Sussurrei.
Então o pastor começou a orar com as pessoas que participavam da reunião e começou a cantar uma música:
Amanheceu
Nada pesquei
Parecia ser apenas mais um dia como qualquer outro
Estava cansado
Sem forças, desanimado
Decidida a largar tudo e parar
...
Deus conhece tua estrutura
Sabe o que está fazendo
Mesmo que seja difícil
Não pares, Ele está vendo
Colheu todas tuas lágrimas
E mandou a ti falar
Pegue o que Ele te entregou
E volte para o mar, que é o teu lugar
...
Quem mandou largar a rede?
Quem mandou você parar?
Volte para o mar alto
No lugar da tua vergonha Eu vou te honrar

Não teve como, ali foi como se Deus estivesse sentado do meu lado e só estivesse nós dois dentro daquela igreja enorme. Assim como minha mãe fazia quando eu era criança, o meu Pai estava ali e olhava esperando eu me acalmar. Era só uma fase, se eu estava enfrentando tudo aquilo era porque Ele sabia que eu era capaz de vencer. Que eu deveria continuar, que eu não deveria desistir de nenhum daqueles jovens.
Naquele momento em que eu só estava olhando para as coisas que estavam dando erradas, Deus me fez olhar para o que estava dando certo. Laura havia se batizado, Vivian estava se envolvendo mais com as coisas de Deus, Vitor estava querendo mudar. Helena e Heitor de alguma forma haviam se aproximado mais de mim.
Eu não tinha capacidade nenhuma, mas ali era o meu lugar, fazendo a vontade de Deus.
Quando o pastor terminou a oração, antes de se despedir, ele leu um último versículo:
Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma recompensa. II Crônicas 15:7
Deus ia recompensar todo aquele esforço, a minha missão era continuar seguindo em frente.

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