Capítulo 4

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- Nathália Narrando -

Parecia que o dia passava lentamente, e hoje completava 1 mês que o Michel tinha morrido e parecia que minha vida tinha parado, era muito estranho não ter ele ali comigo. O Kauã sentia uma falta do caralho do pai mas tentávamos sempre distrair, eu deixava ele bem cansado pra ele apagar na cama mas hoje não teve jeito. Eu estava dormindo quando acordei com ele me cutucando e eu tomei um susto ele estava chorando muito.

- Meu filho - falei assustada e na hora o sono foi embora, me sentei na cama e ele continuava chorando alto - Você tá sentindo alguma coisa? Aonde tá doendo?

- Aqui, mamãe - colocou a mão no peito - Eu quero o meu papai, quero ele aqui, só no coração não dá

- Kauã - falei sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e puxei ele pra cama - Meu amor, o papai não vai voltar - falei e o choro dele aumentou

- Por que? - perguntou em meio ao choro e eu abracei ele - Ele não ama mais a gente?

- Ele ama muito - falei passando a mão no rosto dele - Mas as pessoas tem um tempo pra ficar aqui na terra e o do seu acabou

- Não é legal - resmungou ainda chorando - Ele tinha que ficar aqui até ficar velhinho

- Ele tinha sim - falei e beijei a testa dele - Mas infelizmente isso não aconteceu e agora só vamos ter o papai no nosso coração e nas nossas lembranças

- Isso é ruim - falou e eu deitei com ele na cama

- É muito ruim - concordei e ele deitou com a cabeça no meu peito - Mas sabe o que ele não iria querer?

- O que? - perguntou curioso

- Que você ficasse chorando assim - falei e ele me olhou

- Você também tá - acusou e eu ri fraco

- Ele não iria querer que ficássemos chorando - consertei - Eu sei que é difícil mas vamos tentar melhorar?

- Vamos - falou sonolento, tinha chorando tanto que deu até sono no bichinho - Eu te amo, mamãe

- Eu também te amo, meu amor - falei baixinho e percebi que ele pegou no sono

Eu nem consegui dormir, fiquei o tempo inteiro vigiando o sono do Kauã com medo dele acordar de novo, tomei um susto quando chegou mensagem no celular e eu vi que era minha tia mandando mensagem de "bom dia" no grupo da família com uma imagem bíblica, era 06:30 da manhã. Me levantei com cuidado e fui tomar um banho pra despertar, quando desci ajeitei café e como eu estava com preguiça de ir comprar pão comi um misto mesmo. Quando deu 08:30 o Kauã desceu e cheio de fome, era igualzinho o pai, ajeitei o misto dele e peguei o dos meninos. Ficava dois vapores em frente da minha casa, o Michel fez questão por conta de segurança e mesmo eles negando eu sempre dava café da manhã e almoço, eles se revezavam pra fazer a troca mas ninguém merece almoçar 14:00 horas da tarde esperando o outro render. Eram nosso amigos de infância mas quando eu estavam em horário de trabalho eram terríveis.

- Neguinho - chamei assim que abri o portão e ele se levantou da calçada - Bom dia

- Bom dia, patroa - falou me olhando

- O café de vocês - entreguei uma garrafa, dois copos e peguei o prato que eu tinha apoiado na cadeira que estava no quintal

- Não precisava - falou sem graça

- Eu fiz um misto cheio de queijo e você me diz que não precisa? - perguntei e ele riu baixo

- Precisa sim - falou e eu acabei rindo - Valeu

Nathália Onde histórias criam vida. Descubra agora