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POV's Blair
Eu não me preocupei nenhum pouco em chamar um táxi, muito menos em montar na garupa de ninguém para poder ir pra casa. Minha mente está à mil por hora. Sentia que à qualquer momento, meu coração saltaria pela boca de tão forte que palpitava. Eu mantive a calma à toda hora. Lhe dei apoio, passei conforto que nem mesmo eu tinha e a abracei com toda a força possível. Mas agora, eu já não estava mais na sua frente. Eu não precisava mais fingir para manter aparências.
Nas ruas frias daquela cidade, eu andava rapidamente, não dando a mínima pra qualquer pessoa que estivesse me encarando pelo fato de eu estar chorando em público. Eu sentia que iria explodir. De fato, naquele momento, eu era uma bomba relógio. Minha cabeça está tão cheia que eu não sei pelo o que me lamento primeiro. Céus, isso parece a porra de um castigo. Acho que era nítido o quão eu não teria um segundo de paz no meio dessa história. Eu estou ficando louca.
E mesmo que eu estivesse desabando e qualquer pessoa com a porra de um cérebro funcionando percebesse, eu não estava sozinha. Os passos reconhecíveis atrás de mim eram como pequenas bombas estourando em cada parte da minha cabeça. Cada vez mais que eu sentia ele perto, minhas pernas fraquejavam. Eu sentia tudo ao mesmo tempo. Raiva, tristeza, decepção. Não sabia sequer qual foi a última vez que eu passei por algo tão intenso. Eu iria explodir.
- Blair, por favor, vamos conversar. - Ele tentou, obviamente sendo ignorado.
Viro meus passos para uma rua que, por algum acaso filho da puta do destino, estava deserta. Então, além do som ambiente da cidade, eu só conseguia escutar Vincent andando atrás de mim. Não sabia de onde estava conseguindo forças para segurar minhas pontas naquele momento.
- Mas que merda, Blair! - Seu grito me faz parar. Minhas mãos tremem como jamais. - Eu tô te pedindo.
- Você falou que não tinha feito nada com ela, filho da puta! - Minha voz sai mais alto do que eu esperava. - Qual é a porra do seu fetiche em mentir?
- Eu não queria que o clima ficasse pior - Ele suspirou, passando os dedos pelos cabelos. - Aconteceu, Blair. Não há o que fazer.
- "Aconteceu"? - Dou alguns passos pra frente, ficando mais perto dele e o encarando com meus olhos estupidamente vermelhos. - Como você consegue ser tão egoísta? Você tem noção do que tá acontecendo?
Vincent engole em seco e desvia seu olhar do meu. Eu volto à me afastar dele, dando uma risada sem qualquer pingo de humor. Mais do que qualquer coisa, eu estava machucada, em choque. Numa cajadada só, tinha descoberto que meu melhor amigo mentiu sobre tirar a virgindade da minha irmã e que ela estava grávida. Grávida do mesmo cara que eu transei pelas costas dela, quando eles ainda estavam se envolvendo.
Meu Deus.
- Eu sei de tudo. Eu não sou criança, arcarei com as consequências. - Por mais sinceras que suas palavras pudessem soar, eu não ligava. Eu já não fazia mais a mínima questão.
Eu expirei o ar e abracei meus próprios cotovelos, me encostando na parede de um estabelecimento, que naquela hora, estava fechado. As lágrimas ainda caiam sem parar. O meu coração estava em estilhaços e nem eu sabia o porquê. Talvez seja pela dor de ele ter mentido pra mim mais uma vez, ou pela notícia avassaladora de que a minha irmã caçula que mal completou dezoito anos estava grávida do meu melhor amigo cinco anos mais velho. Ou, também, um misto dos dois, já que para mim essa história estava encerrada e eu podia finalmente seguir minha vida sem preocupações, como pisar em ovos para não quebrar o coração de alguém.
No final, o mais pisoteado da história, foi o meu. Eu estava em pedacinhos e não fazia a mínima ideia de como me reconstruir no meio daquele fogo cruzado.
- A Chloe é minha irmã mais nova. Eu sempre estive do lado dela pra tudo, não será agora que deixarei esse meu posto - Eu fungo e me desencosto da parede. - Mas, honestamente, não posso dizer o mesmo pra você.
- Como assim? - Seu semblante é um misto de confusão e desespero.
- Acabou, Vincent. - Gesticulo com o dedo, apontando para mim e para ele. - Eu não preciso de gente que mente e me esconde as coisas na minha vida. Essa história estourou qualquer limite, não é mais uma brincadeira de viagem com os amigos na praia.
- Você também faz isso, Blair! Até hoje não contou pra sua irmã que a gente fodia pra caralho enquanto ela só faltava me escrever cartas de amor. Sabe por que? Ao invés de enfrentar os problemas cara à cara, prefere fugir deles, igual está fazendo agora.
Seguro o tecido da sua camisa nas minhas mãos e o empurro com tudo contra a parede, encarando seus olhos com o meu corpo inteiro queimando em ódio. O choro não parava de descer. Mesmo assim, eu sentia que podia cometer um assassinato ali mesmo.
- Você sempre foi a porra do meu problema.
- É uma pena que eu não possa dizer o mesmo - Ele trava sua mandíbula. - Você sempre foi minha solução.
Eu já estava desestruturada, e aquela frase terminou de mexer os pauzinhos para que eu desabasse. A nossa troca de olhares era uma mistura de dor, decepção e algo diferente. Era estranho e arrepiava toda a minha espinha.
Largo sua blusa bruscamente e me afasto dele, secando as minhas bochechas molhadas. Não dava mais pra mim.
- Você cumprirá suas obrigações como pai, estará presente em todas as fases da gravidez do lado da Chloe, a apoiando e mostrando que merece ter sua confiança. O único contato que eu terei com você será sobre o pai da minha sobrinha, nunca nada além disso. - Ajeito a alça da minha bolsa no ombro.
Mais uma vez, ele engoliu em seco e surpreendentemente, eu consegui ver seus olhos inundados.
- Vai ser assim? Você vai acabar com a nossa amizade como se não fosse nada? É tão fácil pra você?
- Você fez isso primeiro do que eu.
Vendo que as lágrimas solitárias escorriam pela sua bochecha, eu segurei com força a alça da minha bolsa e me retirei. Me retirei daquele desastre, de perto de Vincent e de qualquer resquício que tivesse sobrado da nossa amizade. Eu estava exausta.
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eai cachorrada
gente, dps do surto de ontem to bem 👍
ah, caso eu criasse um grupo no zap vcs entrariam? respondam, é pro meu tcc
