Contra todas as probabilidade...

Par RenataRCorrea

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Ana é uma jovem decoradora de interiores, bem-sucedida profissionalmente, mas solitária. Certo dia, se sente... Plus

Sinopse e informações
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze - parte 1
Capítulo onze - parte 2
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze

Capítulo oito

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Par RenataRCorrea


Capítulo oito

Marcus

Era meu último final de semana em casa antes de sair outra vez em turnê. Cheguei do shopping, fiz um lanche, tomei banho e me deitei no sofá ligando a TV. Como não estava passando nada interessante, peguei meu celular para dar uma olhada no Instagram. O último comentário que havia era de @anadecor.

— Ana — falei o nome dela em voz alta e um sorriso brotou em meus lábios, despertando curiosidade a seu respeito.

Muito bonita! Pensei, distraído. Uma mulher interessante. Pena que tem namorado.

Pensar em Ana me deixou inquieto por algum motivo que eu não conseguia entender. Algo nela despertava meu interesse de uma forma que eu ainda não estava acostumado. Desliguei o celular e, apesar de morto de sono, demorei para conseguir dormir.

Acordei cedo no dia seguinte e arrumei minhas malas. Telefonei para meus companheiros da banda para marcarmos o horário de partida. Combinamos de sair um pouco mais cedo para não termos que fazer o trajeto com pressa até o aeroporto.

A nova turnê seria mais curta. A banda passaria um mês pelas regiões norte e nordeste, num total de quinze shows.

Durante o voo o clima estava descontraído e acabei me envolvendo na conversa com o pessoal.

— E aí, Marcus, agora que está solteiro, pretende aproveitar um pouco a vida e curtir as gatinhas que estão sempre dando em cima de você? — Lucas perguntou, dando um tapinha no meu ombro.

— Ah cara, não quero me meter em confusão com fã. Na verdade, acho que não nasci para curtição não. — Fiz careta. — Sou homem e não sou de ferro, não nego! É claro que, às vezes, é quase impossível resistir a uma gata dando em cima da gente, né? Até saí com algumas garotas, mas sinto falta de uma companheira, de ter alguém para dividir a vida e não só a cama, entende?

— Eu, se fosse você, e se estivesse solteiro e sozinho, aproveitaria para pegar geral — falou Gustavo, de forma exagerada, gesticulando, levantando os braços, o que fez com que eu, Caio e Lucas caíssemos em gargalhada.

Ao chegarmos, um transporte aguardava para nos levar até o hotel.

Durante a turnê, todas as apresentações tiveram lotação completa de público, com a mesma energia que já estávamos ficando habituados a encontrar.

Algumas noites, depois dos shows, acabei saindo com fãs. No entanto nada despertou de fato meu interesse para que houvesse um segundo encontro. O sexo vazio me incomodava.

Ainda pensava em Fabiana, só que, com o tempo, acabei percebendo que ela foi aquele amor da adolescência que cresceu comigo e acabou sendo levado para nossa vida adulta mais por costume do que por realmente existir um sentimento maior. Desejava ter um relacionamento mais maduro, um amor de verdade, que me fizesse sentir completo a ponto de planejar um futuro ao lado dessa pessoa.

Ao pensar na vida e na vontade de encontrar alguém que me fizesse amar de verdade, lembrei daquela moça que chamei ao palco para cantar, Ana, tão tímida... Quase nem consegui ouvir a voz dela quando lhe entreguei o microfone. Além de tê-la achado uma mulher muito bonita, desde que passei a acompanhar suas redes sociais, percebi que tínhamos muito em comum. Ela parecia o tipo de mulher forte e batalhadora, mas romântica e suave ao mesmo tempo. Talvez o tipo exato que eu estava procurando.

Engraçado tê-la encontrado no shopping e tê-la reconhecido. Pensei, intrigado com a coincidência.

Já era hora de retornar para casa. No voo de volta, a conversa fluía descontraída, como sempre entre nós quatro.

— Tenho achado você diferente nos últimos dias, amigão — disse Caio, que estava sentado ao meu lado, se voltando para mim.

— Tenho me sentido diferente mesmo, cara. Ando pensando muito em Ana, aquela menina que cantou comigo no palco, lembra? Sei lá, não consigo entender, mas sempre que ela me vem à mente, ou que a vejo em suas postagens, uma inquietação toma conta de mim.

— Ê amigo, pelo jeito anda carente. Deve ser isso. Acha que existe alguma possibilidade real de vocês dois se reencontrarem e talvez rolar alguma coisa? — Olhou-me, curioso.

— Não sei... De verdade não sei. Bem que eu gostaria de vê-la outra vez — respondi, pensativo, sentindo uma animação tomar conta da minha alma.

***

Chegando ao meu apartamento em São Paulo, desfiz as malas lentamente e, sem conseguir parar de pensar em Ana e na possibilidade de tentar reencontrá-la, fiquei distraído, apreciando cada lembrancinha que ganhei das fãs nos últimos shows. Sorri satisfeito. Estava realizado. O reconhecimento nacional era um sonho tornado real.

Depois de uma noite de descanso em minha própria cama, acordei no outro dia, animado. Fui à feira. Fiz compras de supermercado e preparei meu próprio almoço. Há muito não cozinhava, costumava fazer isso com Fabiana, entretanto nos últimos tempos andava comendo apenas comida pronta ou em restaurantes. Sentia falta de cozinhar, de ter alguém ao meu lado para dividir momentos do cotidiano.

Terminei de almoçar e lavei a louça, para manter tudo limpo e organizado, pois minha casa estava arrumada já que a faxineira, mesmo na minha ausência, vinha a cada quinze dias. Enquanto enxugava a louça, me bateu uma saudade enorme da minha família, o que me fez pegar o telefone e ligar para os meus pais. Combinei de visitá-los e também mandei uma mensagem para meu irmão mais velho, perguntando se poderia ir lá para nos vermos.

Considerava-me um bom filho, tinha uma família unida, papai e mamãe foram muito presentes na minha vida e muito companheiros meus. Meu velho sempre me incentivou, pois conseguiu perceber meu dom natural para a música desde garoto. Minha mãe, carinhosa, telefonava com frequência enquanto eu estava em turnê, preocupada, e sempre que eu retornava, gostava de fazer quitutes gostosos para mim.

Após receber minha mensagem, meu irmão me ligou e combinamos de nos encontrarmos para o almoço. Ele era um bom conselheiro, amigo para todas as horas, e estava precisando desabafar e de um pouco de colo também. Minha sobrinha Júlia, com cinco anos, me adorava e a recíproca era verdadeira. Estando com ela, me divertia como quando era criança.

Assim que cheguei à casa de meus pais, a família toda veio me receber à porta e a Julinha foi logo pulando em cima de mim.

— Titio, que saudade! — Agarrou-se no meu pescoço.

— Eu também senti muito a sua falta, gatinha. — Apertei o nariz dela. — Hum que cheirinho gostoso de comida, mãe! — Respirei fundo assim que entrei, para sentir melhor o aroma.

— Preparei um almoço especial para você, meu filho — falou de forma carinhosa, se aproximando para beijar a minha face logo em seguida.

Ainda com a Júlia em meus braços, olhei para o piano de meus pais, que ficava na sala de visitas, e me aproximei. Adorava tocar e cantar para minha família e, em momentos como aquele, me recordava de quando eu era adolescente e ainda morávamos todos juntos, época em que compus minhas primeiras canções.

Coloquei a Julinha sentada ao meu lado no banco e toquei com alegria. Pude ver no rosto de todos o orgulho que sentiam de mim. Assim que terminei, minha mãe chamou para o almoço. Logo após a refeição, eu e meu irmão fomos para o quintal.

— Como andam as coisas? — perguntei, assim que sentamos em duas cadeiras velhas de balanço.

— Bem, graças a Deus. Agora, você é que me parece um pouco diferente. O que está acontecendo aqui dentro, mano? — perguntou, colocando a mão sobre o meu peito.

— Ah, cara, sinto falta de vocês, de ter alguém do lado.

— Nós também sentimos muito a sua — falou, com um sorriso terno no rosto. — Mas me conta, o que anda te angustiando tanto?

— Quero muito construir uma família pra mim, entende? Parece que sinto que chegou a hora disso. — Nossos olhares estavam conectados. — — disse a última parte em tom brincalhão em alusão à música sertaneja, fazendo meu irmão gargalhar.

— Entendo exatamente sobre o que está falando, mano. Esse momento também chegou para mim quando decidi me casar. Acho que mais cedo ou mais tarde a vontade de constituir família surge para todo mundo. — Deu um tapinha no meu braço. — Nunca mais falou com Fabiana? — Observou-me, receoso.

— Não. Está tudo acabado mesmo. Aliás, acredita que tenho andado pensando em uma moça que conheci esses dias num show? Ana. Já te falei sobre ela, lembrado? — Olhei para ele de lado, enquanto a cadeira continuava no seu balanço de vai e vem.

— Acho que me lembro. Mas o que ela tem de tão especial? — Ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Nem eu sei te explicar, irmão, mas tem algo que me atrai nela, de uma forma estranha e boa, diferente das outras, sei lá — respondi reticente, e então sorrimos de forma cúmplice.

Ainda ficamos algum tempo ali fora balançando naquelas velhas cadeiras, sentindo o vento soprar nossas faces.

***

Depois da casa dos meus pais, fui a minha barbearia preferida. Apesar de ter usado cabelo comprido no passado, andava gostando de mantê-lo bem curto. Meu cabeleireiro era o mesmo há muitos anos e nos tornamos amigos.

— Oi, Greg! Vim dar um trato no visual — disse ao entrar, me divertindo por estar ali e revê-lo.

Assim que olhei em volta, percebi que o salão estava diferente, com uma decoração bonita e elegante. A parede do fundo havia sido pintada num tom de marrom, com uma textura parecendo mármore, o que chamou muito minha atenção. Também gostei bastante dos quadros novos com fotografias urbanas.

— Meu grande! Que bom tê-lo de volta. — Cumprimentou-me, com um abraço.

— Cara, isso aqui tá bonito. — Olhei ao meu redor com mais atenção.

— Então, amigão, resolvi que já era hora de mudar "o visu" do salão para algo mais moderno e aconchegante.

— Estou precisando dar uma mudada na cara do meu apartamento também. Você bem que podia me dar o contato de quem decorou o salão.

— Vou procurar e te entrego antes que vá. Agora sente-se! — Apontou a cadeira de corte. — Estava tendo uma feira de decoração aqui em São Paulo e dei umas voltas por lá, onde acabei conhecendo essa decoradora, uma garota muito bacana. Seus projetos chamaram minha atenção. Apesar de ela não ser daqui, combinamos a reforma, ela veio e planejou tudo, ficou por aqui até que estivesse pronto, muito atenciosa, o nome dela é Ana Dulmon.

Ao ouvir, meu coração disparou.

— Jura que o nome da decoradora é Ana Dulmon, Greg? — perguntei, espantado com a coincidência.

— É, sim. Por que o espanto? Você a conhece? — perguntou, e continuamos conversando enquanto ele cortava meu cabelo.

Saber que Ana tinha decorado o salão me deixou perturbado e eu não conseguia parar de pensar nela, tendo dificuldade para me concentrar ao que o meu amigo dizia.

Saí de lá e fui para casa, mas a tal garota ainda estava em meus pensamentos, então peguei meu celular e entrei no Instagram. Acabei reconhecendo lá uma foto do salão do Greg entre as postagens dela sobre seu trabalho. Sem conseguir parar de pensar na coincidência do fato, acabei adormecendo com o celular na mão, sentado em frente à TV.

Quando acordei no dia seguinte, meu primeiro pensamento foi nela.


(Deixem seus comentários. Beijos e até sexta-feira! Renata.)

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