O Segredo do Príncipe | Showki

By ckyunbabie

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Em um reino comandado por um rei tirano, o príncipe Hyunwoo é forçado a um casamento arranjado. Contudo, ele... More

Novidades
1. Laços forjados
2. Acidente intencional
3. Só mais um nobre
4. Adeus, amiguinho
5. Mau gosto
6. Príncipe mimado
7. Limites
9. Duas condições
10. Cumplicidade
11. O segredo da princesa
12. Não se força o amor
13. Memórias perdidas
14. Noite ruim
15. Maldito soju
16. Péssima influência
17. Ingenuidade
18. A pureza do amor
19. Capaz de tudo
20. O garoto do jardim
21. Sonhos e pesadelos
22. Teatro matrimonial
23. Um singelo pedido
24. Ações e consequências
25. O criado curioso
26. Impasse fatal
27. Sem saída
28. Palavras não ditas
29. Tempo perdido
30. As últimas peças
31. Cicatrizes internas
32. Fragmentos do passado
33. Redescobertas

8. Promessas vazias

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By ckyunbabie

Não esqueça do voto! 💗

Bora pra mais um capítulo, esse aqui é tenso e pesado...

— 👑 —

Encarar o pai nesses momentos era o seu maior pesadelo. Apesar de ser uma pessoa tranquila, ele estava mais ansioso do que era comum para si, como se estivesse em uma montanha russa descendo em velocidade máxima. O frio na barriga o causava ânsia.

Enquanto os últimos preparativos eram feitos, Hyunwoo se encontrou diante do rei em seus aposentos, onde Seokjin revisava meticulosamente o discurso que pronunciaria aos súditos. A tensão no ar era palpável, pelo menos para o príncipe. Seokjin parecia confiante.

Ao finalizar parte do discurso, ele se virou para o filho e sua expressão mudou no mesmo instante, tornando-se mais severa.

— Lembre-se: você é o príncipe deste reino, Hyunwoo. Comporte-se como tal. Não dê motivo para que nossos súditos duvidem de sua capacidade de liderança. Esteja à altura do seu título e transmita confiança e determinação em suas palavras e ações. Qualquer deslize será visto como fraqueza, e não podemos nos dar ao luxo de parecer vulneráveis diante do povo.

Hyunwoo assentiu em silêncio.

— Além disso, quero que você esteja atento à nossa segurança a todo momento. Não podemos descartar a possibilidade de atentados ou tentativas de provocar tumultos durante nossa visita ao vilarejo. Mantenha-se alerta e não subestime qualquer sinal de perigo.

Mais uma vez, o príncipe reagiu balançando a cabeça. Protocolos e mais protocolos, um roteiro a seguir, coisas que ele já havia escutado um milhão de vezes.

Os guardas reais conduziram Seokjin e Hyunwoo até a carruagem, seus olhares vigilantes escaneando o ambiente em busca de qualquer coisa fora do comum.

As orientações sobre segurança foram dadas em sussurros rápidos e eficientes, destacando pontos de escape e protocolos de emergência caso a situação se tornasse perigosa. Com um senso de urgência, a comitiva real partiu em direção ao vilarejo.

A carruagem real deslizava pelas ruas do reino, escoltada por uma fila de guardas a cavalo. Hyunwoo se sentia patético dentro dela, apenas mais uma parte desse passeio teatral. Conforme se afastavam do castelo, a paisagem se tornava cada vez menos vívida. A grama parecia menos verde, as árvores secas, as pequenas casas frágeis faziam um absurdo contraste com todo o luxo que existia dentro do castelo.

O sol do meio-dia banhava as ruas de Hwangguk, refletindo-se nos edifícios de pedra e nas pessoas que observavam com curiosidade a passagem da comitiva. O barulho dos cascos dos cavalos ecoava pelas ruas estreitas enquanto a carruagem avançava em direção ao vilarejo.

Os camponeses se reuniam na praça principal para ouvirem as palavras do Rei. Hyunwoo observava com atenção, os olhos vagando entre diferentes pessoas. Eram quase todos bastante magros, a pele bronzeada por conta do trabalho nos campos onde o sol impiedosamente lhes castigava.

Hwangguk parecia mais vazia desta vez, ele notou. Havia menos criança pelas ruas e todo o povo parecia cansado e hesitante em participar daquele evento sem muita utilidade — o modo como Seokjin os atraía para esse tipo de discurso era dando uma mísera moeda de bronze para cada um que ficasse do início ao fim, moeda esta que mal poderia pagar metade de uma refeição para uma pessoa.

O olhar rígido de Seokjin se fazia muito presente conforme ele também observava seus súditos sentados em cadeiras de madeiras postas em frente a uma área elevada com pedregulhos. Hyunwoo conseguia sentir todo asco que o rei emanava, seu desprezo sendo muito óbvio.

A carruagem parou e Seokjin e Hyunwoo desceram dela, cercados por uma escolta de guardas que exalavam uma aura intimidadora. Enquanto caminhavam entre os súditos, Hyunwoo sentia um extremo desconforto, uma sensação de agonia crescente à medida que olhava para seu pai, cujo semblante agora exibia uma falsa simpatia.

Os guardas cercavam toda a área, protegendo-os do possível perigo.

Na verdade, Hyunwoo achava que ficaria grato caso sofressem um atentado. Talvez nem mesmo tentasse se defender da ira de um povo injustiçado, por mais que ele não fizesse parte da tirania em si — ele não conseguia fazer nada para evitá-la, então sentia-se culpado também. Parte da responsabilidade por tudo aquilo era dele, pensava.

Seokjin limpou a garganta com um pigarro, alisou suas vestes e iniciou o discurso.

— Meus caros súditos, hoje é um dia de celebração e gratidão. Hwangguk prospera graças às alianças que estabelecemos e aos esforços incansáveis de nosso povo. Estamos diante de um futuro brilhante, onde nossa grande nação será reconhecida e respeitada por todos!

Quanta hipocrisia... Hyunwoo, sentindo-se cada vez mais nauseado, lutava para conter sua expressão de desgosto enquanto seu pai mentia diante dos súditos.

Seokjin continuou sua fala, prometendo prosperidade e segurança para o povo de Hwangguk. Ele mencionou investimentos em infraestrutura e saúde, além de garantir proteção contra ameaças externas. No entanto, suas palavras são carregadas de falsidade, pois ele sabe bem que suas intenções são puramente egoístas e voltadas para a manutenção de seu próprio poder.

Uma pequena agitação começa a se formar, com o povo sussurrando entre si de maneira discreta, alguns sentindo-se inquietos e remexendo-se em seus assentos, outros ouvindo em silêncio com uma expressão séria.

— Meu querido filho, Príncipe Hyunwoo, lhes informará um pouco mais sobre o futuro próximo.

Hyunwoo sentiu seu corpo tremer um pouco. Ele fechou as mãos úmidas, pressionando os punhos com força até que as unhas ameaçassem ferir a carne. Engolindo em seco, sua indignação foi ignorada e ele deu um passo à frente, sabendo que desafiar abertamente o rei poderia ter consequências graves.

O príncipe tentou reunir suas palavras enquanto se dirigia aos súditos, mas sua voz saía trêmula e hesitante. Ele seguia o roteiro preparado pelo pai, enfatizando os mesmos pontos sobre as supostas conquistas do reino, mas suas palavras careciam da mesma convicção e autoridade. Seu discurso era interrompido por breves pausas e hesitações, revelando sua insegurança diante do público.

— É uma honra estar aqui hoje, diante de todos vocês, para compartilhar nossos planos e visões para o futuro deste grande reino. Sob o sábio reinado de meu pai, tenho confiança de que alcançaremos grandes feitos juntos. Nós... Nós queremos demonstrar a nossa preocupação com nossos súditos.

Um súbito silêncio se espalhou pelo ambiente. Ele não sabia o que dizer, pois precisar mentir daquela forma era como sentir uma espada perfurando-o sem piedade.

Enquanto de sua boca saíam essas palavras, seus olhos varriam o povo à sua frente, vendo as crianças esqueléticas, os adultos abatidos pela doença e pela fome. Seu povo olhava para ele com uma súplica implícita, um grito silencioso por socorro.

Seokjin limpou a garganta, como que querendo acordar Hyunwoo de seu transe de nervosismo, porém falhou nesse objetivo.

Antes que o príncipe pudesse voltar a falar, um homem se levanta em meio ao povo. Parecia muito exaurido, as roupas puídas desfazendo-se, os ossos visíveis e os olhos fundos.

— Como têm coragem de nos dizer essas coisas? Não veem a situação que passamos todos os dias? — ele bradou a plenos pulmões, sua voz repleta de ira ecoando pela praça.

Os guardas apressaram-se em sua direção, brandindo suas espadas afiadas.

— Deixe-o falar — Hyunwoo comandou com firmeza.

Os homens pararam, confusos com as ordens. Seokjin lançou ao filho um olhar tão feroz e colérico que Hyunwoo já podia sentir a dor invadir seu corpo inteiro, porém precisava fazer algo pelo seu povo. Ele precisava ouvir o que tinham a dizer, precisava que o pai também ouvisse, precisava permitir que expressassem suas indignações.

— Como prometem tanto enquanto morremos de desnutrição? — o homem continuou, abaixando-se para erguer um corpo franzino que estava sentado na cadeira ao seu lado. — Como conseguem dizer que estamos prosperando enquanto nossos filhos perecem para a doença? Veja só Jihoon, meu menino. Meu filho está morrendo. Vocês estão vendo isso. Vocês sabem!

O homem estava extremamente exasperado, buscando a todo custo mostrar a criança quase desfalecida em seus braços. Se não estivesse piscando devagar, Hyunwoo pensaria que ele já estava morto.

— Cale-se, traidor da nação! — Seokjin vociferou, perdendo a pouca paciência que possuía. — Como ousa questionar seus líderes desta maneira? Está tentando difamar a nossa liderança?

— Não há o que difamar, seu canalha de merda! Em breve nem sequer terá a quem governar mais, pois estaremos todos mortos, e só lhe restará nossa pilha de cadáveres que você não poderá explorar mais.

O povo que assistia tudo gritava e agitava os punhos no ar em apoio ao homem, todos com os nervos à flor da pele. Hyunwoo não sabia mais o que fazer naquele momento, além de escutar e assistir tudo se desenrolar.

— Espero que morra e apodreça no inferno, e nem assim entenderá todo o nosso sofrimento — o homem continuou, incentivado pelos outros camponeses.

Seokjin cansou-se daquilo. Ao invés de ordenar que os guardas controlassem-no, ele mesmo deu um impulso rápido para frente, em direção ao homem. Hyunwoo reagiu rápido, tentando puxá-lo pela longa capa felpuda, porém o Rei virou-se para ele e, com uma fúria doentia, empurrou-o com toda a sua força, derrubando-o no chão com um estrondo.

Hyunwoo gemeu de dor quando sentiu seu cóccix atingir os pedregulhos, perdendo seu equilíbrio. Ele arrastou-se para frente, inutilmente tentando agarrar o pai mais uma vez.

Seokjin avançava irrefreável, sacando a espada de sua bainha. Pouco antes de Hyunwoo se jogar por cima dele pelas suas costas, o Rei golpeou o homem com a espada, abrindo um corte profundo em seu pescoço no mesmo instante.

O camponês caiu no chão com seu filho ainda no colo, ambos acertando o chão duro. Sangue esguichava do pescoço do homem, que tentava sem sucesso cobrir a lesão em seu pescoço com as mãos que estremeciam sem controle. Seu rosto se tornou pálido e sua expressão de desespero era indescritível.

Todos berravam em aflição, correndo para longe dali tão rápido quanto podiam. Hyunwoo foi mais uma vez jogado no chão quando o Rei recuperou a estabilidade nas pernas e o lançou para longe de suas costas, tomado por uma exaltação descontrolada.

— É isso o que acontece quando me desafiam — Seokjin rosnou, apontando a espada para seu povo. — Vocês não desejam conhecer o meu lado ruim, meus súditos. Precisam ser gratos a quem os mantém vivos!

Hyunwoo se contorcia de dor, agarrando o próprio joelho que vibrava pelo impacto de atingir os pedregulhos. Ofegante, ele segurou o final das vestes do pai.

— Pare — suplicou. Tudo aquilo lhe custaria muita coisa, porém ele não podia ficar parado ou em silêncio diante da situação. — Por favor, pare. Não machuque mais ninguém.

— Com você eu lido depois — o Rei rebateu. — Cale a boca. Vamos embora.

Seokjin passou a mão pelos cabelos úmidos pelo suor ocasionado por todo o seu ódio, respirou fundo, incomodado, e olhou para suas roupas.

— Esse imprestável acabou com as minhas vestes — grunhiu.

O modo como fazia parecer que era culpa do camponês enchia Hyunwoo de fúria. Ele tratava o assassinato em praça pública que acabara de cometer como se não fosse nada, como se fosse algo muito corriqueiro e cotidiano. Hyunwoo não conseguia se mexer, estático no chão frio, os membros de seu corpo todos enrijecidos e doloridos.

— Levante-se logo — Seokjin gritou com ele, mas Hyunwoo continuou sem se mover. Ele murmurou palavrões e virou-se para o príncipe, agarrando-o sem nenhum cuidado. — Como espera conseguir governar esta nação se reage dessa forma a um ato disciplinar? Garoto insolente! Suas pernas viraram geleia? Levante-se!

Hyunwoo seguia incapaz de reagir, focado no corpo sem vida do homem estirado ao chão. Seu filho ainda por perto, jogado por cima do cadáver e chorando copiosamente. Ele o sacudia sem cessar, e sua voz clamando "papai, por favor, acorde..." várias vezes ecoava pela cabeça de Hyunwoo.

Sem lutar contra ele, Hyunwoo foi arrastado pelo rei até a carruagem real, onde os guardas um pouco desnorteados se preparavam para partir de volta ao castelo. Seu pai atirou-o no banco, fechando a porta da carruagem com um forte estrondo que despertou Hyunwoo de seu transe.

SEU VERME! VIU O QUE FEZ?! — Seokjin berrou descontrolado, tão perto que suas gotas de saliva atingiam o rosto do filho conforme ele gritava e o chacoalhava, acertando sua cabeça no apoio do assento. — Se não tivesse o deixado continuar, ele teria se calado pelos guardas!

— E você realmente se importa? O seu problema não é o fato de você ter assassinado aquele homem, e sim por ter perdido o controle na frente de tanta gente — Hyunwoo por fim murmurou, uma veia saltada em sua testa pulsando pelo ódio.

— Eu não perdi controle nenhum, estúpido. — A intensidade com que apertava os ombros de Hyunwoo aumentava a cada segundo. — É melhor ficar em silêncio, antes que seja o próximo que cortarei o pescoço.

Ele largou o príncipe com força, pigarreando e ajeitando sua barba. Agora parecia focado em seus próprios pensamentos, provavelmente pensando em uma maneira de encobrir o que acontecera ou distorcer os fatos.

— 👑 —

É, gente, o rei Seokjin é realmente péssimo. Vocês esperavam algo assim? E coitado do Nunu, nem conseguiu fazer nada pra ajudar :(

Me contem o que estão achando! ♥
Nos vemos no próximo capítulo :)

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