Manuela, cadê aquele batom rosa matte da mac? - Amanda perguntou enquanto ajeitava seu cabelo em frente ao enorme espelho do meu quarto.
- Terceira gaveta aqui do banheiro Amanda. - eu ainda estava saindo do banho.
Sábado a noite, para ser mais exata o relógio marcava 21:36, estávamos nos arrumando para a festa na boate mais top da barra. Sabe aquela casa de show da sua cidade onde se encontra tudo o que há de melhor, os preços exorbitantes e os homens mais gatos?! Então, Guilherme o baladeiro do grupo, fechou um camarote para comemorar seu aniversário nessa boate, e lógico suas amadas amigas não ficariam de fora.
Saí do banho soltando meu cabelo que já estava todo ondulado, lindo, amava deixar ele assim, me achava!
- Anda Manuela, daqui a pouco a Larissa começa a ligar dizendo que esta lá embaixo.
- Teu namorado não vai não? - perguntei colocando meu sutiã
- Ele vai com os meninos.
Coloquei meu vestido preto que já tinha separado para a noite, afinal um pretinho básico caí bem e te deixa arrasando na maioria das situações, e Amanda me maquiou, ela era craque. Eu amava maquiagem porém não tinha tanto jeito pra coisa não, fazia o básico mesmo. Queria muito poder fazer um curso mas a faculdade de administração já me tomava um bom tempo.
- Hoje você vai arrasar! E vê se tira essa teia que esta na sua boca, é quase inacreditável que desde que você terminou com João, que não pega ninguém, é alguma promessa? - implicou comigo enquanto passava o blush.
Eu ri da gracinha dela.
- Pois é amiga, parece promessa mas não é. Mais de 7 meses sem beijo, sem sexo. Ate pensei em investir no Thiago lá da faculdade, me trata super bem, você vê, mas sei lá, não sinto vontade de beijar ele ou até mesmo transar com ele sabe?
Ela deu uma gargalhada.
- Ah mais nunca aconteceu, vai que depois do primeiro beijo desperta algo?
- Acho que não, sei lá, só de olhar, estar perto, a gente sabe, sente. E eu não quero me envolver, seria só por carência mesmo, então melhor deixar como está.
Terminamos, e modéstia parte, estávamos LINDAS!
Larissa, a motorista da rodada, chegou as 22:30, descemos e fomos rumo a uma noite memorável. Eu só não sabia que aquela noite ia decidir toda minha vida.
Entramos na boate e já estava bem cheia, o camarote que Guilherme havia fechado, estava lotado com seus amigos. Gente que eu nem conhecia, mas que se dane, eu só queria aproveitar MUITO.
- Vamos de caipirinha meninas? - Fernanda que já estava lá se empolgou.
- VAMOOOSSSS!!!
Pegamos nossas bebidas, e a noite estava apenas começando. Dançamos como se não houvesse amanhã. 1 caipirinha, 2, 3, 4.. E eu já estava soltinha, soltinha, ciente de tudo o que estava fazendo porém era como se toda minha pouca timidez já tivesse ido pro espaço.
-Você já viu o GATO que não para de te olhar lá do bar? - Amanda cochichou no meu ouvido.
No mesmo instante olhei pro bar, era ele! Tinha certeza, e estava me olhando, LINDO! Alto, barba por fazer, forte porém nada exagerado, era perfeito, meu numero certinho, feito pra mim!
Ele estava com mais dois caras, pareciam mais velhos, mas não VELHOS e sim MADUROS, diria que era a rodinha da casa dos 30.
Depois que percebi que ele não tirava os olhos de mim, aí mesmo que eu passei a dançar , jogava o cabelo, sorria, mas nada tão descarado, nada tão dado. Eu conseguia ser sexy sem ser vulgar, isso é muito clichê, eu sei. E verdade seja dita, eu demorava a me interessar por alguém, mas quando me interessava, eu conseguia.
O cara não tirou os olhos de mim desde que viu que eu também dava aquelas olhadinhas pra ele. Estava amando ser desejada assim.
Me distrai por um minuto enquanto olhava para a parte de baixo da boate, a pista de dança, e nesse minutinho fui pega de surpresa.
- Oi
Quando me virei, era ele. QUE VOZ! Olhei pra ele sorrindo.
-Oi
-Sera que a senhorita aceita beber algo comigo no bar? - seu sorriso era perfeito, dentes certinhos, branquinhos. Ele era um TIPÃO, como diz minha vó.
- Aceito sim, vamos lá - fiz logo a linha OFERECIDA. Não era do meu feitio ser assim, porém já estava com álcool nas ideias, o cara era um gato, eu estava a meses sem me interessar assim por alguém, então, não me recriminem.
Fomos pro bar, e sentamos por lá.
- Você viu que eu não parava de te olhar né?
- Eu percebi.
- Eu nunca te vi por aqui.
CLIENTE FIEL DA CASA - pensei comigo.
- Venho poucas vezes, hoje só vim mesmo pra comemorar o aniversário de um amigo. Você vem sempre?
- Até que não, aquele cara ali é o dono - disse apontado discretamente - e é meu amigo há anos, fez faculdade comigo, então quando ele chama e eu posso, venho curtir um pouco. Mereço - contou sorrindo
Resolvemos pedir algo para beber e eu continuei na minha caipirinha, e ele pediu whishy.
- Desculpa, eu nem perguntei seu nome.
-Manuela. O seu é?
-Fernando. Prazer MANU.
Eu ri do jeito que ele disse MANU.
E depois de todo aquele processo que tem quando se conhece alguém numa balada, todo o papo sobre a vida, ele foi direto ao ponto.
- Sabe Manu, eu to muito afim de fazer uma coisa desde que te vi.
Eu sorri fazendo a santa, como se eu não soubesse. Se ele estava afim de me beijar, eu estava afim elevado ao quadrado.
- Faz ué.
Ele sorriu e logo em seguida me beijou.
O homem era perfeito. Lindo, educado, extrovertido e o cara beijava perfeitamente BEM!!!!! Nosso beijo encaixou de um jeito maravilhoso.
Um beijo, dois beijos, três, cada vez mais demorados, suas mãos se controlavam pra que não percorressem meu corpo todo ali mesmo, outra caipirinha, outro whisky, música, abraços, amassos e nessa quando me dei conta, eu estava no carro dele. Sim, no carro dele. E, aí suas mãos já não se controlavam, percorriam meu corpo todinho, meu vestido não existia mais. Eu queria, ele queria, ia acontecer!
- Vamos pro meu apartamento, vamos? - ele pediu baixinho no meu ouvido enquanto puxava meu cabelo, beijava, me agarrava.
Eu relutei um pouco, estava bêbada, mas sabia o perigo de ir pra casa de alguém que eu tinha acabado de conhecer, já estava toda errada só de estar no carro com ele.
- Por favor Manu, vamos, confia em mim.
Não resisti.
-Tá.
Eu não precisei falar mais nada, só o meu 'TÁ' bastou, era tudo o que ele precisava.
As coisas vinham na minha cabeça como flashes, eu que antes estava ciente de tudo, agora já não estava mais. Não lembrava do caminho que tínhamos feito. De repente estávamos num elevador, e ele não parava de me beijar, de me agarrar, ele era gostoso demais, suas mãos eram enormes, adorava homens com mãos grandes, pois adorava ser dominada e isso me excitava.
Entramos em seu apartamento, derrubando tudo e tirando tudo também.
- Vem cá gostosa - ele me pegou no colo e eu entrelacei minhas pernas em seu corpo.
Entramos para o quarto que parecia ser dele e lá eu tive uma noite realmente memorável, o cara era demais, posso dizer que nos pegamos com vontade. Lembro que transamos duas vezes, e ele ainda me arrastou para o banheiro. E quer saber? Foi M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Eu já tinha transado com dois caras, o meu primeiro namorado e o João, meu ex, e sinceramente? Fernando tinha sido sem dúvidas a melhor transa da minha vida. Me lembro que deitei na cama exausta.
Eu só não perdia por esperar pelo dia seguinte, onde com a ressaca física chegaria também a ressaca moral.
No outro dia acordei totalmente confusa, fui acordando aos poucos e me dando conta que não estava no meu quarto, nem no quarto da Amanda, nem no da Larrisa. Era um quarto bem grande, todo bonito, chique e bem arrumado. Era lindo. Olhei para o lado e não tinha ninguém. Aos poucos fui recordando tudo o que tinha acontecido, ou QUASE tudo. Peguei meu celular e já tinha mensagem das meninas perguntando como tinha sido a noite. Bom, pelo menos não saí da boate sem avisar.
Eu estava morta de vergonha de sair daquele quarto, verdade seja dita. Eu nunca tinha feito isso, transar assim de cara, sem nem saber muito da pessoa, e o pior, na casa dele. Eu tinha tanto medo da violência das pessoas e estava no apartamento de um estranho. Aquilo foi me angustiando e resolvi parar de pensar que o pior podia acontecer.
Me sentei na cama e ainda estava nua, resolvi levantar logo e pôr a minha roupa, ajeitei a cama também pra não dar uma de desleixada. Olhei no relógio e ia dar 11hs. Fui ate o banheiro, lavei meu rosto e escovei os dentes com o dedo mesmo. Era o jeito.
- Anda, sai desse quarto Manuela. - eu falava comigo mesma.
Criei coragem e saí, fui por um corredor e parei na sala. Ele estava sentado no sofá lendo jornal, não tinha se dado conta que eu estava ali. Eu queria fazer um buraco e enfiar minha cabeça. Que vergonha! Nunca mais eu bebo!
- Bom dia - eu disse extremamente sem jeito.
Ele me olhou, percebi que ele levou um pequeno susto.
- Bom dia Manu. Nem percebi que você estava aí. - disse já fechando o jornal.
- Eu vi, desculpa, não queria atrapalhar.
- Atrapalha não. Quer tomar café? Eu já comi algo, mas deixei tudo ajeitado na mesa. Vem cá - disse se levantando...
O apartamento dele era lindo, era uma cobertura na verdade, lindo e grande! Reparei na piscininha que era um charme na varanda.
Fui até a cozinha com ele.
- Quer algum remédio pra dor de cabeça? - Ele sorriu.
-Seria bom.
Tomei o remédio e um suco, era só o que eu queria. Eu não tinha nem o que falar, queria ate me explicar, mas pra que? Aquilo só me deixaria mais envergonhada.
Depois de terminar meu suco eu achei que já era a hora de me mandar dali. Senti que ele também estava um pouco sem jeito pela situação.
- Fernando, eu já to indo.
- Eu te levo.
- Não precisa, eu pego um táxi.
-Não Manuela, eu te levo. Vamos?
Olhei pra ele, e resolvi aceitar.
Coloquei minha sandália, e fomos pro seu carro. Tive que explicar pra ele o caminho todo, ate que não morávamos tão longe um do outro. Coisa de 20 minutos com trânsito livre, ele parou em frente ao meu prédio.
- Espero que você tenha gostado da noite - disse me olhando.
- Foi ótima, espero que pra você também. - sorri sem jeito.
- Foi sim, acredite!
- É...então... bem é isso, obrigada por me trazer.
- Não precisa agradecer.... será que você pode me da seu número?
Passei meu número pra ele e já estava descendo do carro, mas precisava esclarecer uma coisa.
- Fernando, olha, espero que você não tenha ficado com uma má impressão, eu não sou assim, não sei o que me deu, enfim... a gente nem se conhece e...
- Manuela deixa disso, eu sou homem, você é uma mulher feita já, é normal.
Eu sorri pra ele sem jeito.
- Ok. Tchau.
Ele se despediu e foi embora. Entrei em casa e fui direto pro chuveiro. Queria passar o domingo deitada. Confesso que estava me sentindo um pouquinho mal pela situação, tinha sido ótimo sim, porém tão vazio.
- Não vou me arrepender, fiz o que tive vontade - pensei comigo decidida.
Sai do banho e sem nem me enxugar direito, me joguei na cama.