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By moanahidalgo

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━━━━━ 🍒 ⸙.ં⸼ 𝓛𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑𝐒 𝐅𝐎𝐑 𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒 ⠀⠀ ⠀⠀⠀ 𝘯𝘶 + 𝘫𝘭 𝘧𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤𝘵𝘪𝘰𝘯 ❝Não espere por u... More

𝐋𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑𝐒 𝐅𝐎𝐑 𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐄𝐒
001┊For Joalin
002┊What is love?
003┊July 9
004┊We're crazy
005┊You promise?
006┊Coffee Shop
007┊The farewell
009┊The beginning

008┊ J.V

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By moanahidalgo

URREA, Noah
Orange County ─── Califórnia

— E se ela já tiver ido ao aeroporto? — pergunto desanimado.

— Não foi, Noah, a gente só precisa de dois minutos. — Any responde tentando me animar.

— Como consegue?

— O quê?

— Ser tão forte? — dou um sorriso e ela dá uma risada nasal.

— Noah, nós temos a mesma força. Se eu sou tão forte quanto pensa, você também é. — bagunça a parte de trás do meu cabelo.

— Você não chorou em momento algum, não parece abatida, como?

— Estou triste, impossível dizer que não.

Ela faz uma pausa, dando um sorriso.

— Eu quero fazer vocês não se sentirem tão para baixo. É como se sentisse que preciso fazer isso.

— Mas não precisa, você não se torna menos amiga por sentir suas emoções.

— Sei disso. — segura a minha mão fortemente.

Ela teve a ideia de pedir a sobremesa favorita de Joalin na nossa cafeteria. Eles pararam de produzir a um tempo, contudo, quando contamos o porquê de querermos esse doce em específico, eles aceitaram fazer uma última vez. Por já nos conhecerem, possivelmente foi mais fácil para convencê-los.

— Aqui está. — o atendente entrega o doce. — Espero que Joalin goste, ela parece ser muito especial. — ele dá um sorriso para nós dois.

— Ela é. — respondo e saímos do lugar acenando. — Sua ideia de colocar roupas que Lin escolheu para nós foi boa.

— Foi perfeita. — joga o cabelo e rimos indo em direção ao táxi. — Estou torcendo para ela gostar de tudo. — a vejo ficar mais pensativa e por consequência a abracei.

— Oi, gente! — Sav diz assim que entramos no carro, dando um abraço em Any, que ficou no meio, e um toque comigo.

— Oi! Conseguiram o doce? — Sabi indaga; estava sentada no banco da frente e se virou para nós.

— Conseguimos! — nós quatro fazemos um toque.

— Ok, pode ir, desculpe demorar tanto. — a mais velha diz sorrindo e a moça que dirigia retribui.

Eu não parava de olhar para a janela do carro. A tarde estava linda; isso me deixava mais imerso em meus pensamentos. Naturalmente, sou o que mais fala e, ainda assim, queria ficar mais quieto por agora. Preciso dar um tempo à mim mesmo.

Mais uns cinco minutos se passam e chegamos lá. Damos uma olhada ao redor do aeroporto e encontramos Josh, o que estranhamos.

— Ah, oi pessoal. — diz quando chegamos perto dele.

— Oi... — digo assim que sou o último a dar um abraço nele. — Por que já está aqui? Acreditávamos que chegariam atrasados, como sempre fazem.

Ele dá uma risadinha fraca, tentando não manter contato visual.

— Cadê a Joalin? Você está estranho. — Sabi diz.

— Ela está no banheiro, daqui a pouco volta.

Nos sentamos em um banco que tinha ali.

— Ah, ela pediu para te entregar isso, antes que eu me esqueça. — ele me dá um envelope.

Todos passam a olhar para mim, enquanto vejo que dentro dele há dois papéis, e vendo a letra, ambos eram escritos por Joalin.

Um era o poema que ela tinha escrito e me deu. Não fazia ideia que escrevia e tão bem.

O outro parecia... uma carta?

Ela respondeu minhas cartas? Por que ela faz isso?

— Tem certeza de que ela está no banheiro? — encaro Josh.

— Ou está em alguma loja daqui. A última mensagem que ela me mandou foi avisando que estava no banheiro. — explicou.

— Não sei se quero ler isso. — sussurro.

— Nada de ruim vai acontecer. Estamos aqui. — Sav coloca a mão em meu ombro. Sorrio para ela.

Me volto para a carta, ser frente e verso me assustou. Engoli em seco. Precisava me preparar para tudo.


Noah,

Não faço a menor ideia do que dizer. É difícil colocar coisas que sentimos num papel, mas é mais difícil ainda dizê-las pessoalmente.

Obrigada por não ter desistido de mim, por ter visto qualidades em mim quando nem eu mesma via. Eu aprendi a gostar dessa Joalin e da antiga, aprendi a gostar das coisas que faço, mas sei reconhecer quando algo que estou fazendo pode ser melhor, o que inclui essa carta. Peço desculpas por isso.

Tiver que pensar várias vezes no que dizer. Você teve cuidado com as palavras que escreveu, estou tendo esse mesmo cuidado. E provavelmente tinha papéis sobrando. Não é o meu caso...

Enfim, lembrando dos nossos momentos, acabei pensando em uma frase de Any: "não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida." Ela sempre nos dizia isso. Me mataria se soubesse que não dei ouvidos quando deveria. Esperei um dos momentos mais importantes da minha vida para entender muita coisa.

Tinha que ter aproveitado a companhia de todos vocês quando pude; deveríamos ter saído mais juntos, sem nos importarmos com nossas responsabilidades; deveria ter visto mais apresentações suas e de Any e as de dança do Josh; e deveria ter me estressado menos com coisas que me fazem bem.
Me arrependo de muita coisa, mas, me arrepender significa que estou melhorando, não?

E me arrependo principalmente de não ter sido 100% sincera quando pude.

Sei que nada disso resolve as vezes em que ignorei qualquer sentimento além de amizade que tivéssemos um pelo outro, mas queria me desculpar, óbvio que eu entendia tudo. Sempre entendia as frases de duplo sentido, as suas composições, o que cantávamos juntos... Foi muito difícil para mim admitir tudo o que sentia, porque nunca foi minha intenção te magoar ou machucar.

Você é tão incrível, Noah, o coração mais puro entre nós dois não é o meu, e sim o seu. Tudo que faz pelas pessoas e por mim, nada disso tem preço, nenhum dos inúmeros episódios tem. Apesar de - talvez - não acreditar, te considero o mais engraçado, divertido, talentoso e carinhoso ser humano que existe. Meu guia. Minha estrela. O garoto americano que ainda vai conquistar o mundo inteiro. Se você fosse uma música, seria as melhores notas.

Meu sentimento nunca vai mudar, independente de qualquer fator, como a distância. Mesmo que não quisesse admitir, eu sou sua. Para ser amada, quebrada ou outra coisa. Nenhuma pessoa vai ocupar seu lugar, você é insubstituível, precisa saber disso; ninguém nunca vai fazer o que você fez e faz por mim. Dificilmente vou poder agradecer por tudo algum dia. Mas, obrigada por me fazer conhecer minha segunda família; por ouvir minhas risadas, choros, reclamações, caídas, conquistas; por me ajudar a descobrir quem sou e qual o meu lugar no mundo; e com quem quero estar. Obrigada por ser você.

Mas, se não acontecer, se não for para ser, de qualquer forma, obrigada por ser uma das minhas lembranças mais bonitas.

Eu te amo, Noah Urrea. Como nunca amei alguém na minha vida.

"Você é um péssimo dançarino, uma resposta certa, um cantor tímido. Na maioria das vezes, somos só você e eu."

─── J.V.


Respiro fundo algumas vezes e limpo o rosto de lágrimas. — Eu não sei o que falar.

Any vem até mim e se senta em minha frente, ficando mais baixa que eu e dá um sorriso reconfortante.

— Ela não é só melhor amiga, é o amor da minha vida, eu tenho certeza disso. — abaixo a cabeça olhando para o relógio de Josh. — Ela deve estar no avião.

Ele recebe uma mensagem.

— Minha tia está pedindo para nós pegarmos algo para ela na cafeteria. — diz aéreo.

— Joalin não responde minhas mensagens. Me disse um "desculpa" de madrugada e só vi de manhã. Não me respondeu depois.

— Ela me disse isso antes de chegarmos. — o garoto bagunça o cabelo. — Não era para ser assim. Vocês nem conseguiram se despedir direito dela. Me desculpem, eu me sinto péssimo. — cobre o rosto com as mãos.

Não estávamos nos importando com os olhares, apenas fomos em direção ao carro rapidamente, poderíamos estar em qualquer lugar do mundo agora, menos ali.

Fiquei atrás com Any e Sabina, elas ficavam constantemente olhando o celular. Conseguiu uma resposta depois de algumas mensagens.

"Não posso ouvir ligações nem áudios. Desculpa."

Ela não parecia estar muito bem para conversar. Any estava com uma cara de dúvida, talvez não entendesse tudo.

Josh estaciona o carro e nós descemos, indo até o local. Estava vazio.

— Olá? — Sav entra primeiro procurando alguém.

— Oi! O que fazem aqui novamente, garotos? — o atendente vem até nós.

— Bom, tem algo aqui que precisamos pegar, de volta. — falo meio sem jeito.

— Ou é de Joalin, ou de Johanna, se facilita em algo falarmos nomes. — Any explica.

— Ah, sim! — diz indo até um balcão e pegando um envelope. — Aqui está.

— Oh, obrigada. — Sabi pega o objeto e fica o observando. — Tem nossos nomes! — diz empolgada.

— Bem, qualquer coisa, podem me chamar. — ele se retira e o agradecemos.

A garota olhava muito para o que tinha em mãos. Aposto que todos entendemos do que se tratava.

— Não.

— O quê?

— Johanna pediu para entregarmos à ela. Lin provavelmente desistiu de nos dar isso. — respondo olhando para a garota.

— Eu não me importo. — dá uma pausa. — Mas espero que ela me desculpe. — se encaminha para nossa mesa com a carta em mãos e a seguimos.

Nos olhamos e antes de conseguirmos falar algo, ela nos interrompe.

— Olha, eu sou a mais velha aqui, mesmo que todos sejam maiores de idade. E eu decidi que essa carta vai ser lida, então, ninguém vai tentar nada. — aponta para cada um de nós. — Ou eu mordo vocês!

Ficamos quietos durante um tempo. Por que uma ameaça em nível de uma criança de cinco anos foi tão certeira?

Pego o envelope de sua mão e o abro, e os quatro vem até o meu lado.

— Ufa, obrigada, Sabi. — ela e Sav fazem um toque.

— Ok, silêncio. — Josh diz e me dá um tapa leve para que começasse a ler.

Suspiro devagar.

Josh, Noah, Any, Sabina e Savannah,
ou minha segunda família,

Essa despedida enche meu peito de dor e o esvazia de ar. Jurei a todos no céu que jamais faria isso, muito menos que seria a primeira. Não deveria existir uma ordem, pois isso nunca deveria acontecer.

Sei que podem não gostar, e isso parecer clichê, mas foi melhor assim. Sem despedidas, sem choro abraçados, sem algo que pudesse me fazer sentir mal por ser minha culpa.

Ainda verei o sucesso de vocês, de qualquer lugar do mundo. Disso não tenho dúvida. Ainda sentirei o amor que sentem por mim e o que tenho por vocês.

Sav, a constelação mais bonita que já vi. Muito obrigada por todos os conselhos, risadas, broncas, filmes, cafés, segredos e mais. Não tenho palavras para medir o orgulho que tenho da minha pequena adulta. E isso foi carinhoso do jeito que você gosta. Eu te amo, obrigada pelo apoio de sempre.

Sabi, minha estrela cadente, devo te agradecer principalmente por ter sido tão boa comigo desde o primeiro segundo que soube da minha existência. Por ter sido a "rainha do drama" mais legal que já vi. Por ter sido você, acima de tudo. Eu te amo muito, obrigada por tanto.

Any, o Sol. É tão incrível saber o quanto você tem evoluído em todos os sentidos e que eu estou acompanhando isso de perto. Obrigada por ser a melhor amiga que nunca pensei que teria, por estar tanto tempo ao meu lado, por ser sincera e atenciosa sempre com todos nós. Me orgulha muito todo o seu esforço para seguir seus sonhos. Me orgulha saber que nunca se intimidou com comentários negativos e que, por mais errados que estivessem, você nunca revidou com ódio. Eu te amo demais.

Josh, a Lua. Nunca lembrei de agradecer por ter me feito conhecer os nossos melhores amigos. Por não ter me feito desistir dos meus sonhos, porque você sabia que o caminho era difícil, e sabia que o final que importava. Por ter cuidado de mim sempre. Por ter me amado e aceitado até quando estava errada. Também não lembro da última vez que disse que você é o melhor primo irmão que alguém poderia ter. Mas sabemos que é isso e bem mais. Eu te amo, obrigada por existir.

E, Noah, sabe de tudo que quis falar para você durante tanto tempo.

Perdoem as marcas de lágrimas, só consigo chorar quando não estão perto.

Eu amo vocês, mais do que demonstro, mais do que imaginava, mais que tudo.

─── Joalin.

Fico olhando a carta ainda em transe, sentindo uma angústia e aperto no peito. E ouvindo choros ao meu lado, me sentindo um idiota por fazer a ida de Joalin parecer o velório dela.

— Calma, calma... — ouço Any dizer abraçada à Sav, ambas abatidas com tudo.

Abraço a primeira e Josh, que cuidava de minha prima.

— Ela vai ficar bem. — ele fala.

— Sei que vai, só soa muito egoísta dizer que eu não. — responde entre soluços.

— Também vai. Ainda temos uns aos outros.

— E ainda temos ela também! — Any se estica para limpar a lágrima da garota.

Ouvimos um celular tocar e Josh se mexeu para pegá-lo, Sabina, então, se deitou em meu ombro.

— É minha tia.

Prestamos atenção.

— Alô? — o esperamos dizer alguma coisa. — Claro, podemos sim... Não se preocupe, iremos logo... Tchau, tia. — guarda o celular.

— Então?

— Lin esqueceu uma mala. Temos que levá-la para o aeroporto.

— Não quero ir até a casa dela sem ela estar lá. — Sabi fala, limpando o rosto.

— Minha tia foi ver uma amiga e está com a bagagem lá. Sei o endereço, é perto daqui. Vão comigo?

Nos entreolhamos e vamos juntos até o carro.

Sinceramente, nunca fui a um enterro, mas a energia é igual a que pairou entre nós. Não precisávamos dizer o quão tolos nos sentíamos.
Chegamos em menos de dez minutos.
Nossa melancolia me incomoda por nunca ter sentido isso quando o assunto é Joalin.

Ajudamos as meninas a descerem e andamos até a casa.

— Píer da Praia de Manhattan. É um belo endereço. — Any olha em volta e concordamos.

Uma mulher parece procurar por alguém e, quando nos vê, vem até nós com uma mala.

— Oi! Digam que são os amigos de Joalin! — assentimos. — Que ótimo! Johanna está me ajudando com alguns problemas em minha casa. Pediu que os entregasse. — apontou para o objeto em seu lado.

Em seguida acenou, indo embora. Acenamos de volta. Segurei a risada quanto a sua pressa.

— Estou cansada. Podemos ir logo? — Sav pergunta puxando a mala e quase ficando para trás.

— Deixa que eu ajudo. — Sabi pega na alça e tampouco consegue. — Isso dificilmente irá para Austrália...

Josh faz uma cara estranha e tenta abrir a mala. — Tem um papel saindo do bolso.

Ele pega e o lemos juntos.

"Eu disse que não precisava de despedidas."

Uma interrogação surge em nossas cabeças.
Tentamos abrir a mala o mais rápido possível.
Nos olhamos frustrados.

— O quê? Só tem porcarias! — a mais velha diz. — Plástico bolha, papel picado, papelão...

— Tem que ter algo aqui. — foi a vez de Josh nutrir esperanças.

Ele remexe os papéis. Vejo um inteiro e o pego.

— "Na minha outra vida, estarei ligada a vocês. E nessa, continuarei. Basta olhar em volta."

Vimos uma multidão se formando na parte grande do píer e fomos até elas. As pessoas começaram a aplaudir.
Era uma apresentação de breakdance pela música que havia se encerrado a pouco.

A garota começou a agradecer se curvando.
Depois se levantou. As pessoas começaram a ir embora depois dela se despedir.

A garota da apresentação de dança e que se levantou depois de agradecer era ela. Ela.

Joalin estava ali, fazendo o que mais amava no mundo.

E eu estava ali, estático, vendo a garota que mais amava no mundo na minha frente.

Josh, Sabina e Savannah correram até ela, a fazendo cair com o abraço.

Any estava emocionada, porém tão paralisada quanto eu. Ela acariciou meu braço.

Os três a ajudaram a levantar e ela deu um abraço individual em cada um. A cacheada vai a passos lentos até Lin, que anda até ela e abre os braços.

Foi a primeira vez que ouvi, no dia inteiro, o choro da minha melhor amiga, mesmo que ele fosse curto. Elas duas sentiam as mesmas coisas, acredito. Era engraçado pensar que foi um choro curto, ambas nunca foram de chorar.

Elas se desvencilham e Any vai até Josh, que acolhe a namorada.

Abri a boca para falar, mas a fechei, olhando nos olhos de Joalin, não acreditando muito no que estava vendo.

Ela inclinou a cabeça sorrindo. Apertei os olhos o máximo que pude, porque não queria que as lágrimas caíssem.

Os primeiros passos que eu dou em sua direção são tímidos. Meu coração estava acelerado. Por dentro, estava mais feliz do que nunca estive em minha vida. Ela vinha mais depressa em minha direção e parou, me esperando. E quando cheguei perto, paramos a centímetros um do outro.

Sua respiração estava tão tensa quanto a minha. Quando demos um sorriso tímido um para o outro, senti que ambas se acalmaram.

Finalmente a abracei. Um abraço forte e longo. De quem tem medo de deixá-la ir e de quem não vai deixar que isso aconteça. Que eu não queria que acabasse. Um dos melhores abraços que já recebi. E ficamos assim, sentindo um ao outro, com a respiração em sintonia.

Nos soltamos e juntamos nossas testas, fechando os olhos.

— Eu não iria conseguir. — diz, com a voz levemente trêmula. Era nítido sua tentativa de disfarçar seus sentimentos em público.

— O quê? — abro os olhos.

— Viver longe de vocês, de você. — sorri e abre os olhos. — Nem se eu tentasse ou quisesse. Eu prometi.

Sorrimos ao mesmo tempo e limpo suas lágrimas. Nos abraçamos novamente.

— Por favor, nunca mais faz isso com a gente. — Sabi abraça a garota e os outros três riem. Nos desvencilhamos.

— Não irei. — ajeita o cabelo dela. — Vocês não iriam parar a vida por mim, eu não deixaria.

— Iríamos sim. — Savannah abraça a prima, que a apoia acenando com a cabeça.

— E seu sonho de fazer um musical, Sav? Não iria realizá-lo porque fui embora? — ela ri.

— O importante é que você não foi. — Josh faz um hi-five com a prima. — Então, e o meu tio?

O sorriso dela diminui, mas não desaparece.

— Estou muito feliz por não precisar conviver com sua segunda família, que é repleta de esnobes. — rimos. — E devo alguns milhares de dólares a ele agora.

Rapidamente nos entreolhamos preocupados.

— Não se preocupem. Minha mãe e eu nunca precisamos do dinheiro dele, mas ele ainda é meu pai. Eu não vou usufruir de nada, mas serve de lição por todos os anos em que ele sequer me telefonou. — dá de ombros. — Se ele ainda quiser tudo de volta, tudo bem, tenho esse dinheiro guardado. — responde.

Ficamos em silêncio durante alguns segundos.

Any dá duas tosses falsas. — E você sempre vai ter nossa ajuda e apoio. Abraço em família?

Nos abraçamos forte, comemorando as coisas voltarem a ser o que sempre foram.

— Estão com as roupas que eu dei para vocês! — diz animada e rimos, continuando a andar em direção ao início do píer.



— Onde eles foram? — questiono depois de ouvir a porta batendo voltando do banheiro.

— Lembra da mala cheia de papel? — vai para sala comigo. — Eles foram buscar.

Bato na testa. — Como nós esquecemos da mala? — rimos e sentamos no sofá.

— Eles já buscaram, estão agora comprando algo para comermos.

— Que bom, estou com muita fome. Tive um dia e tanto.

— Eu sei... — ela olha para os próprios pés. — Olha, desculpe por fazer vocês passa-

— Joalin? — a interrompo segurando sua mão e rindo fraco. — Você não precisa pedir desculpa por nada.

A mesma se ajeita no sofá virando o corpo para mim e me olha. — Eu preciso! Até o sofrimento que fiz vocês passarem foi a toa... — esconde o rosto com as mãos.

— Lin, por favor, pare de falar isso. — ela dá abertura com os dedos para me olhar. — Está tudo bem, todo mundo está bem. Nós estamos soltando fogos de artifício porque você ficou.

Ela respira fundo e ficamos um tempo em silêncio.

— Você está bem?

Franzi a testa.

— Claro que estou.

Seu rosto se torna indecifrável.

— Ah, que bom. — deu um sorriso torto. — Então, suas, nossas cartas...

— As cartas... — procuro as palavras certas e arrumo minha postura. — Tudo que eu falei ali é verdade, cada ponto e vírgula. E falaria tudo de novo se ainda pudesse.

Seu rosto ganha um rubor vermelho. Em instantes ela sorri.

— Ah, bom... — ela coça a parte de trás do seu pescoço. — Eu concordo, falaria tudo novamente. Só me sinto uma boba por ter percebido tão tarde...

Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e percebo o brinco que temos em comum, e que eu também estava usando.

Volto a pensar no que me disse.

— Por que acha que é tarde?

— Nem sei ao certo. Não acha que é?

— Para ser sincero, não.

Ela começa a acariciar uma parte do meu rosto e deito em sua mão por quase um minuto.

— Você ainda acha que é tarde? — pergunto de olho fechado.

— Definitivamente não.. — passo a olhar.

Acabo, como outras várias vezes, hipnotizado por seus olhos azuis, indecisos em saber se de fato eram daquela tonalidade ou uma quase esverdeada, que os deixava cada vez mais atraentes.

— Sabe que a amo, não é?

— É sempre bom ouvir mais uma vez, não irei mentir.

— Eu posso fazer isso todos os dias.

Ela suspira e eu tomo seu rosto em minhas mãos, e finalmente nossos lábios se tocaram, e nós nos beijamos. Não há nada como a euforia de um primeiro beijo. Parecia que meu coração poderia estourar no peito. Continuamos nos beijando, longo e lentamente, comigo a puxando para mais perto, tendo cuidado em não ser grosseiro de algum jeito.

Me deito no sofá e a puxo para se deitar ao meu lado, a abraçando em seguida.

Ficamos apenas minutos sem dizer nada, em um silêncio mais do que confortável. Muitas coisas eram ditas mesmo que implicitamente.

Joalin olha para cima com uma careta enquanto pensava. Apoia seu queixo em meu peito, me olhando.

— Você é maluco, sabia?

— Por você? Achei que já estivesse óbvio.

Se passam segundos de silêncio absoluto e ela me beija.

— Eu me apaixonei pelo guitarrista romântico, oh, não! — nós gargalhamos juntos e a coloco do meu lado novamente para não ter risco de cair.

— E o que significa para você?

— Muito mais do que consigo pensar agora. E, por favor, quero um minuto sem suas frases românticas.

— Eu sei que elas abaixam a sua guarda, Joalin Loukamaa. — começamos a rir.

— Eu sabia! — Any entra junto com Josh, falando em tom de voz vitorioso. Eu e Lin caímos do sofá com o susto e o universo teve a brilhante ideia de fazê-la cair com o nariz em minha bochecha e a boca no canto da minha.

Ouço risadas dos dois de fundo, enquanto a garota me ajuda a levantar.

— Então, Noah, era assim que você esperava que fosse seu primeiro beijo? — Josh pergunta diante daquela cena patética.

— Primeiro beijo, claro. — Any responde com sarcasmo e uma pitada de malícia ao fundo. — Você me deve dez dólares. — ela diz ao namorado enquanto deixa a comida no balcão.

— É a única vez em que estou feliz por perder uma aposta.

Ela dá um selinho nele.

— O que apostaram? — Lin pega o que Any lhe dá e agradece com um sorriso.

— Como vocês estariam quando chegássemos.

Eu e ela nos entreolhamos confusos.

— O que, específicamente, vocês apostaram?

— Vamos lá, eu apostei que vocês estariam conversando e rindo. — ela pisca. — Josh, que estariam fazendo qualquer coisa, como vendo um filme juntos. Sabi e Sav tiveram que ir até a casa de sua tia, mas elas também erraram a aposta.

Percebo que os dois estão segurando a risada.

— Isso é evasivo e humilhante. — Joalin tem um tom divertido em sua voz.

— Vocês fizeram o mesmo conosco. No ensino médio. — o primo dela responde. — É cedo para perguntar o que decidiram?

A garota lança um olhar para mim e aceno com a cabeça. — Não, não é.

— E então? — Any não pensa em conter sua curiosidade.

— Iremos tentar. — Lin responde.

Todos nós começamos a nos abraçar. Eu não imaginei que eles ficariam tão felizes assim.

— Eu ainda não sei expressar muita felicidade em palavras. — Any cobre a boca com as mãos, enquanto Josh abraça sua cintura ainda surpreso.

A prima e o melhor amigo, é compreensível.

— Uau, você escavou uma pedra até o coração dela. — começamos a rir e ele leva um soco da prima.

— Enfim, ao nosso grupo? — levanto nossos hambúrgueres para que brindássemos com eles.

— Ao nosso grupo! — falamos em uníssono.

E para sempre nosso.

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